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Modulo05 Prev Dos Incêndios Florestais

A proteção das florestas contra o fogo começa com a prevenção. A melhor maneira de combater um incêndio é evitar que ele ocorra.

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CONTROLE DE INCÊNDIOS FLORESTAIS Módulo 5 Prevenção dos incêndios florestais Tutores: Prof°. Ronaldo Viana Soares (UFPR) Prof°. Antonio Carlos Batista (UFPR) Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEAS Universidade Federal de Viçosa - UFV Centro de Ciências Agrárias Departamento de Fitopatologia Brasília - DF 2003       Pré-teste     Indique com F ou V, se as afirmativas são falsas ou verdadeiras:   1. ( ) A maioria dos incêndios florestais têm com origem os raios e a combustão espontânea 2. ( ) O código Florestal Brasileiro não permite o uso do fogo sob nenhuma hipótese. 3. ( ) A queima controlada está prevista na legislação, desde que realizada dentro de critérios estabelecidos na Portaria no 94 N do IBAMA. 4. ( ) O regulamento ou normas de uso das unidades de conservação, com parques nacionais e RPN, são muito importantes na prevenção dos incêndios causados pelas pessoas ques as utilizam. 5. ( ) A utilização de meios de comunicação visando a educação das pessoas em relação ao problema dos incêndios florestais tem se mostrado inócua no Brasil. 6. ( ) As técnicas preventivas adotadas em áreas florestais têm o objetivo de evitar o aparecimento dos focos iniciais que originam incêndios. 7. ( ) Aceiros são barreiras naturais ou especialmente construídas para deter a propagação dos incêndios florestais, devendo para isso ter no mínimo 30 metros de largura. 8. ( ) A redução do material combustível pode ser feita através da queima controlada na periferia das áreas florestais, formando aceiros temporários que impedem ou dificultam a penetração na floresta, dos incêndios vindos de fora. 9. ( ) A remoção completa do material combustível, através da queima controlada, para redução do risco de incêndios, não é só possível como desejável. 10. ( ) Na regeneração natural, a queima controlada pode prejudicar a germinação de algumas espécies, como é o caso da Mimosa scabrella no sul do Brasil. 11. ( ) De modo geral, as plantas herbáceas comestíveis para a fauna são menos abundantes em áreas queimadas que nas não queimadas. 12. ( ) Na silvicultura, assim como na agricultura, o uso do fogo no controle de parasitas e doenças é uma prática eficiente e muito utilizada. 13. ( ) Normalmente a estação mais recomendável para se fazer queima controlada é a primavera, devido a intensa atividade das árvores. 14. ( ) Índices de perigo de incêndios são números que indicam a probabilidade de ocorrer um incêndio, assim como a facilidade de ele se propagar. 15. ( ) A estrutura dos índices de perigo de incêndios é fundamentalmente baseada nos componentes do triângulo do fogo. 16. ( ) O conhecimento do grau de perigo de incêndios possibilita uma redução nos custos de prevenção e combate aos incêndios, por permitir a previsão do comportamento do fogo durante os incêndios. 17. ( ) O único índice de perigo de incêndios usado no Brasil com eficiência é o índice de Hart-Beking. 18. ( ) O índice FMA, desenvolvido recentemente, está em fase de testes em algumas regiões do Brasil. 19. ( ) A permissão para queimas controladas só pode ser concedida mediante o conhecimento do grau de perigo de incêndio no dia da queima. As queimas só poderão ser realizadas quando o Índice de risco for médio, pois isso indica que a queima será eficiente.       Sumário     Introdução 1. Prevenção das fontes de fogo 1.1. Aplicação da legislação sobre incêndios e queimadas 1.2. Regulamentação do uso 1.3. Conscientização da população 2. Técnicas preventivas 2.1. Construção e manutenção de aceiros 2.2. Redução do material combustível 2.3. Construção de açudes 3. Planos de prevenção 3.1. Regiões de ocorrência 3.2. Causas dos incêndios 3.3. Períodos de ocorrência 3.4. Classes de material combustível 3.5. Zonas prioritárias 4. Queimas controladas 4.1. Uso do fogo controlado 4.1.1. Redução do material combustível 4.1.2. Preparo do terreno 4.1.3. Controle de espécies indesejáveis 4.1.4. Melhoria do habitat para a fauna silvestre 4.1.5. Controle de parasitas doenças 4.1.6. Outros usos do fogo 4.2. Técnicas de queima 4.2.1. Queima contra o vento 4.2.2. Queima em faixas a favor do vento 4.2.3. Queima de flanco 4.2.4. Queima em "V" 4.2.5. Queima em manchas 4.2.6. Queima central ou em anel 4.3. Condições para execução da queima 4.3.1. Estação do ano 4.3.2. Hora do dia 4.3.3. Intervalo entre as queimas 4.4. Plano de queima 5. Índices de perigo de incêndio 5.1. Principais índices de perigo de incêndio 5.2. Utilidades dos índices de perigo de incêndio Literatura consultada       Prevenção dos incêndios florestais       Introdução     A proteção das florestas contra o fogo começa com a prevenção. A melhor maneira de combater um incêndio é evitar que ele ocorra. E considerando que a grande maioria dos incêndios florestais são provenientes de causas humanas, elas são, em sua maior parte, teoricamente evitáveis. A prevenção de incêndios florestais é um trabalho que nunca termina. Os incêndios são um perigo sempre presente e a prevenção, para ser efetiva precisa ser praticada constantemente. Costuma-se dizer que a prevenção é o trabalho mais importante do serviço de controle de incêndios. A prevenção de incêndios florestais envolve dois níveis de atividades. Primeiro, a prevenção dos incêndios causados pelo homem, procurando através da educação da população, legislação específica e medidas coercitivas, evitar que o fogo ocorra. Segundo, usando técnicas para controlar principalmente o material combustível, impedir ou dificultar a propagação daqueles incêndios que não foi possível evitar.   Voltar ao sumário   1. Prevenção das fontes de fogo     Cada incêndio causado pelo homem em uma área florestal protegida deve ser considerado como evidência de que alguma coisa saiu errada. Geralmente, o incêndio é o resultado de uma combinação crítica de circunstâncias que poderiam ser evitadas ou impedidas de acontecer. Estas circunstâncias podem ser codificadas, a fim de permitir um diagnóstico lógico e uma prescrição eficiente para cada caso. Por exemplo: Um incêndio de fumante = um fumante + cigarro + fósforo + descuido Se qualquer um dos quatro elementos do incêndio causado pelo fumante for eliminado, não haverá fogo. Deste modo, existe, quatro maneiras de se prevenir um incêndio deste tipo: i) Banir o fumante de áreas sujeitas a ocorrência de incêndios (fechamento completo da área), induzi-lo a não fumar em determinadas áreas (proibição de fumar) ou proibi-lo de jogar material aceso em locais com combustível perigoso (não fumar enquanto estiver se deslocando pela área); ii) Limitar o uso de cigarro em determinadas áreas que não oferecem risco, sem proibir totalmente o ato de fumar; iii) Aumentar a segurança do agente de ignição, proibir por exemplo o uso do fósforo e permitindo apenas isqueiros, iv) finalmente, educar ou motivar o fumante para ser cuidadoso e tomar as precauções necessárias a fim de evitar o incêndio. Certamente, dessas quatro alternativas, a primeira é a mais direta e positiva para um certo período de tempo e determinada área, mas não há condições de estendê-la a grandes áreas, além de ser uma medida de caráter temporário. A quarta alternativa, educação do fumante, leva muito mais tempo para ser efetivada mas apresenta um caráter mais permanente em termos de prevenção. Este tipo de análise pode ser aplicada a todos os incêndios onde as combinações críticas que causam o fogo são conhecidas. Um incêndio causado por incendiário, por exemplo, é a soma de uma pessoa, um motivo para queimar e material para provocar a ignição. Neste caso, as principais alternativas seriam, retirar a pessoa da área ou eliminar o seu motivo para queimar. A prevenção de incêndio de causa humana, que pode ser alcançada através da educação da população, da regulamentação do uso da floresta e da aplicação da legislação pertinente, ainda apresenta um grande potencial para aperfeiçoamento.   Voltar ao sumário 1.1. Aplicação da legislação sobre incêndios e queimadas   Existe sempre uma minoria de pessoas negligentes, descuidadas e refratárias a qualquer legislação, que agem sempre em seus interesses pessoais. Para estas pessoas, a aplicação rigorosa da legislação é a medida mais eficiente na prevenção dos incêndios. O cumprimento rigoroso do Código Florestal Brasileiro, que tem quatro artigos que tratam diretamente do problema do fogo em florestas, seria uma medida extremamente útil na prevenção de incêndios no país. O Artigo 11°, do referido Código, diz que "o emprego de produtos florestais ou hulha como combustível obriga o uso de dispositivos que impeçam a difusão de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação". O Artigo 25° estabelece que "em caso de incêndio rural, que não se possa extinguir com os recursos ordinários, compete não só ao funcionário florestal, como a qualquer outra autoridade pública, requisitar os meios materiais e convocar os homens em condições de prestar auxílio". O Artigo 26° diz, entre outras coisas, que "fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as precauções adequadas; fabricar vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação; e empregar, como combustível, produtos florestais ou hulha sem uso de dispositivos que impeçam a difusão de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios florestais, constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano, de prisão simples ou multa de um a cem salários mínimos, ou ambas as penas cumulativamente." Finalmente, o Artigo 27° diz que "é proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação". Entretanto, como o fogo é um instrumento essencial em práticas agrícolas e florestais, o parágrafo único deste Artigo faz a seguinte ressalva: "se peculiaridades locais e regionais justificam o emprego do fogo em práticas agro-florestais e florestais, a permissão será estabelecida em ato de poder público, circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução". Se apenas esse Artigo fosse rigorosamente observado, os incêndios florestais no Brasil seriam rigorosamente reduzidos. O decreto