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Pantanal - Vida, Versos, Ecologia - Poemas-2

Fauna e flora do Pantanal sul-mato-grossense descritas em versos

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Oma Lisarb PANTANAL VIDA VERSOS ECOLOGIA À Nilva que, em todos os momentos, Incentivou-me a vencer dúvidas e tormentos, A vislumbrar a vitória lá muito além, Dedico com amor de quem ainda está aquém. INTRODUÇÃO Descrever em versos simples e honestos As belezas e as espécies da Fauna e Flora Do Pantanal, já não o mesmo de outrora, Pela depredação em atos selvagens e funestos, É a proposição deste modesto trabalho. É de pouco alcance, de fôlego curto, De uma bibliografia mínima, sem lustro, Mais de um itinerário pessoal, falho, Narrando os tipos comuns, com ligeireza, Associados ao seu habitat, à ecologia, Com alertas à dizimação, à procria, À conservação de um mundo de riquezas. Fez-se uso da linguagem e texto poético, Pois a poesia e a beleza ali formam um todo, E a realidade a tudo se irmana, em tom estético. Ademais, a muitos os versos têm o dom de dizer O belo e o real, de conscientização, de agrado, E o fiz de modo simples, solto, ritmado E que prenda a atenção a quem sua leitura fizer. No final dos títulos ora abordados, Há, em prosa, um pequeno glossário Que, ora num linguajar quotidiano, Ora numa forma meio técnico-científica, O espécime, a família e a ordem explica Do que , com muito prazer,é narrado. O PANTANAL Jacarés, sucuris, emas, piranhas, capivaras, Onças, piaus, peixes diversos, jaburus, Antas, macacos, periquitos, seriemas, araras, Ariranhas, gaviões, aves de rapina, urubus, Cervos, patos selvagens, gralhas, tamanduás, Colhereiros, maracanãs, sanhaços, juritis, Cobras, teiús, lagartos, camaleões, biguás, Caturritas, jaguatiricas, insetos, quatis, Garças, tucanos, répteis, lagos, lagoas, Rios, corichos, baías, banhados, barcos, botes, Gaiolas, lanchas, batelões, rústicas canoas, Matas, campos, pastagens nativas, ilhas em lotes, Pindaíbas, planícies, fazendas, fazendões, Rebanhos enormes, cardumes, solo de fertilidade, Boiadeiros, fazendeiros, ribeirinhos, peões, Santuário ecológico, riqueza da humanidade, Luta contínua para se preservar a vida total, Isto e muito mais que isto é o Pantanal. FLORA E VEGETAÇÃO Ipê-roxo, ipê-amarelo, Cedro, jequitibá, aroeira, Tamburi, angico, amoreira, Jatobá, sucupira, guarantã, Leiteiro, louro-preto, emburana, Árvores estas encontradas Nas matas perto da região serrana. Angiquinho, pau-terra, Balsimim, didal, lixeira, Pára-tudo, araticum, Pororoca, pimenteira, Óleo, pombo, guatambu, Junto a capão-seco, cerrados, E as palmeiras buriti E carandá, nas várzeas e prados. Nas margens dos rios E nas pindaíbas encaracoladas Vêem-se imbaúba, sarã, Sangra-d'água, ingazeiro, Cedro-do-brejo, vidro, Canela-de-cutia, figueira. Capim-mimoso, capim-flecha, Capim-membeca, gramas nativas, Navalha, samambaia, musgo, Taquari, taquara e vegetação ampliada Própria do Pantanal, no seu todo, Celeiro de riqueza quantitativa. ANIMAIS Tamanduá-mirim, paca Tamanduá-bandeira, queixada, Tatu-peba, tatu-galinha, Tatu-bola, ouriço-cacheiro, Anta, irara, onça-parda, Suçuarana, onça-pintada, Canguçu, jaguatirica, Cutia, cateto, porco-monteiro. Guará, cervo, lobinho, Mão-pelada, cachorro-do-mato, Raposinha, capivara, Veado-campeiro, quati, Lontra, gambá, macaco, bugio, Bicho-preguiça, jacaré, sinimbu, Tartaruga pequena, jabuti. Cobras sucuri, cascavel, jararacuçu, Jararaca, cipó, coral, Boca-de-sapo, caninana, capitão, Duas-cabeças, cega, urutu; Lagartos, calangos, lagartixas, Teiú, sapo, perereca, cururu. Muitos outros animais Vivem no grande Pantanal, Ameaçados à destruição Por assoreamentos, derrubadas, Coureiros, garimpeiros, Predadores, usinas, queimadas. AVES Pato-selvagem, marreco, Frango-d'água, biguá, Sem-fim, saracura, socó, Anhuma, sanhaço, cafezinho, Martim-pescador, bem-te-vi, Papa-sebo, joão-de-barro, sabiá, Quero-quero, alma-de-gato, Japuíra, curicaca, monjolinho. Ema, seriema, mutum, Jacu, jacutinga, nambu, Juriti, pomba-avoante, Rolinha, fogo-apagou, perdiz, Jaó, gavião, caracará, Pinhé, carancho, urubu, Arara, periquito, papagaio, Maracanã, caturrita, codorniz. Tuiuiú, tucano, garça, João-pinto, colhereiro, Pintassilgo, acauã, Tico-tico, araçari, tropeiro, João-bobo, beija-flor, Anu-branco, araponga, tesoureiro. Pássaro-preto, urutau, Anu-preto, pardal, canário, Centenas de aves pernaltas, Canoras, pássaros lendários, Todos têm no Pantanal O seu mais lindo santuário. VIVEIRO Local escolhido pela passarada Para uma sempre aconchegante pousada, Árvores copadas, frondosas, Fora do brejo, no capão-de-mato, Dormitório de garças, socós, Tuiuiús, colhereiros, patos, Biguás, marrecos, araras, Aves tantas, todos tipos, ousadas. Cada espécie, com cantos E alegres folguedos peculiares, Pousa nos seus galhos, Previamente adquiridos e reservados, E uma algazarra gritante, Desarmonia, sons desconcertados, Instalam-se ali, naquela hora, Na hospedaria de árvores seculares. Na calada da noite de lua, Faz-se um silêncio quase total, Salvo alguns piados chorões De quem há pouco deixou o ninho, Acostumado até então Com trato e maternal carinho. Bem cedinho, ainda de madrugada, Começa a gritaria e folia total, E já bem despertados, agrupados, Todos partem para a faina vital, Deixando em gritos o viveiro, Grande continuidade da vida ao Pantanal. PEIXES Pacu-prata, pacu-peva, Pacu-gamela, pintado, Jurupoca, jurupensém, Surubim, piquira, Cachara, armau, arraia, Cascudo, dourado, Lambari, sauá, piau, Piranha, traíra. Bagre, mandi, piaba, Tubarana, cará, jaú, Curimbatá ou papa-terra, Piraputanga, piavuçu, Muçum ou peixe-cobra, Liso e bom para iscar E muitas outras variedades, Todas de bom paladar. Peixes de escamas, coloridos, De couro, sempre gulosos, Abundantes em todas águas Da vastíssima planície, Peixes de espinho, grandes, Sem espinho, saborosos. Na piracema, os cardumes Vão para as nascentes E, para a conservação De todas as espécies, É proibido pescar com redes, Tarrafas e apetrechos massacrantes. O JACARÉ Sáurio da espécie Caiman, Réptil sagaz, de força e voraz, O jacaré é o habitante Mais comum do grande Pantanal; Povoa lagos, lagoas, baías, Rios, corichos, até canal; É ágil, traiçoeiro, fingido, Teimoso, veloz, audaz. Sua carne é saborosa, Pele de muitas utilidades, Reprodução difícil, natural, Só nas condições do seu habitat; Devorador de piranhas, Ataca se faminto está, Ou defende-se com rabanadas, Mordidas, covardia, sutilidades. Para auxiliar a digestão, Pois come demais, deita-se ao sol, Na praia, barrancas, no seco, Em algum lugar qualquer, Com ar de arrependido, lacrimoso, Por engolir mais do que se requer. Jacaré-de-papo-amarelo, Jacaré-preto, jacaretinga Ou branco, é o equilíbrio, Elemento indispensável, de escol, À perpetuação ecológica Nos pântanos, alagados e restingas. O Guará Mamífero elegante, Cabeça de cachorro, Clinudo, avermelhado, Semelhante a um potranco, O guará é um lobo Que corre aos trancos, Seu uivo é um sopro rouco, Vive em pachorra. Seu prato predileto São aves, em geral, Principalmente galinhas, Quando à noite nos poleiros, Atraídas por seu olho forte De raios certeiros, Pois é hipnotizador nato E sutil em potencial. Quando atacado e perseguido, Defende-se com unhas e dentes, Antes, porém, empreende fuga Que é lenta, mas de rendimento, E se apanhado ou encurralado Torna-se muito feroz e valente. Mesmo em extinção, Pode-se vê-lo no Pantanal, Caracterizando-se por viver livre, Nunca em cativeiro, um detento, Precisa ser resguardado No ambiente próprio e natural. A Garça Branca e majestosa, pernalta, A garça anda faceira e vagarosa Na água rasa dos rios, Baías, pântanos e igarapés, À procura do alimento: Um peixe pego junto ao pés, Trabalho que exige perspicácia, Muita paciência e atenção cautelosa. Se vê o perigo por perto, Voa quieta e sorrateira, Pousando no galho não-distante