no 2661, de 8 de julho de 1998 regulamentou o parágrafo único do Artigo 27, estabelecendo as normas de precaução relativas ao emprego do fogo em práticas agropastoris e florestais, dando ainda outras providências com relação ao uso do fogo. A Portaria no 94 – N, de 9 de julho de 1998 regulamentou a sistemática de queima controlada, estabelecendo os critérios necessários para aplicação de queimas controladas. A lei de crimes ambientais ( Lei no 9605, de 12 de fevereiro de 1998) estabelece penas mais severas para danos provocados por incêndios florestais. O Artigo 41 dessa lei estabelece a seguinte pena para quem provocar incêndios em mata ou floresta: reclusão, de dois a quatro anos e multa. No parágrafo único estabelece que se o crime for culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa. O Artigo 42 da lei no 9605 estabelece pena de detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente para quem fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano. Em virtude do aumento desenfreado do problema dos incêndios e queimadas nas áreas de expansão agrícola do país, particularmente na região da Amazônia conhecida como "Arco do Desflorestamento", o governo federal estabeleceu o decreto no 2662, de 8 de julho de 1998, dispondo sobre medidas a serem implementadas na Amazônia Legal, para monitoramento, prevenção, educação ambiental e combate a incêndios florestais. Pelo que foi exposto brevemente pode se constatar que existe uma legislação forte e bem atualizada sobre a questão dos incêndios e queimadas. No entanto, é necessário um trabalho de educação ambiental eficiente e constante para que essa legislação seja conhecida e implementada em toda sua extensão. A aplicação da legislação, principalmente nos casos de processo judicial, nem sempre é fácil. Em primeiro lugar, é necessário descobrir a causa do incêndio. Em seguida, deve-se estabelecer a identidade da pessoa responsável pelo fogo. Finalmente, é necessário provar legalmente o envolvimento da pessoa no incêndio. Folkman (1973) relata um programa experimental de prevenção de incêndios no município de Butte, Califórnia, EUA, onde a aplicação da legislação foi um dos pontos principais, a fim de alertar o público a respeito da seriedade do problema do fogo. Durante os quatro anos de observação, vários foram os casos de condenação de pessoas responsáveis por incêndios (Tabela 1) e houve uma sensível redução no número incêndios de causas humanas nos anos de 1969 e 1970.   Tabela 1 - Resultado do programa de aplicação da legislação de prevenção contra incêndios florestais no município de Butte, Califórnia, EUA. "Atividade "1967 "1968 "1969 "1970 " "Numero de "325 "269 "340 "346 " "investigações " " " " " "Ofensas menores "17 "35 "12 "13 " "Ofensas graves "1 "1 "1 "0 " "Condenações menores "15 "33 "9 "13 " "Condenações graves "1 "1 "1 "0 "   Ainda segundo Folkman (1973), durante o transcurso da pesquisa, o fato do município estar sendo usado como área experimental foi mantido em segredo para evitar que o efeito do tal conhecimento pudesse influir no comportamento do público.   Voltar ao sumário 1.2. Regulamentação do uso   A regulamentação do uso, principalmente das florestas de lazer, como os parques nacionais, estaduais e municipais, é muito importante na prevenção dos incêndios causados pelas pessoas que o utilizam. A regulamentação está relacionada, por um lado com a educação da população e por outro, à aplicação da legislação. Isto porque inicialmente é necessário uma campanha de esclarecimento no sentido de explicar as razões de restrições no uso da floresta. Em segundo lugar, não se deve transigir na aplicação da regulamentação. A forma mais drástica de regulamentação seria fechar a floresta, ou os setores mais suscetíveis aos incêndios, à visitação pública, em épocas críticas. Outras medidas que poderiam ser adotadas são a proibição ou restrição de fumar em determinadas em épocas de grande perigo; o uso obrigatório de ferramentas como pás, machados e foices por parte de pessoas que acampam na floresta; a proibição de pesca em certas áreas durante a estação de incêndios e outras medidas de caráter local ou regional que contribuam para redução do risco de incêndio. A regulamentação do uso da floresta difere da legislação propriamente dita por seu caráter mais localizado e pelo seu objetivo principal que é reduzir o risco de incêndio em áreas específicas. Um exemplo concreto de regulamentação do uso da floresta é citado por Brown e Davis (1973): nos estados de Oregon e Washington, EUA, a operação de exploração florestal é suspensa toda vez que a umidade relativa do ar, nas áreas florestais, cai para menos de 30%.     1.3. Conscientização da população   As pessoas se constituem no primeiro problema da prevenção de incêndios. Se todos que usam ou transitam em áreas florestais tivessem plena consciência do potencial de destruição dos incêndios, fossem bem informados de como evitar que eles ocorram e suficientemente motivados para procederem corretamente, apenas um número reduzido de incêndios ocorreria anualmente. Por este motivo, a educação da população deve ser a primeira iniciativa na prevenção de incêndios. Seu objetivo principal é formar uma conscientização na população, com relação à importância das florestas e os danos que a elas pode causar os incêndios florestais. O grande obstáculo para se alcançar essas metas é a dificuldade de se atingir todas as classes de pessoas responsáveis por ocorrências de incêndios através de uma comunicação simples e objetiva, mostrando como e porque evitar o fogo nas florestas. Os principais meios de comunicação visando a educação da população são livros, revistas, folhetos, rádio, televisão, filmes, painéis, palestras e contatos pessoais. Todos esses meios são eficientes quando usados hábil e adequadamente, considerando a época oportuna, o local adequado e a pessoa correta. Mas todos, ou quase todos eles, são necessários, pois nenhum meio, isoladamente, poderá alcançar todas as classes de pessoas e também porque a reação dos indivíduos varia bastante em relação a apelos públicos, instruções e restrições. Campanhas educativas voltadas para as crianças e jovens na escola são extraordinariamente importantes porque quando estas pessoas atingirem a idade adulta influirão em muitos fatores que ocasionam incêndios. O ensino nas escolas deverá, no entanto, variar de acordo com a região e os problemas que os incêndios representam em cada local. É importante aproveitar as datas em que ocorrem comemorações, tais como: exposições agropecuárias, semana da árvore, semana do meio ambiente e outras, para implementar as campanhas educativas de prevenção de incêndios, com divulgação de mensagens, palestras, filmes, distribuição de material informativo escrito ( folhetos, cartilhas, etc.) e brindes para os participantes. Ryan, Gladen e Folkman (1978) relatam um experimento conduzido na Califórnia, EUA, visando conscientizar crianças de escola de primeiro grau para o problema de incêndios florestais. Equipes de quatro a oito pessoas conduziram o programa visitando as salas de aula e apresentando sessões divididas em três partes, cada uma com cerca de dez minutos de duração: trabalhos em grupos, apresentação de dispositivos e visita do urso smokey. As crianças foram submetidas a testes antes e depois de participarem do programa e suas respostas comparadas com as de crianças não-submetidas ao programa. As crianças submetidas ao programa obtiveram muito melhor performance nos testes sobre princípios de prevenção de incêndios do que as que não participaram do programa. Bernardi (1973) testou a eficiência de três anúncios de 60 segundos sobre a prevenção de incêndios em emissoras de televisão nos Estados da Califórnia e Oregon, EUA. Os filmes diferiam apenas de narrador: o urso Smokey em um, rapaz jovem em outro e um guarda florestal no terceiro. A pesquisa demonstrou que o filme narrado pelo rapaz foi mais eficiente na conscientização da população amostrada, com relação à prevenção de incêndios. O autor conclui ainda que os filmes foram mais eficientes quando mostrados em salas de aula do que quando exibidos para o público de televisão em geral. Os painéis colocados nas margens de estradas são também muito úteis na educação da população. Folkman (1973) demonstrou, através de pesquisas realizadas na Califórnia, EUA, que as mensagens dos painéis mantém sua eficiência por pelo menos seis anos. Cinco diferentes mensagens foram colocadas ao longo de estradas florestais da região e, seis anos depois, as mensagens foram aumentadas para dez, os painéis redesenhados e apresentados com novas cores. Cerca de 97% dos motoristas entrevistados se lembraram dos novos painéis e cerca de 70% disseram se lembrar também dos antigos. De todos os métodos de educação da população, o contato pessoal e individual parece ser o mais eficiente. A principal vantagem do contato pessoal é permitir um nível de troca de idéias que não é possível através de outros meios de comunicação. Este é um método altamente seletivo e que pode, eficientemente, preencher os espaços ou falhas deixados pelos outros métodos.   