Da imbaúba, com postura; E aí, aguardando, ganha tempo, Engraxando, hábil e sobranceira, As grandes penas, fofas plumas, Adornos alvos, de candura. Em bando, faz revoada, Verdadeira nuvem branca, Que a visão do turista Atrai, contagia e fascina, Sombra ágil e pura Que, circulante, se aproxima. À tardinha, ao secular viveiro, Para o merecido e bom pernoite Retorna, alegre, gazeando Em coro, esperançosa, sem bronca, Ao novo dia de vida, Pleno, sem risco e sem açoite. TAMANDUÁ-BANDEIRA Mamífero desdentado, Cabeça alongada, Tromba e cauda formando Enorme penacho escuro, Língua comprida e vermiforme, Pêlo grande e duro, Alimenta-se de insetos, Unhas torcidas e afiadas. Anda pelos campos, Não gosta das florestas, A fêmea carrega o filhote Agarrado no cangote; Quando encontra casa de cupim Ou um formigueiro, faz festa; Lento, passo largo, não corre, Apenas um desconjuntado trote. Manso, se atacado Defende-se furiosamente, Fica em pé, abraça O agressor e, fortemente, Crava-lhe as unhas, Até que a morte o elimine. O Pantanal com seus imensos Campos limpos e várzeas, É o lugar típico a que O tamanduá não se extermine; E ele é útil, controlador ambiental, Humilde, sem instintos vorazes. A EMA Ave de grande porte Semelhante ao avestruz, A ema é encontrada nos campos, Cerrados, prados e planícies; No Pantanal, em meio A pernaltas de outras espécies, É tão veloz quanto a bala Detonada de um arcabuz. Não voa pelo peso E por ter asas rudimentares, Suas penas são macias Quais verdadeiras flâmulas; Alimenta-se de répteis, Folhas macias, tarântulas, Outros insetos e, ainda, Engole metais e talheres. Quando o ninho é visado Pelo fogo ameaçador, Corre, célere, à água próxima; Molhando as plumas e asas Umedece a relva seca, Fazendo aceiro ao destruidor. De índole passiva, Grasnado em trovoada, A ema vive em bando, Freqüenta águas rasas, Imprescindível ao equilíbrio Da campina, do campo, da invernada. PORCO-MONTEIRO Porco doméstico escorraçado, Que se tornou feral, Suíno outrora manso, Agora temperamento de javali; Sozinho, aos bandos, Em todo o Pantanal É encontrado nos campos, Charcos, brejos de buriti. Perseguido quando leitão, É caça fácil aos montes, Castrado e colocado No chiqueiro para engorda; A fêmea é redomesticada, À procriação uma boa fonte, Vivendo, já mansa, Sem cercas e sem cordas. O reprodutor adulto É sanguinário e mordaz, E o agressor enfrentando Com presas longas e afiadas, Estraçalha tudo à sua frente, Em ato frio e contumaz. Caso há de um reprodutor, Cachaço de uma manada, Ter o pneu de um jeep cortado, Atacando ferozmente um caçador, Em defesa de sua raça E do habitat cobiçado. A SUCURI Espécie de ofídio que habita Rios, pântanos, brejos e lagoas, Tem a sucuri nos grandes alagados O seu reino, lugar peculiar; Pachorrenta, ardilosa, Fingindo, andando à toa, Gigantesca, elástica, com perfídia, Está sempre pronta a atacar. Sua presa: a capivara, o veado, O cervo, o porco monteiro ou bezerro, É atraída e enleada com rapidez; Com voltas pegajosas e arrochantes, Quebram-se-lhes os ossos, Ouvem-se horripilantes berros, É a morte que está chegando, Um corpo babado e engolido em instantes. Nas sedes e retiros das fazendas, Mansa, confiante, sem-vergonha, A sucuri sobe, à noite, Nas laranjeiras, árvores e poleiros E a galinha ou outra ave incauta Enrola, cai com ela ao chão e abocanha. Sucuriju, sucuriú, sucuruju, Nomes todos bem brasileiros Lembram o gigante dos charcos, A cobra lenta e descomunal, Contudo sempre importante e útil À já combalida ecologia do Pantanal. O JOÃO-DE-BARRO Ave passeriforme Do Brasil meridional, O amassa-barro, O "pedreiro da floresta", Ei-lo também nos prados, Nos campos do Pantanal, Nas sedes das fazendas, Nos retiros, sempre em festa. A casa ele a faz Na tronqueira do velho curral, No jatubazeiro da manga, Na figueira do gramado, Com arte, duas peças, Porta contra o vendaval, Às vezes, assobradada, Sobre a dos anos passados. Inteligente, amoroso, Fiel, sempre com a companheira; Dizem que, certa vez, Trancou-a com outro parceiro, Por infidelidade, no quarto, Em ação silenciosa e ligeira. Alimenta-se de insetos, Nunca destrói plantação; Quando não está trabalhando, Canta alegre nos terreiros, Tem cadeira cativa Em toda a vasta região. O CERVO Ruminante majestoso, Da família dos cervídeos, Mamífero agigantado, Popular veado dos pântanos, De velocidade superior À dos bons eqüídeos, O cervo é galheiro, Animal de muito espanto. Seu couro resistente É preparado para laço, De que se orgulha o pantaneiro Na arriscada lida do gado, E o boi ou outra rês qualquer, Mesmo em curto espaço, Uma vez com arte laçado Jamais arrebenta o trançado. Pacífico, esbelto, avermelhado, Adentra o brejo, o alagado À procura de capim tenro, Macio, sedoso e difícil, Mas nunca se deixa tomar Por uma presa fácil. Já quase totalmente Em fase de dizimação, O cervo que necessita De lugar apropriado, Tem no Pantanal vasto O habitat à sua proliferação. A PIRANHA Peixe carnívoro, abundante, De ferocidade sempre presente, Cardumes numerosos, Vivendo em rios e lagos, A piranha, com o maxilar Inferior grande, saliente E dentadura afiadíssima, Devora animais aos rasgos. As águas pantaneiras Têm-nas aos milhares, São encontradas desde Os grandes rios aos pirizais; Atraídas por sangue Atacam bovinos e muares, Na travessia das correntezas, Nas baías e nos tremedais. Um pedaço de pano vermelho, Bem apetrechado no anzol, É isca barata e excelente Na pesca da faminta piranha, Só é necessário cuidado Ao tirá-la, pois abocanha. "Em rio de piranha, Jacaré nada de costa", Mas no Pantanal, Mesmo digerindo ao sol, O jacaré tem na piranha Um prato de que gosta. A CAPIVARA Mamífero roedor, Cabeça avantajada, Orelhas pequenas, Herbívoro esperto, A capivara de até um metro, Sempre muito espantada, Atira-se louca à água Se há barulho perto. Carne saborosa, Quando bem preparada, Almôndegas ao molho Em mistura com carne bovina, É prato excelente, apetitoso, Água na boca da peonada, E do couro bem curtido Fazem-se sapatos e botinas. Também em bando, A capivara povoa Os rios pantaneiros, Lagos , baías e lagoas, Em busca de alimento, Capim verde, pé de arroz. Para os pequenos lavoureiros É um tormento atroz, Todavia o Pantanal a acolhe, Dá-lhe espaço e recursos, E assim sua multiplicação Está sempre em bom curso. O TUIUIÚ Ave pernalta gigante Que povoa o Pantanal, O tuiuiú, desengonçado, Pescador atento, vôo alça E, qual aeronave, Com aceleramento tal, Decola firme aos poucos, Sustenta-se no ar com graça. No papo leva o peixe Pego no alagado E, rumo à velha piúva Mais alta do local, Onde os filhotes esperam-no No velho ninho emplumado, Voa tranqüilo, confiante, Com ar satisfeito e paternal. Pousa sereno, sem problemas, E o alimento fornece à ninhada Que, de inquieta, já dorme, Uma vez a fome saciada, E o pássaro branco e preto, Do alto do galho, ao longe deslumbra A imensidão da planície, Sem nenhuma nuvem ou penumbra , A grande fartura de alimento, A ameaçada paz e a realidade De um mundo pleno e natural Que, se preservado, é felicidade. ONÇA PINTADA Mamífero felídeo, Fera temível da América, Pulando grandes alturas, É ágil e ferocíssima caçadora; Atravessa grandes rios, É uma exímia nadadora, Ameaça o homem Em caso de réplica. Ainda que quase em extinção, É sempre no hospedeiro Pantanal Que a onça pintada Dá largas à sua multiplicação; Porcos-do-mato, capivaras, Veados campeiros são refeição, Mesmo bezerros e novilhos. Quando no limpo, fora do matagal. Faminta ao extremo, a onça Ataca presa de grande porte, Come uma parte, a melhor, A outra leva a seus filhotes, E se ainda há sobras, Cobre-as, usando as patas. Afugentada pelos fazendeiros, Embrenha-se, cada vez mais, Nas matas,e sua pelagem amarelada Com rosetas pequenas e pretas Atrai compradores fanáticos Ao seu couro, de muitas pesetas. FINALIZANDO Descrever o Pantanal é algo de difícil, De horizontes e amplidões na imensidão