Voltar ao sumário   2. Técnicas preventivas     A redução do risco de propagação dos incêndios que não puderam ser evitados é outra importante parte da prevenção de incêndios florestais. Mesmo os mais eficientes programas de prevenção não conseguem evitar totalmente o início de incêndios em áreas florestais. Por este motivo, é essencial estabelecer sistemas que evitem ou dificultem a propagação de incêndios, principalmente através do controle de quantidade, arranjo, continuidade e inflamabilidade, ou potencial de queima, do material combustível. A redução do risco de propagação dos incêndios em áreas florestais pode ser conseguida através da implantação das seguintes técnicas preventivas:   Voltar ao sumário 2.1. Construção e manutenção de aceiros   Os aceiros podem ser barreiras naturais ( tais como: estradas ou cursos d'água) ou especialmente construídas para impedir a propagação dos incêndios e para fornecer uma linha de controle estabelecida no caso de ocorrer um incêndio (Gaylor, 1974). Constituem-se basicamente de faixas livres de vegetação, onde o solo mineral é exposto, distribuídas através da área florestal, de acordo com as necessidades de proteção. A largura dos aceiros depende do tipo de material combustível, da localização em relação à configuração do terreno e das condições meteorológicas esperadas na época de ocorrências de incêndios. No entanto, não deve ser inferior a 5 m e, em locais de extremo perigo, pode chegar a 50 m. Em área florestal, onde deve existir uma rede de aceiros, a largura de cada um deles varia de acordo com sua importância estratégica. Neste caso, existem aceiros principais, mais largos, e secundários, mais estreitos. Os aceiros, por si só, não são capazes de deter os incêndios, ou pelo menos a maioria deles, principalmente quando o fogo começa mais distante e chega até eles com certa intensidade. No entanto, mesmo em incêndios de alta intensidade, os aceiros são extremamente úteis como meios de acessos e pontos de apoio para as turmas de combate. A manutenção dos aceiros é outro ponto fundamental na prevenção de propagação do fogo. De nada adianta construir uma rede de aceiros se estes não são mantidos limpos e transitáveis, pelo menos durante a época de maior perigo de incêndios. Geralmente, uma limpeza anual é suficiente para manter os aceiros em condições satisfatórias.   Voltar ao sumário 2.2. Redução do material combustível   Esta é, sem dúvida, a técnica preventiva mais eficiente para evitar a propagação dos incêndios. No entanto, sua aplicação prática é bastante difícil, principalmente considerando-se que todo material lenhoso existente na floresta é combustível. Sendo a intensidade dos incêndios diretamente proporcional à quantidade de material combustível disponível existente, quanto menos material houver para queimar, mais fácil será o combate ao fogo e menores os danos à floresta. A redução do material combustível em uma floresta pode ser feita através de métodos químicos, mecânicos ou por queima controlada. Destes, o mais econômico e eficiente, se bem que o mais arriscado, é a queima controlada, que pode ser feita no interior da floresta, desde que a espécie seja resistente ao fogo. A redução do material combustível através do fogo pode também ser feita na periferia da floresta, formando aceiros temporários que impedem ou dificultam a penetração, na floresta, de incêndios vindo de fora. A queima de vegetação feita às margens de estradas de ferro ou de rodagem, geralmente locais bastante suscetíveis à incêndios, é também um meio eficiente de redução de material combustível.   Voltar ao sumário 2.3. Construção de açudes   São vários os benefícios que um conjunto de pequenos açudes, formados através de simples barragens de terra ao longo de pequenos cursos d'água, pode trazer a uma propriedade florestal. Sob o aspecto da prevenção de incêndios, esses açudes, além de se constituírem em locais de fácil captação de água para combater o fogo, influem beneficamente no microclima local, através do aumento da superfície de evaporação e, consequentemente, da umidade relativa do ar. Além do aspecto protecionista, os açudes são úteis para a recreação e a piscicultura.   Voltar ao sumário   3. Planos de prevenção     Para maior eficiência da prevenção dos incêndios florestais, planos regionais ou locais, especificando as técnicas mais adequadas e viáveis, podem ser estabelecidas. Os planos de prevenção, basicamente, organizam o trabalho de proteção contra incêndios em uma área florestal. Para isto, não é necessário elaborar planos complicados ou sofisticados, pois quanto mais simples e objetivos, mais operacionais e eficientes eles se tornam. Para se elaborar um plano de prevenção de incêndios são necessárias algumas informações e estatísticas sobre ocorrências anteriores de fogo e aspectos gerais de área, no sentido de se estabelecer com mais eficiência os métodos e objetivos da prevenção. Estas informações são, basicamente, as seguintes:   Voltar ao sumário 3.1. Regiões de ocorrência   Os incêndios não se distribuem uniformemente através das áreas florestais. Existem locais onde a ocorrência de incêndios é mais freqüente, como por exemplo próximo a vilas e acampamentos, margens de rodovias, margens de estradas de ferro, proximidades de áreas agrícolas e margens de rios e lagos (Figura 1). Por outro lado, existem locais dentro de uma região florestal onde nunca, ou raramente, ocorrem incêndios. A elaboração de um mapa de risco, através da marcação dos pontos onde ocorreram os incêndios, possibilita a visualização das áreas de maior incidência de incêndios e ajuda na designação de medidas preventivas especiais para as áreas de maior risco.   Figura 1 - Mapa das zonas de maior risco de ocorrência de incêndios em uma área florestal.   Voltar ao sumário 3.2. Causas dos incêndios   Para se fazer um trabalho objetivo de prevenção de incêndios em uma área é necessário conhecer as principais causas ou grupos de causas desses incêndios. O agrupamento usado no Brasil engloba oito grupos de causas, a saber: raios, queimas para limpezas, operações florestais, fogos campestres, fumantes, incendiários, estradas de ferro e diversos. As causas de incêndios variam de região para região, principalmente em países de grande extensão territorial. Para se ter estatísticas confiáveis é necessário investigar com afinco as causas dos incêndios e manter um arquivo ordenado dos dados ao longo dos anos. Um exemplo de estatística de causas de incêndios em uma determinada região é mostrado na Tabela 2.   Tabela 2 - Classificação das causas dos incêndios florestais ocorridos e registrados no município de Telêmaco Borba, Paraná, de julho de 1965 a maio de 1974. "Causas "Incêndios "Área queimada " " "No "% "ha "% " "Queimas para "28 "33,73 "2.247,15 "53,21 " "limpeza " " " " " "Raios "17 "20,48 "126,91 "2,76 " "Fumantes "11 "13,25 "7,60 "0,17 " "Diversos "7 "8,43 "24,55 "0,53 " "Incendiários "6 "7,23 "10,90 "0,24 " "Estradas de ferro "6 "7,23 "5,70 "0,12 " "Operações "5 "6,03 "375,30 "8,16 " "florestais " " " " " "Fogos campestres "3 "3,62 "1.600,85 "34,81 " "Total "83 "100,00 "4.598,96 "100,00 "   Voltar ao sumário 3.3. Períodos de ocorrência   Os incêndios, devido principalmente às condições climáticas, não ocorrem com a mesma freqüência durante todos os meses do ano. A variação do número de ocorrências de incêndios, de região para região, ao longo dos meses, deve-se às diversidades climáticas ou às diferenças nos níveis de atividades agrícolas e florestais. A Tabela 3 mostra um exemplo de distribuição de ocorrências de incêndios nos diferentes meses do ano, em uma região do Estado do Paraná. O período de maior perigo de incêndios em uma região pode também ser obtido através do cálculo dos índices de perigo de incêndio. Estes índices estimam, através de escalas numéricas, o potencial de ignição ou de inflamabilidade da vegetação. No Brasil, os índices de melhor adaptação e de maior uso atualmente são a Fórmula de Monte Alegre e o Índice de Nesterov.   Tabela 3 - Distribuição das ocorrências de incêndios e respectivas áreas queimadas no município de Telêmaco Borba, Paraná, entre junho de 1965 a dezembro de 1981. "Mês "Incêndios "Área queimada " " "No "% "ha "% " "Janeiro "14 "4,1 "121,92 "1,5 " "Fevereiro "15 "4,4 "37,35 "0,5 " "Março "14 "4,1 "117,67 "1,5 " "Abril "17 "4,9 "7,15 "0,1 " "Maio "17 "4,9 "11,08 "0,2 " "Junho "17 "4,9 "9,30 "0,1 " "Julho "50 "14,6 "684,84 "8,7 " "Agosto "64 "18,7 "1.014,15 "12,9 " "Setembro "66 "19,2 "1.878,28 "23,9 " "Outubro "25 "7,3 "1.866,21 "23,8 " "Novembro "25 "7,3 "76,32 "1,0 " "Dezembro "19 "5,6 "2.024,60 "25,8 " "Total "343 "100,0 "7.848,87 "100,0 "   Voltar ao sumário 3.4. Classes de material combustível   Os tipos de vegetação influem de modo distinto no potencial de propagação dos incêndios. A propagação é geralmente mais rápida e intensa em povoamentos de coníferas do que em folhosas, mais rápida em florestas plantadas do que em florestas naturais e mais rápida ainda em pastagens e campos secos por geadas. A elaboração de mapas, de preferência com o uso de diferentes cores indicando os diversos tipos de vegetação, permite prever em que áreas o fogo oferece maior risco de propagação. Estes mapas são muito úteis na elaboração dos planos de prevenção (Figura 2). Figura 2. Representação cartográfica de classes de risco de incêndios florestais em função da inflamabilidade da vegetação, em Portugal (Almeida e Rego, 1990).   Figura 2 – Inflamabilidade da vegetação, em Portugal (Almeida e Rego, 1990).   Voltar ao sumário 3.5. Zonas prioritárias   Nenhum planejamento deve ser feito sem definir claramente as áreas que devem prioritariamente ser protegidas. Apesar de toda floresta precisar de proteção, existem sempre áreas que devem receber tratamento prioritário e por isto mesmo marcadas com destaque no mapa da região. Áreas experimentais, pomares de sementes, nascentes de água, áreas de recreação, instalações industriais e zonas residenciais são exemplos de locais que devem merecer atenção especial em um plano de prevenção de incêndios florestais.   Voltar ao sumário   4. Queimas controladas     Queima controlada é definida como a aplicação controlada do fogo em combustíveis tanto no estado natural como alterado, sob determinadas condições de clima, umidade do combustível, umidade do solo, etc., de tal forma que o fogo seja confinado a uma área pré-determinada e ao mesmo tempo produza a intensidade de calor e a taxa de propagação necessária para favorecer certos objetivos de manejo. Conhecendo-se os inúmeros exemplos de danos produzidos pelos incêndios ao ecossistema, parece uma contradição falar sobre o uso do fogo em áreas florestais. No entanto, é preciso analisar o problema sob outro ponto de vista. Uma analogia com a medicina talvez ajude a entender a questão. Nas mãos de um médico experiente, um remédio forte e perigoso pode ser usado com sucesso, muitas vezes salvando vidas seriamente ameaçadas. Usado equivocadamente, o mesmo remédio pode ser um veneno mortal. Ninguém pode sustentar, no entanto, que porque o remédio é perigoso quando usado equivocadamente ele não deva ser usado em nenhuma circunstância. Além disto, nenhum médico consciente vai generalizar os tratamentos de seus pacientes. Cada paciente apresenta problemas e necessidades individuais, com diferentes aspectos clínicos e, consequentemente, diagnose e tratamentos distintos. A mesma coisa ocorre com o fogo. É um forte e perigoso "remédio", com várias evidências de que pode ser extremamente daninho. Entretanto, com um correto diagnóstico e hábil aplicação, ele pode ser uma boa alternativa em certas situações. O fogo, principalmente a queima de madeira, tem estado intimamente ligado à espécie humana desde os primórdios da civilização. Os antropólogos consideram a descoberta e o uso do fogo como um dos fatores básicos que permitiram ao homem viver e prosperar nas zonas temperadas. O homem conseguiu, graças ao fogo, antecipar em alguns milhares de anos a ocupação daquelas regiões, evitando adaptações evolucionárias que ele certamente necessitaria, a fim de sobreviver aos frios invernos. O homem descobriu que com o fogo ele poderia modificar o ambiente para satisfazer suas necessidades. A partir daí, o fogo continuou a desempenhar papeis importantes em todas as culturas posteriores. Os antigos filósofos gregos, por exemplo, consideravam o fogo, em conjunto com o ar, a terra e a água como um dos quatros elementos básicos da natureza. O fogo, principalmente sob forma de combustão em ambientes fechados, como nas caldeiras de geração de vapor e nos motores de combustão interna, tem estado ligado a diversos avanços tecnológicos, através de toda história da humanidade. Mas tem também, por outro lado, causado grandes catástrofes. Segundo Ahlgren e Ahlgren (1960), antes da colonização do país, os raios eram provavelmente a principal causa de incêndios nos EUA, embora o costume indígena em colocar fogo em áreas de campo e florestas também tenha sido muito importante. Os índios usavam o fogo para melhorar as condições de visibilidade e caminhamento nas florestas, para conduzir e encurralar a caça, para limpar a terra e obter melhor pastagens e colheitas, para aumentar a produção de frutos silvestres, para comunicação e para eliminar moscas e mosquitos. As condições entretanto, de acordo com Dodge (1972), mudaram drasticamente com a chegada dos colonizadores. Extensas áreas florestais foram cortadas a fim de produzir madeira para construção de novas cidades, para escora de minas e para combustível. A exploração dessas florestas deixou, sobre o solo, grandes quantidades de resíduos, como ponteiro de árvores, galhos e folhagem. A redução da cobertura formada pelas copas das árvores permitiu maior insolação e secagem do material combustível depositado nos pisos das florestas. A remoção de grande número de árvores aumentou a velocidade do vento no interior da floresta, contribuindo também para a secagem do combustível. O resultado dessas condições adversas foi uma série de incêndios devastadores ocorridos ao longo dos anos seguintes. O mesmo problema é relatado por Vines(1975), na Austrália. Segundo o autor, as práticas protecionistas e o aumento da exploração promovidos pelos colonizadores europeus parecem ter alterado o equilíbrio original entre combustível e microclima, criando concentrações anormalmente altas de resíduos em muitas das florestas secas da Austrália. O resultado também foi a ocorrência de grandes incêndios florestais Komarek (1971) acredita que o conceito de que todos os incêndios são daninhos foi desenvolvido em um ambiente especial, as florestas latifoliadas da Europa, e daí extrapolado literalmente para todas as partes do mundo. Com o passar do tempo, porém, alguns pesquisadores começaram a duvidar da validade da política de total exclusão do fogo em qualquer circunstância. Em ecossistemas onde o fogo desempenha papel importante, quanto mais eficiente a política de exclusão do fogo, maior é o potencial de danos pelos incêndios, devido ao aumento da quantidade de material combustível. Além disto, em alguns locais, espécies florestais importantes, que necessitam do fogo ou outro distúrbio qualquer para se regenerar, começaram a ceder lugar a outras comunidades de menor valor comercial. Em 1849 apareceu, nos EUA, a primeira referência escrita sobre a importância do fogo na sucessão de uma espécie florestal - o Pinus palustris. Segundo Langdon (1971), ainda em 1888, Ellen Long sugeriu que talvez o Pinus palustris necessitasse de fogo para se regenerar - uma idéia absurda para a maioria dos pesquisadores da época. Riebold (1971) relata que Harper, um botânico, propôs, em 1911, o uso do fogo para controle de espécies folhosas do sub-bosque das florestas de coníferas. E finalmente Chapman, um pesquisador florestal, , começou, a partir de 1909, através de vários artigos, a pregação da necessidade do uso de fogo controlado na regeneração e manejo do Pinus palustris e outras espécies do sudeste americano. Entretanto, apenas em 1943 o chefe do Serviço Florestal dos EUA aprovou uma política de queimas controladas em povoamentos de Pinus palustris e Pinus elliottii e autorizou a instalação de pesquisas visando a utilização do fogo também em Pinus taeda. O reconhecimento de que o fogo desempenha importante papel em certos ecossistemas levou também o Serviço de Parques Nacionais dos EUA, a partir de 1960, a adotar uma política com relação ao fogo, que estabelece o seguinte: i) deixar que alguns incêndios naturais queimem livremente, desde que não ofereçam riscos à vida humana ou às propriedades; ii) reconhecer a queima controlada como um instrumento necessário ao manejo florestal; iii) continuar prevenindo e combatendo os incêndios nos vales e próximo a áreas desenvolvidas. Segundo Vines (1975), a total exclusão do fogo nas florestas da Austrália é impossível de se alcançar e indesejável ecologicamente. Por este motivo, foi iniciado um programa de queima controlada no país com finalidade de reduzir o risco de incêndios incontrolados e restaurar as condições ecológicas necessárias para a sobrevivência da floresta e da fauna. Atualmente, existem programas regulares de queimas controladas em áreas florestais em vários países do mundo. Nos EUA, queima-se, sob forma de fogo controlado, cerca de 1.800.000 ha por ano. Na Austrália o fogo controlado é aplicado a aproximadamente 820.000 ha por ano. No Canadá também se usa o fogo controlado em larga escala, sendo inclusive obrigatória a queima de resíduos florestais em áreas de corte raso no distrito florestal de Vancouver. Em Honduras, Nicarágua e Guatemala o fogo tem sido usado e recomendado para favorecer a regeneração das espécies de Pinus existentes naqueles países.   Voltar ao sumário 4.1. Uso do fogo controlado   O fogo controlado pode ser um instrumento útil para se alcançar diversos objetivos no manejo florestal. No entanto, o fogo somente deve ser utilizado após um diagnóstico cuidadoso que indique ser ele mais seguro, barato, eficiente e prático do que outros tratamentos. Os problemas geralmente corrigidos pelo fogo controlado em áreas florestais incluem: grande acumulação de combustível, áreas inadequadas para alimentação da fauna, invasão de espécies indesejáveis e condições inadequadas para a regeneração natural ou artificial. Voltar ao sumário 4.1.1. Redução do material combustível Os combustíveis são parte integrante da floresta. Folhas ou acículas caídas, arbustos, gramíneas, resíduos de exploração e mesmo as próprias árvores podem produzir acumulação de combustível altamente perigosas caso ocorra um incêndio. Considerando que o material combustível constitui um dos lados do triângulo do fogo, ele deve merecer uma atenção especial por parte do técnico florestal, principalmente porque o material combustível é um dos componentes do fogo que o homem tem mais condições de controlar. Os pesquisadores que trabalham no campo da proteção florestal reconhecem que o problema do acúmulo de material combustível na floresta existe e é bastante sério. Brown (1947) afirma que a quantidade de combustível e sua continuidade são reconhecidamente fundamentais na determinação do potencial de danos pelos incêndios. Quando ocorre um incêndio nessas condições, ele causa problemas mais sérios porque existe grande quantidade de combustível para gerar mais calor e aumentar a intensidade de danos. Grandes incêndios, com forças altamente destruidoras, se propagando por milhares de hectares, podem então ocorrer durante condições críticas de tempo, com baixa umidade relativa e alta velocidade do vento. A completa remoção do material combustível, entretanto, não é possível nem desejável. Em certos casos, é possível remover a maior parte do combustível acumulado através de meios químicos ou mecânicos, para utilização de resíduos como fonte de energia, ou por outras práticas de manejo. Na maioria das vezes, porém, esses tratamentos têm sido inadequados, inviáveis ou extremamente caros. Tentativas de se encontrar decompositores químicos ou biológicos não têm tido sucesso. Trituração mecânica ou esmagamento e incorporação com equipamentos pesados são práticas muito caras. Além disso, a utilização de processos mecânicos não elimina o material combustível, apenas muda a sua forma e arranjo, embora o risco de incêndios realmente diminua. A queima controlada parece ser, no momento, a melhor solução para o problema de acúmulo de combustível. De acordo com Cooper (1972), a queima controlada, prescrita e aplicada cientificamente, tem demonstrado, através dos tempos, ser a melhor maneira de manter o material combustível a níveis toleráveis. Mobley et al. (1973) afirmam que o fogo controlado é o mais prático método de manejo a se usar quando concentrações perigosas de combustíveis se acumulam sob povoamentos equianos. Em locais onde a probabilidade de destruição da floresta pelos incêndios é alta, a queima controlada para redução do risco geralmente é a melhor solução. A queima controlada para redução do material combustível não é recomendada apenas para o interior dos povoamentos florestais. Ela é também a maneira mais eficiente e econômica para reduzir o combustível em áreas de campos nos limites das florestas, evitando que incêndios vindo de fora atinjam os povoamentos. A queima controlada é ainda indicada para redução do material após a exploração florestal, em margens de estradas de ferro e outras áreas de alto risco de incêndios. Quando se usa a queima controlada para reduzir a quantidade de material combustível, não é necessário cobrir cem por cento da área. O objetivo principal é quebrar a continuidade do material combustível e reduções em 75 a 80% da área