De uma planície de águas e vidas mil, De conhecimentos vastos, sem ficção, Em que do particular ao geral falar-se-ia Das irmãs Fauna e Flora, em eqüidade, Sem discriminação, descrição sem porfia De ambas, de maneira simples, na totalidade. Contudo, a tanto nos faltou visão e talento O que nos leva a pedir escusas Pelo trabalho que não esteja a contento De todos quantos o lerem às escuras, Pois há ainda tantas belezas e encantos tantos De que se podem escrever livros e contos, E neles pensando tenho de enxugar os prantos, Pois de lágrimas se encheram dos meus olhos os cantos. O PANTANAL Grande planície localizada a Sudoeste dos Estados de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul. Possui, aproximadamente, 220 metros de altitude, 680 km de extensão, de Norte a Sul, por 200 km de largura, em alguns trechos. Limita-se ao Sul, leste e Norte com encostas e escarpas que formam a borda ocidental do Planalto Central. A Oeste, em território paraguaio, encontram-se elevações pertencentes ao sistema andino. É uma região de rochas cristalinas, coberta por uma camada fina de sedimentos quaternários, de que emergem alguma elevações, entre as quais o maciço de Urucum. A denominação dá a falsa impressão de uma área permanentemente alagada e pantanosa, quando, na verdade, é inundada pela cheia do rio Paraguai e seus afluentes Miranda, Aquidauana, Negro, Taquari, São Lourenço e, ainda, o Cuiabá, na época das chuvas de verão. O solo é argiloso ou arenoso; seco, quando livre das inundações. É revestido de gramíneas que constituem excelente pastagem.Os campos, em sua maioria, são do tipo cerrado, mas são encontrados, também, campos limpos, matas, capões e um tipo de vegetação arbustiva denominada "bosque chaquenho". É uma das principais regiões pecuárias do Brasil. Exporta gado para as invernadas paulistas e serranas de Mato Grosso do Sul. É comum a distinção de subdivisões no Pantanal, com as denominações de Pantanal do Cuiabá, Pantanal do Taquari, Pantanal do Miranda, Pantanal do Rio Negro etc. A mais conhecida é a Nhecolândia, na região de Corumbá. Suas cidades principais são Cuiabá, Corumbá, Cáceres e Porto Murtinho. FLORA E VEGETAÇÃO Flora é o conjunto de plantas de uma determinada região. Pela quantidade das espécies, a flora pode ser rica ou pobre.A flora se condiciona não só ao clima e ao solo, como também às barreiras geográficas. As plantas ou vegetais desenvolvem-se progressivamente, daí a denominação de vegetação a estes tipos de vida, que se dividem em: a. vegetais anuais - vegetais que terminam seu ciclo de reprodução em um só período vegetativo; b. vegetais bienais - vegetais cuja floração e frutificação ocorrem no 2º ano de vida; c. vegetais hidrófitos - vegetais que se desenvolvem, que vegetam nos lugares úmidos; d. vegetais mesófitos - vegetais que habitam em solo de mediana umidade; e. vegetais perenes - vegetais que têm a propriedade de florescer e frutificar anualmente, sem cessar o seu crescimento vegetativo; f. vegetais xerófitos - vegetais que se desenvolvem em lugares onde a provisão de água é baixa e a evaporação é elevada, apresentando características que visam à economia de água. São vegetais de climas áridos. ANIMAIS Seres organizados que sentem e que se movem. Os animais são providos de visão, ouvidos, tato, paladar, centros nervosos, músculos, movimentos rápidos para a prática da corrida, vôo, salto e outras atividades. Possuem aparelho respiratório sangüíneo que conduz a todas as partes do corpo os alimentos digeridos e o oxigênio e reconduz os produtos de excreção para certos órgãos ou canais especiais. Os animais reproduzem-se por dois sexos separados e ou por oviparidade. AVES Animais vertebrados de corpo coberto de penas e bico córneo, de respiração pulmonar e sangue quente, de membros superiores que utilizam para andar e asas apropriadas para vôo. As aves, em geral, possuem quatro dedos nos pés. Em relação ao seu tamanho, são leves. São providas de músculos peitorais fortes para o vôo. Não são possuidoras de dentes e sua visão é bastante desenvolvida em consideração a outros órgãos dos sentidos. Seu aparelho digestivo é completo, podendo se alimentar de carnes, insetos, frutos, grãos de sementes e vegetais.Algumas são onívoras. As aves se dividem em "palmípedes, colombinas, pernaltas, pássaros, trepadoras, galináceas, corredoras, rapaces", em conformidade com suas características. Sua reprodução é feita por ovos de casca calcária. O ninho é o lugar onde os pais chocam os ovos com o calor do corpo. O filhote recebe o alimento dos pais pelo bico. De acordo com a espécie, algumas são sociais e outras de migração. Chegam a percorrer 10.000 km por ano. São conhecidas cerca de 20.000 espécies. VIVEIRO Jatobazeiros gigantes, ingazeiros copados, grupos de árvores em local seco formam os viveiros - hospedaria a toda espécie de aves. Aí, elas, em grupos, ao longo de sua existência, repousam, após a luta diária para a sobrevivência. Em todo o Pantanal, há esses viveiros, que nem sempre são o local dos ninhos, pois há o perigo dos predadores entre as próprias aves que freqüentam o viveiro. Este é o retrato vivo da pujança do Pantanal. PEIXES Vertebrados aquáticos , que respiram por meio de guelras. Seu corpo comumente é coberto de escamas e barbatanas, que lhes garantem equilíbrio e propulsão. Os peixes formam uma classe no ramo dos vertebrados. Existem, aproximadamente, vinte mil espécies de peixes, de água doce e de água salgada. Sumariamente explicando, há dois grupos de peixes: os peixes teleósteos, ou peixes ósseos, possuem esqueleto ossificado, boca terminal, escamas chatas, cauda invertebrada, pequenos ovos; e os seláquios, ou peixes cartilaginosos. sem esqueleto ósseo, boca ventral, escamas pontudas, cauda de lóbulo superior vertebrado, ovos maiores. Os peixes constituem um alimento bastante nutritivo. São providos de diversas utilidades na indústria. O JACARÉ Réptil da ordem dos Crocodíleos, espécie Caiman. Seu habitat, quase que exclusivo é nas águas. Caracteriza-se pela sua agilidade e supremacia. No Brasil, é encontrado no Pantanal, na Bacia Amazônica e na do São Francisco. Forte e tenaz, sua couraça é provida de rijos e resistentes escudos. Possui dentes fortes e, à medida que se gastam, são substituíveis. Nos pés, se concentra sua maior arma, constituída de fortes garras. Aproveita de sua cauda serrilhada para chicotear e para prender um inimigo, girando-o e atordoando-o. Suas dimensões variam conforme o habitat e a espécie ou sub- espécie. Numa só postura, o jacaré fêmea põe de trinta a quarenta ovos oblongos, desenvolvendo sob a folhagem e o húmus, ao calor do sol. Sua pele é utilizada no fabrico de vários artigos de luxo; sua carne serve de alimentação. Conforme a crença popular, os dentes do jacaré são considerados protetores da dentição infantil, admitindo que o uso, pela criança, de um dente de jacaré, encastoado de ouro, em colar ou pulseira, proporcionar-lhe-á belos dentes, difíceis de cariar e isentos de dores. O GUARÁ Carnívoro fissípide, pertencente à família dos Canídeos, Chrysocron bachyurus. Suas pernas são esguias e altas. Sua cabeça é longa, de orelhas grandes. Sua cor é, na maioria das vezes, parda avermelhada, mais escura na região dorsal e mais clara na ventral. Suas patas são escuras. Vive em campos sujos e banhados. Alimenta-se de aves. É semelhante a lobo. No Brasil, é a mais bela e elegante espécie dessa família. É encontrado, também, na Argentina e no Paraguai. Recebe a denominação de lobo, aguará e aguaraçu. A GARÇA Ave pernalta, pertencente à família dos Ardeídeos. As garças possuem pescoços, bicos e patas longas. Vivem, principalmente, às margens de lagos e rios e se alimentam de peixes, batráquios e determinados vegetais aquáticos. Existem vários tipos de garças, como a Leucophoyx Candidissima, a Agamia Agami, a Florada Caerulea e outras. A Leucophoyx Candidissima (ou garça