geralmente solucionam o problema. A quantidade de material combustível consumida pelo fogo varia de acordo com a prescrição feita pelo técnico florestal. Geralmente, os limites de consumo estão entre 50 a 90% do material menor que 7,0 cm de diâmetro. Beaufait, Hardy e Fischer informam que as queimas de resíduos de exploração no noroeste dos EUA geralmente consomem em média 80% do material. Soares (1979), em queimas controladas no interior de talhões de Pinus ocarpa e Pinus caribaea hondurensis com 7 anos e meio de idade, na região de Sacramento, MG, obteve reduções de 90 e 91%, respectivamente, do material combustível existente. As quantidades de material combustível antes da queima eram 8,5 e 7,9 t/ha, respectivamente. Voltar ao sumário 4.1.2. Preparo do terreno O fogo é o mais prático e econômico de todos os meios conhecidos para preparar o terreno para plantio, tanto de espécies agrícolas como florestais. A literatura sobre o assunto mostra que a queima controlada tem sido usada, com sucesso, para essa finalidade nos EUA, Canadá, Austrália e vários outros países. A maioria dos técnicos florestais sabe que o plantio é mais fácil em áreas queimadas do que nas não queimadas. Vyse e Muraro (1973) concluíram que a produtividade de plantio foi significativamente aumentada na província de Columbia Britânica, Canadá, através da eficiente queima dos restos vegetais. Eles acrescentam que os ganhos em produtividade diminuem nas áreas com menor quantidade de resíduos ou onde o consumo de material é menor. Segundo Wade (1969), em áreas de corte raso no sudeste dos EUA, a queima controlada custa em média menos de um décimo do total de outros tratamentos no preparo do terreno para plantio. Além disso, prossegue o autor, a queima controlada é talvez uma das poucas alternativas aceitáveis em terrenos montanhosos, onde a erosão é um problema a ser levado em consideração. Na regeneração natural, a queima controlada é também um ótimo meio de preparar a área para receber as sementes, ou mesmo favorecer sua abundante germinação, como ocorre com a bracatinga (Mimosa scabrella), importante espécie florestas do sul do Brasil. As chances de uma boa germinação de sementes de algumas coníferas, além do desenvolvimento das plantinhas, são também consideravelmente aumentadas após uma queima controlada, com a consequente exposição do solo. Pesquisas com Pinus taeda no sudeste dos EUA, relatadas por McNab e Ach (1967), mostraram que em áreas não queimadas se necessita o dobro de sementes do que se necessitaria em áreas queimadas para se obter o mesmo número de mudas. Voltar ao sumário 4.1.3. Controle de espécies indesejáveis A queima controlada pode ser usada para controlar espécies indesejáveis, desde que estas sejam mais sensíveis ao fogo do que aquelas que se quer preservar. Em associações de coníferas e folhosas o fogo irá sempre favorecer as coníferas, por serem elas mais resistentes ao fogo. Em povoamentos de eucaliptos, após as árvores atingirem certo porte, o fogo controlado de baixa intensidade pode ser usado para evitar a competição de espécies indesejáveis do sub-bosque, pois a maioria dos eucaliptos são mais resistentes ao fogo do que outras folhosas. Ao se usar o fogo deve-se sempre observar os períodos ou estágios de desenvolvimento das espécies que se quer preservar para evitar danos também a elas. Mesmo espécies resistentes como Pinus palustris, Pinus elliottii, Pinus caribaea e Pinus taeda, são altamente susceptíveis a danos pelo fogo nos primeiros anos de vida. Voltar ao sumário 4.1.4. Melhoria do habitat para a fauna silvestre A queima controlada é um importante instrumento para melhorar o habitat para a fauna silvestre, sendo usada extensivamente por florestais e biólogos ligados a esse campo nos EUA. As queimas são pequenas e não se propagam rapidamente, para evitar mortalidade entre os animais. O habitat é sensivelmente melhorado, especialmente para grandes mamíferos e pássaros, devido à redução do acúmulo de serapilheira e à criação de condições favoráveis à regeneração de espécies que servem de alimento à fauna. Segundo Cooper (1971), no sudeste dos EUA, as plantas herbáceas comestíveis para a fauna, são geralmente dez vezes mais abundantes em áreas queimadas do que nas não queimadas. As leguminosas, um dos mais importantes gêneros na alimentação da fauna, são de modo geral cinco vezes mais abundantes após o fogo do que antes. Em áreas de maciço florestais, especialmente monoculturas que não oferecem alimentação para a fauna, é conveniente criar aberturas para aumentar a quantidade de espécies forrageiras. Esta prática, seguida por uma queima controlada, ainda de acordo com Cooper (1971), aumenta a produção de sementes em cerca de 300% e a abundância de plantas em aproximadamente 100%. Este aumento, acompanhado da facilidade de acesso devido à redução da serapilheira, torna aquelas aberturas particularmente atraentes para as espécies selvagens herbívoras. Embora exemplo de mortalidade sejam às vezes citados, mesmo em queimas controladas, os benefícios gerais resultantes da melhoria do habitat, aumento da produtividade do sítio e estímulo ao crescimento geralmente superam os eventuais danos diretos causados pelo fogo. No entanto, a queima controlada não deve ser usada durante a estação de procriação da fauna, a primavera. Um bom exemplo de uso de queima controlada na melhoria do habitat e consequentemente restauração da vida silvestre em uma área degradada é relatada por Czuhai e Cushwa (1968). Segundo eles, o refúgio Nacional de vida silvestre de Piedmont, Sudeste dos EUA, foi estabelecido para demonstrar que a população faunística poderia ser restabelecida, nesta ou em áreas similares, através da proteção e manejo adequado. A maioria da área havia sido abandonada depois que práticas agrícolas inadequadas haviam provocado severa erosão, reduzindo a fertilidade do solo e eliminando os animais selvagens de maior valor, como veados e perus. Após 27 anos de manejo da área e proteção da fauna, as populações de veados e perus retornaram aos níveis anteriores e milhares de codornas, perdizes, lebres, esquilos, pombas e outras espécies retornaram e permaneceram no refúgio. Ainda segundo os autores, a queima controlada periódica foi um dos fatores decisivos na restauração da vida silvestre naquela área. Voltar ao sumário 4.1.5. Controle de parasitas doenças   A crença popular sobre os efeitos sanitários e purificadores do fogo vem desde a antiguidade. Na agricultura, o fogo é frequentemente usado para combater certas pragas, destruir sementes de plantas daninhas, combater doenças e eliminar resíduos de colheitas. Em silvicultura, o uso do fogo no controle de parasitas e doenças é ainda um assunto polêmico, devido a falta de estudos nesse campo. Insetos e fungos são componentes vitais da dinâmica dos ecossistemas florestais. A ação destes agentes pode ser relacionada com o aumento da quantidade de material combustível e, por conseguinte, a maior probabilidade de ocorrência de incêndios devido a sua atividade. Algumas árvores feridas pelo fogo, por outro lado, atacadas por insetos e fungos, podem morrer, novamente acumulando material combustível e completando um ciclo vicioso. Isto é o que ocorre, por exemplo, no ecossistema do Pinus contorta nos EUA. Em áreas florestais, a queima controlada às vezes é usada para controlar certos coleópteros. French e Keirle (1969) informam que em plantações de Pinus radiata na Austrália, carabeídeos e scarabeídeos foram reduzidos imediatamente após o fogo, embora fossem dos primeiros insetos a recolonizar a área. O fogo tem sido usado também para controlar o Oucideres impluviata , um coleóptero que ataca plantações de acácia negra no sul do Brasil. O maior sucesso já comprovado do uso do fogo em controle de doenças é o combate à "mancha marrom", que inibe o crescimento do Pinus palustris. No sul do Brasil, fungos causadores de importantes doenças em espécies florestais, como o Armillaria mellea e o Dothistroma pini, talvez pudessem ser combatidos através de queimas controladas. Voltar ao sumário 4.1.6. Outros usos do fogo A queima controlada ainda pode ser usada para se atingir outros objetivos no manejo florestal. O fogo tem sido um elemento importante na produção de forragem mais palatável e nutritiva para o gado, tanto em pastagens abertas como associadas a povoamentos florestais, Queimas criteriosas e oportunamente prescritas podem melhorar tanto a quantidade quanto a qualidade da forragem para o gado. Hilmon e Hughes (1975) relatam que a produção de forragem, no sul dos EUA, foi duas vezes maior nas parcelas queimadas quando comparadas com as não-queimadas e que os conteúdos de cálcio, fósforo e proteínas foram mais altos na forragem primaveril das áreas queimadas. O fogo controlado pode ser usado também para favorecer a regeneração de flores, como acontece por exemplo no cerrado, melhorando neste caso as condições estéticas da área, além de viabilizar uma atividade econômica regional que é a comercialização dessas flores. Pode ainda ser usado para facilitar o acesso no interior das florestas, tanto para melhorar as condições de exploração como para permitir o livre deslocamento do público. Afinal, o acesso, assim como a aparência estética são importantes em áreas de florestas públicas de recreação. Finalmente, é interessante apresentar uma estatística sobre a proporção de uso da queima controlada entre as diversas atividades acima descritas. No sudeste dos EUA, onde a arte e a ciência do fogo controlado são mais desenvolvidas do que em qualquer outra parte do mundo, os principais usos da queima controlada são os seguintes, em ordem de importância: i) redução de material combustível, 40% do total da área queimada; ii) preparo de terreno, 24% da área queimada; iii) controle de espécies indesejáveis, 14% da área queimada; iv) melhoria do habitat para a fauna silvestre, 13% da área queimada; v)outros usos, 9% da área queimada.   Voltar ao sumário 4.2. Técnicas de queima   Várias técnicas ou métodos de queima foram desenvolvidos com a finalidade de se alcançar os objetivos propostos sob diferentes condições de tempo, topografia e material combustível. Os objetivos da queima, a quantidade e tipo de combustível e os fatores climáticos devem estar estreitamente correlacionados com a técnica adequada de queima para se evitar eventuais danos aos recursos florestais. Além disso, as condições atmosféricas devem ser favoráveis para dissipar a fumaça nas camadas superiores do ar e afastá-las das áreas mais sensíveis como rodovias e áreas urbanas. Voltar ao sumário 4.2.1.Queima contra o vento Consiste em se colocar linhas de fogo ao longo de aceiros naturais ou artificiais e permitir que ele se propague apenas contra o vento (Fig. 3). Em terrenos planos ou levemente ondulado o fogo é colocado em linhas perpendiculares à direção do vento; em terrenos com maior inclinação, o fogo deve ser forçado a se propagar montanha abaixo. Aceiros adicionais são necessários para cada linha de fogo colocada. Esta é talvez a mais simples e segura técnica de queima controlada, desde que exista vento constante, Além de mais segura, é menos poluidora e desenvolve temperaturas menores que todas as outras técnicas. É necessariamente, a técnica que deve ser usada na primeira redução de combustível no interior de povoamentos florestais. Algumas desvantagens da queima contra o vento são: o tempo consumido na operação e a necessidade de se construírem aceiros dentro da área, geralmente a intervalos de 50 a 200m de distância. É necessário também a existência de ventos constantes com velocidades entre 6 a 16 km/h ao nível do solo, para dissipar a fumaça e evitar que o ar quente suba até às copas das árvores. Além disto é mais caro que os demais e, depois de construídos os aceiros internos, inflexível, por somente permitir a queima a uma determinada direção do vento. Figura 3 – Queima contra o vento Voltar ao sumário 4.2.2. Queima em faixas a favor do vento   Consiste em se colocar uma linha ou uma série de linhas de fogo, de maneira tal que nenhuma linha possa desenvolver alta intensidade antes de encontrar outra linha de fogo ou um aceiro (Figura 4). A distância entre linhas de fogo depende das condições locais mas geralmente veria de 20 a 60 m. compensações devido a mudanças de direção do vento podem ser feitas alterando-se o ângulo da faixa de fogo com a linha básica. Do mesmo modo, ajustes para quantidade e arranjo do material combustível podem ser feitos alternando-se a distância entre as linhas de fogo. Este método é relativamente rápido, flexível e geralmente de custo moderado. Pode ser usado para reduções periódicas de combustível no interior de plantações, desde que a primeira redução tenha sido feita através da técnica contra o vento. As principais desvantagens da queima em faixas a favor do vento são: a necessidade de acesso ao interior da área e o aumento de intensidade no encontro das linhas de fogo, tornando maior a possibilidade de crestamento das copas. Figura 4 - Queima em faixas a favor do vento. Voltar ao sumário 4.2.3. Queima de flanco   Neste método o fogo é colocado simultaneamente ao longo de linhas paralelas ao vento e se propaga perpendicularmente na direção do mesmo (Figura 5). As linhas devem ser mantidas em comprimentos iguais e espaçadas a intervalos uniformes. A propagação lateral, ou de flanco, do fogo geralmente dobra a velocidade em relação à queima contra o vento e, consequentemente, aumenta a taxa de calor liberada. Este método é útil em pequenas áreas ou para facilitar a queima de grandes áreas em tempo relativamente curto. É também útil para segurar lateralmente o fogo quando se usa outros métodos. A queima de flanco apresenta algumas desvantagens e requer muita habilidade para se alcançar bons resultados. Necessita pessoal experimentado e perfeita coordenação de tempo e espaço. Há forte tendência de turbulência no encontro lateral das chamas, aumentando o perigo de crestamento. Mudança de direção do vento pode produzir indesejável fogo a favor do vento. Figura 5 - Queima de flancos. Voltar ao sumário 4.2.4. Queima em "V"   Esta técnica foi desenvolvida para uso em áreas acidentadas, partindo- se sempre do topo para a base das montanhas. As linhas de fogo devem ser iniciadas, simultaneamente, de um único ponto, no local mais alto e prosseguirem montanha abaixo, de forma radial (Figura 6). Basicamente, esta técnica envolve o mesmo conceito da queima de flanco, exceto que as linhas de fogo são radiais ao invés de paralelas. Apresenta, por isto mesmo, as mesmas vantagens e desvantagens que aquela técnica. Figura 6 - Queima em "V". Voltar ao sumário 4.2.5. Queima em manchas   Consiste em se acender uma série de pontos ou círculos de fogo, os quais queimam em todas as direções mas vão se encontrando antes que se tornem muito grandes e se propaguem violentamente (Figura 7). Os círculos de fogo devem ser colocados de 40 a 100 m de distância um do outro. Uma equipe eficiente pode queimar grandes áreas em curto espaço de tempo usando este método. Ele pode ser usado com ventos moderados e variáveis, em diferentes concentrações de combustível. É barato porque não necessita de aceiros intermediários. A desvantagem do método é que ele pode criar manchas quentes se a distância entre os pontos for mal calculada e portanto requer considerável experiência. Necessita também de acesso ao interior da área.   Figura 7 - Queima em manchas. Voltar ao sumário 4.2.6. Queima central ou em anel   Neste método, vários pontos de fogo, em forma mais ou menos circulares, são acesos no centro da área. A propagação destes pontos de fogo vai acelerar à medida que a liberação de calor aumenta, formando uma ativa coluna de convecção. Em áreas maiores que 4 ha, uma segunda série de pontos de fogo (formando um anel em volta da primeira) é iniciada, entre 15 e 30 m do limite externo da área (Figura 8). Devido à forte coluna de convecção criada na região central, o fogo não se propaga com muita intensidade na direção dos limites externos da área. Isto facilita o trabalho do pessoal ao redor da área e reduz a possibilidade do fogo ultrapassar os limites da mesma. No entanto, é preciso cuidado pois a violenta coluna de convecção pode lançar fagulhas a grandes distâncias, podendo originar focos de incêndio fora da área queimada. Este método é utilizado onde se necessita alta intensidade de fogo, como por exemplo eliminação de resíduos de exploração para preparo do terreno para plantio ou queimas para melhorar o habitat da fauna silvestre em pequenas aberturas ou clareiras na floresta.   Figura 8 - Queima central ou em anel.   Voltar ao sumário 4.3. Condições para a execução da queima   Determinar se há realmente necessidade de se usar o fogo no manejo da floresta é o primeiro passo para a aplicação da queima controlada. Esta determinação deve se basear numa clara e precisa avaliação dos propósitos e objetivos da queima, bem como um balanço dos benefícios e os eventuais danos da mesma. Deve-se sempre considerar que os efeitos do fogo sobre qualquer área não são totalmente daninhos nem totalmente benéficos. Consequentemente, ao se usar a queima controlada, o objetivo real é maximizar os benefícios líquidos do fogo sobre a área considerada. Quando se aplica a queima controlada em áreas florestais, é importante estabelecer a estação do ano mais favorável, a melhor hora do dia e o correto intervalo entre as queimas. Voltar ao sumário 4.3.1. Estação do ano   Decidir sobre a melhor estação do ano para se fazer a queima controlada às vezes não é fácil. A decisão depende de vários fatores, tais como objetivo da queima, tipo de vegetação, época de maior perigo de incêndio, quantidade de combustível, hábitos da fauna silvestre e condições climáticas. Normalmente, as melhores estações para se queimar são o outono e o inverno, apesar de às vezes, dependendo dos objetivos, ser viável utilizar o fogo em outras épocas do ano. Em locais onde as estações são bem diferenciadas, as queimas no outono e inverno oferecem menor risco, porque os tecidos dormentes podem suportar exposições mais longas à altas temperaturas sem sofrer danos. Se o objetivo da queima requer intensidade mais altas, como por exemplo preparo do terreno ou eliminação de espécies indesejáveis, talvez o verão seja a estação mais indicada, devido a temperatura do ar ser mais alta. Queimas durante a primavera, entretanto, quase nunca são recomendáveis, devido à intensa atividade vegetativa das árvores e, principalmente, pelos danos potenciais à fauna. Brender e Cooper (1968) compararam as queimas de verão com as queimas de inverno na redução do material combustível em povoamentos de Pinus taeda, no sudeste dos EUA. O s resultados indicaram que o consumo do material depositado no piso da floresta (serapilheira) foi maior no verão do que no inverno, mas a intensidade do fogo foi mais dependente da técnica de queima utilizada do que da estação do ano. (Tabela 4).   Tabela 4 - Dados do comportamento do fogo em queimas controladas e a favor do vento, no verão e no inverno, em povoamentos de Pinus taeda. "Tipo de queima "Velocidade de"Consumo de combustível "Intensidade " " "propagação do"por hectare "do fogo– " " "fogo – m/s. " "kcal/m.s " " " "toneladas "% " " "Inverno "0,007 "5,50 "38 "17,0 " "(contra o " " " " " "vento) " " " " " "Verão "0,006 "6,25 "46 "16,5 " "(contra o " " " " " "vento) " " " " " "Inverno "0,044 "6,00 "40 "116,4 " "( favor do " " " " " "vento) " " " " " "Verão "0,050 "7,25 "53 "154,3 " "( favor do " " " " " "vento) " " " " "   Outro fator a considerar quando se determina a melhor estação para se queimar é que as árvores eventualmente danificadas pelo o fogo na primavera ou no verão estarão sujeitas ao ataque de insetos antes de terem tempo de se recuperar. Por outro lado, as árvores danificadas no outono ou inverno terão mais tempo para se recuperarem, até a chegada da estação de maior proliferação dos insetos. Voltar ao sumário 4.3.2. Hora do dia   A determinação da melhor hora do dia para iniciar uma queima é geralmente feita com base na necessidade de controle do fogo, objetivos da queima e aspectos de dispersão da fumaça, exatamente nessa ordem de prioridade. Queimas bem sucedidas tanto podem ser feitas durante o dia como à noite, embora o período diurno seja geralmente mais favorável. Apesar de que por razões administrativas e econômicas e ainda por possibilitar melhor dispersão da fumaça, o período diurno seja preferido, existem circunstâncias que requerem queimas noturnas. A primeira redução de material combustível no interior de uma plantação jovem é um exemplo da necessidade de queima noturna. Devido às condições climáticas, temperatura mais baixa e umidade mais alta, a intensidade do fogo é menor e consequentemente o risco de danos às árvores é sensivelmente reduzido. Voltar ao sumário 4.3.3. Intervalo entre as queimas Provavelmente o mais importante uso da queima controlada seja a redução do material combustível, a fim de evitar riscos de danos maiores caso ocorra um incêndio incontrolado. Por este motivo os estudos para se determinar o melhor intervalo entre as queimas são geralmente orientados no sentido de se estabelecer os intervalos entre acumulações críticas de combustível. Queimas em intervalos muitos curtos, anuais, por exemplo, podem contribuir para a gradativa degradação do solo. Por outro lado, intervalos muito grandes permitem o acúmulo de perigosas quantidades de combustível, aumentando o potencial de danos ao povoamento caso ocorra um incêndio. Mobley et alii (1973) afirmam que nos povoamentos de Pinus do sudeste dos EUA, intervalos de 3 anos são os mais adequados, pois não prejudicam o solo e mantém a quantidade de material combustível em níveis seguros.   