menor) possui uma plumagem alvíssima. Habita a região amazônica e vários países sul-americanos. A Agamia Agami, alcança até 60 cm de comprimento. Sua plumagem possui coloração matizada com um negro luzidio. Habita, de modo especial, o Amazonas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Peru e Equador. A Florada Caerulea chega a medir 70 cm e várias manchas claras. Habita o litoral do Brasil e dos Estados Unidos. TAMANDUÁ-BANDEIRA Tamanduá brasileiro, de grande porte, com as características seguintes: mais de 2 metros de comprimento, 26 centímetros de cabeça, 94 centímetros de corpo e pescoço, possuindo quase outro tanto de cauda. Apresenta cor cinza escura; uma zona quase negra se dirige do pescoço; deste ao peito e ao dorso, orlada por uma listra branca estreita, ostentando uma faixa preta nas patas. Sua enorme cauda abriga- o quando dorme. Através de sua comprida língua vermiforme, apanha os insetos; sua marcha é lenta, não sobe em árvores e caminha com as mãos torcidas. É um mamífero desdentado, da ordem dos Xenartros, da família dos Mimercofagídeos. A EMA A maior das aves sul-americanas da família dos Reídeos, da ordem dos Reiformes. A espécie Rhea darwini tem na Patagônia o seu habitat, e a Rhea americana é encontrada desde os pampas da argentina até o Brasil Central. Difere do avestruz africano apenas por possuir três dedos, enquanto que aquele só possui dois. Chega à altura de 1,30m e ao peso de 40 kg. Suas asas são pequenas em relação ao corpo e não prestam para o vôo, no entanto é muito veloz. Vive em bandos e se alimenta de vegetais, insetos, vermes e pequenos animais, engolindo tudo que vê, inclusive objetos reluzentes, pedrinhas etc. É, geralmente, de cor cinzenta mais carregada no dorso e alvacenta na parte inferior. Forma alongada, com a região posterior cônica, pernas longas e musculosas. O macho é maior que a fêmea. Seus olhos são de grande mobilidade, o que permite à ave enxergar para trás, sem mover a cabeça. Cada bando de emas conta, em geral, com dez fêmeas e um macho. A fêmea, na postura, põe um ovo de dois em dois dias. Para construir o ninho, abre pequena cova no chão e recobre-a com palha.Os ovos são recolhidos pelo macho, que também se encarrega da incubação, que se prolonga por 42 dias. É ave domesticável, adaptando-se bem nos jardins zoológicos. Seu nome indígena é nhandu e nhanduguaçu. PORCO-MONTEIRO Mamífero do gênero dos Artiodáctilos paquidermos, da família dos Suídeos. É o porco comum que se tornou selvagem e é encontrado em quase todo o Pantanal. Caça fácil, é apanhado em grande escala para se redomesticar e aproveitamento da carne e da banha. As fêmeas são aproveitadas para a reprodução, em cruzamento com outros reprodutores. São fortes e pouco acessíveis às doenças dos porcos comuns. A SUCURI Serpente não-venenosa, da família dos Boídeos. Conhecida também por anaconda, é uma das maiores serpentes do mundo, chegando alcançar dez a onze metros de comprimento. Sua cor é pardo-azeitonada, com grande manchas pretas. Inúmeras escamas pequenas revestem sua cabeça. São conhecidas duas espécies: a Eunectes rinus L e a Eunectes notacus cope. A primeira, ou sucuri propriamente dita, habita a parte norte da América do Sul e a segunda, o Paraguai, Bolívia, Uruguai, Argentina e parte do Brasil. Mata a presa, envolvendo-a em seu imenso corpo. Habita as margens dos rios, sem porém perseguir uma presa dentro da água. Embora domine animais de maior porte, prefere atacar os de menor tamanho, como veados, antas e capivaras. Constitui grave perigo para os sertanistas, vitimando também crianças. O JOÃO-DE-BARRO Ave do gênero Furnarius, da família dos Furnarídeos. Habita as regiões meridionais do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai, ostentando uma cor laranjado-terroso; é provido de cauda meio avermelhada e pescoço branco. Sua principal característica é a construção de ninhos através do barro, o qual amassa, moldando-o com o