Voltar ao sumário 4.4. Plano de queima   A queima controlada é um trabalho altamente técnico, que exige conhecimentos do comportamento do fogo, seus efeitos sobre o ambiente e técnicas de combate. Por este motivo, a elaboração de um plano escrito e detalhado é recomendável para cada queima. Os principais pontos abordados em um plano de queima controlada são: Descrição e localização da área a ser queimada - o plano deve começar pela descrição da área, incluindo tipo de vegetação, topografia, tipo e quantidade de combustível e quantidade de hectares a serem queimados. É conveniente também apresentar um mapa detalhado da área, mostrando seus limites, aceiros, estradas e outros detalhes importantes; Objetivos da queima - é muito importante incluir no plano os objetivos a serem atingidos e as razões para se usar o fogo. Deve se indicar o que se espera que o fogo faça na área, isto é, se ele vai eliminar algumas espécies ou se vai consumir material combustível e que quantidade vai ser consumida. É importante também apresentar um resumo dos aspectos do comportamento do fogo esperados, ou seja, a intensidade e a altura máxima de crestamento permitidas. Estas informações são essenciais para a avaliação da queima; Condições climáticas ideais - com base no comportamento do fogo esperado, deve-se estabelecer os limites dos fatores climáticos, principalmente temperatura do ar, velocidade e direção do vento, umidade relativa e índice de perigo do fogo, sob os quais a queima pode ser feita sem riscos de danos ao ambiente; Técnica de queima - o método de queima a ser usado depende da quantidade de combustível e da intensidade do fogo desejada. Quando a quantidade de combustível é grande, queimas menos intensas podem ser feitas sob condições de umidade mais alta e utilizando-se técnicas que não permitam a rápida propagação do fogo, como a queima contra o vento por exemplo; Vigilância, controle e rescaldo - um plano bem elaborado deve incluir todos os detalhes necessários para a perfeita segurança de queima. Pessoal e equipamentos necessários para a realização da queima devem ser devidamente dimensionados e incluídos no plano. O esquema de vigilância, durante todo o transcorrer da queima é também muito importante, para evitar que o fogo atinja áreas adjacentes ou escape ao controle. Finalmente depois de queimada toda a área, é necessário fazer o rescaldo, eliminando-se todos os vestígios de fogo remanescentes; Avaliação da queima - deve-se deixar um espaço no plano de queima para a futura avaliação da mesma. Na avaliação deve-se registrar a data e a hora da queima, os aspectos do comportamento do fogo observados, isto é, velocidade de propagação, intensidade, altura de crestamento, e também a quantidade de combustível consumida. O registro das condições climáticas, comportamento do fogo e efeitos sobre o ambiente são essenciais para se determinar a eficiência da queima.   Voltar ao sumário   5. Índices de perigo de incêndio     Índices de perigo de incêndio são números que refletem, antecipadamente, a probabilidade de ocorrer um incêndio, assim como a facilidade do mesmo se propagar, com base nas condições atmosféricas do dia ou de uma seqüência de dias. No passado, a tendência dos técnicos florestais era dedicar maior atenção às atividades de supressão do fogo, analisando e procurando aperfeiçoar os métodos de combate então disponíveis. A tendência moderna, no entanto, é dedicar mais atenção às fases de prevenção e pré-supressão, pois é muito mais vantajoso, sob todos os aspectos, evitar um incêndio ou mesmo atacá-lo imediatamente após seu início, do que combatê-lo após estabelecido e em franca propagação. De acordo com a filosofia de dedicar maior atenção à prevenção, começaram a ser desenvolvidos os índices de perigo de incêndio, os quais têm sido continuamente aperfeiçoados. Segundo Wiliams (1976), até 1920 não se havia pensado seriamente, no Canadá, no uso sistemático de dados meteorológicos para desenvolver estimativas do grau de perigo de incêndio. Desde essa época, porém, tabelas de perigo de incêndio começaram a ser construídas, para todas as partes do país, através de interrelações existentes entre clima, umidade do combustível e comportamento do fogo. Segundo Coutryman (1966), nos EUA, desde o início do século, pesquisadores trabalhando no campo da proteção à floresta, haviam percebido as variações do comportamento do fogo com as diferenças de clima, combustível e topografia. Geralmente, eles faziam avaliações qualitativas dessas diferenças. Finalmente, em 1933, Gisborne pela primeira vez estruturou um índice de perigo de incêndio, ao elaborar uma escala do grau de perigo de incêndio. A escala de Gisborne, baseada em diversos componentes do clima, era composta por sete classes de perigo. Seguindo o mesmo princípio, isto é, usar variáveis ou componentes do clima, numerosos outros sistemas de predição do grau de perigo de incêndio foram desenvolvidos, em diversos países do mundo. Os serviços florestais do Canadá e dos EUA, por exemplo, desenvolveram em 1970 e 1972, respectivamente, índices nacionais, para padronizar os sistemas de avaliação do grau de perigo em cada país. No Brasil, até 1963 não se tinha notícia de nenhuma tabela ou equação de previsão do perigo de incêndios. Ao final daquele ano, devido ao grande incêndio ocorrido no Estado do Paraná, a Divisão de Estudos e Pesquisas Meteorológicas do Serviço do Meteorologia do Ministério da Agricultura, divulgou duas equações para estimativa do grau de perigo de incêndios, considerados os mais viáveis às condições climáticas e estruturais do país, os índices de Angstron e de Nesterov. Em 1972, Soares (1972), utilizando dados da região central do Estado do Paraná, desenvolveu o primeiro índice de perigo de incêndio do país, a Fórmula de Monte Alegre. A estrutura dos índices de perigo de incêndio é fundamentalmente baseada na variação de certos fatores meteorológicos. Raciocinando-se em termos de uma determinada área florestal, pode-se distinguir dois tipos de fatores determinantes do grau de perigo do incêndio: os de caráter permanente (material combustível, tipo de floresta e topografia) e os variáveis (condições climáticas). Os fatores de caráter permanente não são apropriados para a determinação do grau de perigo do ocorrência de incêndios pois, a curto prazo, não variam. Sempre há, por exemplo, possibilidade de se produzir um incêndio em uma floresta levando-se em consideração apenas os fatores de caráter permanente. Eles são úteis em índices mais complexos, que estimam a velocidade de propagação e o potencial de danos dos incêndios. Os fatores variáveis por sua vez apresentam uma base sólida para a determinação apenas do grau de perigo de ocorrência. Os índices de perigo de incêndio podem, empiricamente, ser divididos em dois grupos, índices de ocorrência e índice de propagação. Os primeiros estimam especialmente a probabilidade de ocorrência de um incêndio, isto é, se existem condições favoráveis ou não para o início da combustão. Os do segundo grupo, através da incorporação da velocidade do vento e alguns fatores de caráter permanente, além das condições de combustão oferecem também uma previsão do comportamento do fogo, isto é, das condições de propagação do mesmo. Todos os índices atualmente utilizados no país pertencem ao primeiro grupo. O conhecimento dos índices de perigo de incêndio é fundamental dentro de um plano de prevenção e combate aos incêndios florestais, por permitir a previsão das condições de perigo, possibilitando dessa maneira a adoção de medidas preventivas em bases mais eficientes e econômicas. O planejamento do setor de prevenção deve ser ajustado às mudanças do grau de perigo, a cada dia, a fim de cumprir com os objetivos de controle dos incêndios dentro de limites razoáveis de custos. A concentração de muitos recursos no controle dos incêndios torna-se excessivamente cara e, por outro lado, a limitação de recursos a níveis muito baixos pode ser muito perigosa.   Voltar ao sumário 5.1. Principais índices de perigo de incêndio   Os principais índices de perigo de incêndio usados por organizações de prevenção e combate a incêndios florestais no país são apresentados a seguir. ¬ Índice de Angstron Desenvolvido na Suécia, este índice baseia-se fundamentalmente na temperatura e umidade relativa do ar, ambos medidos diariamente às 13 horas. A equação do índice é a seguinte: sendo: B = índice de Angstron H = umidade relativa do ar em % T = temperatura do ar em °C   Sempre que o valor de "B" for menor do que 2,5 haverá risco de incêndio, isto é, as condições atmosféricas do dia estarão favoráveis à ocorrência de incêndios. ¬ Índice Logarítmico do Telicyn Desenvolvido na URSS, este índice tem como variáveis as temperaturas do ar e do ponto de orvalho, ambas medidas às 13 horas. O índice é acumulativo, isto é seu valor aumenta gradativamente, como realmente acontece com as condições de risco de incêndio, até que a ocorrência de uma chuva o reduza a zero, recomeçando novo ciclo de cálculos. Sua equação é a seguinte: Sendo: I = índice de Telicyn T = temperatura do ar em oC PO = temperatura do ponto de orvalho em °C log = logaritmo na base 10   Restrição do índice: sempre que ocorrer uma precipitação igual ou superior a 2,5 mm, abandonar a somatória e recomeçar o cálculo no dia seguinte, ou quando a chuva cessar. No(s) dia(s) de chuva o índice é igual a zero. Como o índice é acumulativo, a interpretação do grau de perigo é feita através de uma escala (Tabela 5).   