bico e com os pés. O ninho abrange duas partes: uma externa e outra interna, ou seja, o ninho propriamente dito. Sua construção acontece dentro de uma semana; quando abandonado, serve de postura e choco a outras aves. Seu grito é festivo e estridente. Sua alimentação consiste numa variedade de insetos. O CERVO Quadrúpede ruminante da família dos Cervídeos, espécie Blastocerus dichotomus. É encontrado, no Brasil, principalmente no Pantanal. Come todos os tipos de ervas, brotos e plantas aquáticas. É bom nadador. É um veado-galheiro, que alcança dois metros de comprimento, o maior galheiro do Brasil. Sua carne é muito apreciada. Seu couro e chifres são empregados na indústria. É uma espécie em extinção. A PIRANHA Peixe da família dos Caracinídeos, encontrado em regiões sul- americanas, principalmente no Brasil, onde constitui verdadeira praga. Sua ferocidade é notável, havendo, porém, espécies que não causam nenhum mal. Seu tamanho é variável, não ultrapassando, todavia, 43 centímetros de comprimento e 23 centímetros de largura. As piranhas vivem em cardumes numerosos. Têm o corpo deprimido lateralmente, o maxilar inferior para frente e uma dentadura muito afiada. Carnívoras, devoram animais e homens que porventura caiam nos rios onde se encontram; também devoram peixes, inclusive os de sua própria espécie. A CAPIVARA Mamífero que pertence à ordem dos Roedores, da família dos Hidroquéridas. Possui cabeça grande e olhos espertos, orelhas pequenas. Não possui rabo e chega a um metro de comprimento. Vive nas proximidades de rios e é herbívoro. O óleo da capivara é aproveitado como medicamento para tratamento de bronquite e para as vias respiratórias. Sua carne e seu couro são aproveitados. As capivaras são acometidas pela doença Trypanosoma Equinum. Sua caça é facilitada com auxílio de cães amestrados. O TUIUIÚ Ave pernalta, o tuiuiú ou jaburu pertence à família dos Ciconídeos. Caracteriza-se por ser uma ave robusta, medindo cerca de 1,50m de altura; é dotado de bico de 30 cm, pescoço nu, plumagem branca e patas pretas, além de papada avermelhada. Seu habitat ocorre à beira das lagoas; devora animais putrefatos, notadamente peixes e outros vertebrados. Constrói seu ninho em árvores. Sua presença é encontrada nos Estados do Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, no México e nos demais países da América do Sul. ONÇA PINTADA Mamífero da família dos Felídeos; ocorre na África, América do Sul e Ásia, sendo considerada a fera mais temível da América, pois, além de ágil caçadora, consegue pular grandes alturas e atravessar largos rios. Tem hábito noturno e ameaça o homem somente quando é provocada. Constituem suas presas animais de pequenos portes: capivaras, veados, catetos etc. Possui na sua pelagem amarelada rosetas pretas em cinco séries. BIBLIOGRAFIA RONDON, J. Lucídio N. - "No Pantanal e na Amazônia em Mato Grosso", 2ª edição, Grupo Editorial C.Q., São Paulo. SUCKSDORFF, Arne - "Pantanal um Paraíso Perdido", 1984, Fundação Roberto Marinho, Rio de Janeiro. MEPI - Moderna Enciclopédia de Pesquisas e Informações, PRODAC, São Paulo. GUÉRIOS, R. F. Mansur - Dicionário Cultural da Língua Portuguesa, Gráfica Editora Paraná Cultural Ltda, Curitiba. Oma Lisarb é pseudônimo de Naôr Rocha Guimarães, nascido em Campo Grande (MS). Graduou-se em Letras nas Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso (FUCMT), com Pós Graduação em Didática e Metodologia do Ensino Superior (FUCMT), e em Lingüística Aplicada ao Ensino do Português (PUC-Belo Horizonte). Lecionou Português, Latim, Lingüística e Filologia Românica na FUCMT (l988 a l992) e na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) (l993 a 1996). No período de 1997 a 2003 dedicou-se ao Ensino Médio, ministrando Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Atualmente está voltado mais para a pesquisa e palestras sobre Relações Humanas, nas escolas e outras instituições, um trabalho totalmente voluntário.