Tabela 5 - Escala de perigo do índice logarítmico de Telicyn. "Valor de I "Grau de perigo " "( 2 "Nenhum " "2,1 a 3,5 "Pequeno " "3,6 a 5,0 "Médio " "> 5,0 "Alto "   ¬ Índice de Nesterov Desenvolvido na URSS e aperfeiçoado na Polônia, este índice tem como variáveis a temperatura e o déficit de saturação do ar, ambos medidos diariamente às 13 horas. O índice de Nesterov, que também é acumulativo, tem a seguinte equação básica:     sendo: G = Índice de Nesterov d = déficit de saturação do ar em milibares T = temperatura do ar em oC   O déficit de saturação do ar, por sua vez, é igual a diferença entre a pressão máxima de vapor d'água e a pressão real de vapor d'água, podendo ser calculado através da seguinte expressão: Sendo: d = déficit de saturação do ar em milibares E = pressão máxima de vapor d'água em milibares H = umidade relativa do ar em % No índice de Nesterov, a continuidade da somatória é limitada pela ocorrência de uma série de restrições (Tabela 6).   Tabela 6 - Restrições à somatória do índice de Nesterov, de acordo com a quantidade de chuva do dia. "Chuva do dia (em mm) "Modificação no cálculo " "( 2,0 "Nenhuma " " " " "2,1 a 5,0 "Abater 25 % no valor de G calculado na " " "véspera e somar (d.t) do dia. " "5,1 8,0 "Abater 50 % no valor de G calculado na " " "véspera e somar (d.t) do dia. " "8,1 a 10,0 "Abandonar a somatória anterior e " " "recomeçar novo cálculo, isto é, G = (d.t)" " "do dia. " "> 10,0 "Interromper o cálculo (G = 0), " " "recomeçando a somatória no dia seguinte " " "ou quando a chuva cessar. "   A interpretação do grau de risco estimado pelo índice é feito através de uma escala de perigo (Tabela 7).   Tabela 7 - Escala de perigo do índice de Nesterov. "Valor de G "Grau de perigo " "( 300 "Nenhum risco " "301 a 500 "Risco pequeno " "501 a 1000 "Risco médio " "1001 a 4000 "Grande risco " "> 4000 "Altíssimo risco " ¬ Fórmula de Monte alegre Desenvolvido através de dados da região central do Estado do Paraná, este índice, também acumulativo, tem como única variável a umidade relativa do ar, medida às 13 horas. A sua equação básica é a seguinte: Sendo: FMA = Fórmula de Monte Alegre H = umidade relativa do ar (%), medida às 13 horas n = número de dias sem chuva   Sendo acumulativo, o índice está sujeito às restrições de precipitação, como mostra a Tabela 8.   Tabela 8. Restrições à somatória de FMA, de acordo com a precipitação do dia. "Chuva do dia (em mm) "Modificação no cálculo " "( 2,4 "Nenhuma " " " " "2,5 a 4,9 "Abater 30% na FMA calculada na " " "véspera e somar (100/H) do dia. " "5,0 a 9,9 "Abater 60% na FMA calculada na " " "véspera e somar (100/H) do dia. " "10,0 a 12,9 "Abater 80% na FMA calculada na " " "véspera e somar (100/H) do dia. " "> 12,9 "Interromper o cálculo (FMA = 0) e " " "recomeçar a somatória no dia " " "seguinte. " A interpretação do grau de perigo estimado pela FMA e também feita através de uma escala (Tabela 9).   Tabela 9 - Escala de perigo da Fórmula de Monte Alegre. "Valor de FMA "Grau de perigo " "( 1,0 "Nulo " "1,1 a 3,0 "Pequeno " "3,1 a 8,0 "Médio " "8,1 a 20,0 "Alto " "> 20,0 "Muito alto "   Voltar ao sumário 5.2. Utilidades dos índices de perigo de incêndios.   Dentre as diversas utilidades e aplicações dos índices de perigo de incêndio pode-se destacar: Conhecimento do grau de perigo - ao estimar a probabilidade de ocorrência de incêndios, desde que exista uma fagulha para iniciar a combustão, os índices permitem, diariamente, um conhecimento do grau de perigo a que está sujeita a área florestal; Planejamento do controle de incêndios - as medidas preventivas ou mesmo pré-supressão, devem ser intensificadas à medida que os valores dos índices aumentam. Por outro lado, quando o índice indica não haver perigo de incêndio ou quando ele é pequeno, as medidas de prevenção e prontidão para eventuais combates podem ser atenuadas, conseguindo-se assim uma grande economia no setor de proteção, pois tanto o pessoal como alguns equipamentos usados neste setor podem ser designados para outros trabalhos; Permissão para queimas controladas - segundo o Código Florestal, as queimas controladas somente podem ser feitas mediante autorização do poder público. O índice de perigo de incêndio deve ser um dos fatores fundamentais a se levar em consideração para a concessão de permissão para queima. Quando o perigo é alto ou muito alto, não se deve permitir queimas pois o risco do fogo escapar e se transformar em incêndios incontrolados é muito grande; Estabelecimento de zonas de perigo - o acompanhamento dos valores dos índices de perigo de incêndio durante certo tempo, em grandes regiões, permite estabelecer as zonas potencialmente mais perigosas ou mais propícias à ocorrência de incêndios. Considerando que o limite de validade e segurança dos índices é aproximadamente 40 Km de raio em torno da estação meteorológica que fornecem os dados, em um Estado, como o Paraná por exemplo, deve-se esperar diferenças significativas entre o grau de perigo das suas diversas regiões. Previsão do comportamento do fogo - os índices que estimam também a propagação e o potencial de danos, fornecem uma boa idéia de comportamento do fogo, caso ocorra um incêndio. Mesmo os índices de ocorrência, embora mais limitados, podem também dar uma indicação do que se deve esperar em termos de comportamento do fogo, que será certamente distinto se o incêndio ocorrer em um dia de perigo médio ou muito alto, por exemplo. Advertência pública do grau de perigo - a divulgação dos valores dos índices, através dos meios de comunicação disponíveis, é importante para que as pessoas que trabalham na floresta ou a usam como recreação, tenham conhecimento do grau de perigo de incêndio. Este conhecimento acompanhado de outros esclarecimentos, ajuda a formar na população uma maior conscientização para os problemas que os incêndios podem causar às florestas.   Voltar ao sumário   Literatura consultada     AHLGREN, I.F. e AHLGREN, C.E. Ecological effects of forest fires. Botanical Review 26:483-533. 1960.   ALMEIDA, A. e REGO. F. Caracterização dos ecossistemas portugueses e sua relação com o perigo de incêndio. In: REGO, F. e BOTELHO, H. A Técnica do fogo controlado. 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Research on logging slash disposal by fire. Tall Timber Fire Ecology annual conference proceedings: 229-234. 1969.   WILLIAMS, D.E. Forest fire control (in Canada). Forestry Chronicle 43(1): 83-92. 1967.   Voltar ao sumário   Pós-teste     Responda as questões apresentadas a seguir sem consultar o módulo.   1. 1. A prevenção de incêndios florestais envolve dois níveis de atividades: prevenção das fontes de fogo e redução da propagação. De que forma é possível atingir esses objetivos? 2. 2. Quais as dificuldades que existem para se aplicar as penalidades previstas em lei a quem provoca incêndios propositalmente em uma área florestal? Cite a lei em que se enquadraria esse tipo de crime. 3. 3. Dê exemplos que facilitem diferenciar a " aplicação da legislação" do "regulamento do uso" na prevenção de incêndios florestais. 4. 4. Você já ouvir falar ( e viu também) do "Smoke Bear", o usrso que é o símbolo da prevenção de incêndios florestais nos Estados Unidos da América? No Brasil foi criado recentemente o "Labareda", um tamanduá muito simpático que deve liderar as campanhas de prevenção de incêndios florestais no país. Qual a importância desse personagem nos programas de prevenção? A que público especialmente ele se destina? 5. 5. Cite "slogans" e frases de efeito que deveriam ser colocadas em out-doors e painéis ao longo das estradas que cruzam áreas florestais e unidades de conservação, que você acha que dariam resultado em uma campanha para reduzir os incêndios florestais decorrentes de pessoas que transitam com veículos por essas estradas. 6. 6. Quais as informações básicas necessárias para se elaborar um plano de prevenção de incêndios florestais? 7. 7. Qual(is) a(s) diferença(s) básica(s) entre incêndio florestal e queima controlada? 8. 8. Quais os principais problemas que podem ser corrigidos pelo uso do fogo controlado em áreas florestais? 9. 9. Quais técnicas de queima você utilizaria para resolver os seguintes casos: a- a- Redução do material combustível no interior de povoamentos florestais; b- b- Abertura de clareiras para melhoria da alimentação para a fauna silvestre; c- c- Queima em área montanhosa; d- d- Eliminação dos resíduos de exploração. 10. 10. Sendo a queima controlada um trabalho altamente técnico, é necessário a elaboração de um plano detalhado para cada queima que se pretende realizar. Quais os principais pontos a serem abordados nesse plano? 11. 11. Os fatores que determinam o grau de perigo de incêndios de um área florestal são de caráter permanente e de caráter variável desta área. Cite exemplos desses dois tipos de fatores. Por quê os fatores permanentes não são apropriados para a elaboração de índice de grau de perigo de ocorrência de incêndios? 12. 12. Diferencie os seguintes de índices de perigo de incêndios: "índice de ocorrência" de "índice de propagação". 13. 13. Com os dados abaixo calcule os índices de perigo de incêndios de Angstron, Telicyn e FMA, fornecendo o grau de perigo para cada dia. 14. "Dia "Temperatura (oC) "Umidade relativa (%) "Precipitação (mm) " "10 "13 "95 "17 " "11 "19 "91 " " "12 "25 "64 " " "13 "25 "64 " " "14 "23 "64 " " "15 "24 "77 " " "16 "25 "70 " " "17 "25 "54 " " "18 "17 "82 "8 " "19 "23 "74 " " "20 "22 "68 " " "21 "17 "70 " " "22 "15 "78 " " "23 "15 "82 "5 " "24 "20 "56 " " "25 "25 "57 " " "26 "18 "90 "5 " "27 "17 "61 " " "28 "19 "54 " " "29 "21 "57 " " "30 "21 "65 "2 "     Voltar ao sumário   Respostas do pré-teste     "Questões "Respostas " "1 "F " "2 "F " "3 "V " "4 "V " "5 "F " "6 "F " "7 "F " "8 "V " "9 "F " "10 "F " "11 "F " "12 "F " "13 "F " "14 "V " "15 "F " "16 "F " "17 "F " "18 "F " "19 "F "