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Minerais Na Nutrição De Monogástricos - Parente

Revisão sobre minerais na nutrição de monogástricos

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MINERAIS NA NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS (Ca, P, K, Na Cl) ARAGUAÍNA-TO 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ARAGUAÍNA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA DISCIPLINA: NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS PROFESSOR: GERSON F. DA SILVA MINERAIS NA NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS (Ca, P, K, Na Cl) Seminário apresentado como requisito para obtenção parcial da nota na disciplina de Nutrição de Monogástricos do curso de Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins. ACADÊMICOS: Ranniere Rodrigues e Rhaiza Alves. ARAGUAÍNA-TO 2012 MINERAIS NA NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS (Ca, P, K, Na Cl) INTRODUÇÃO E HISTÓRICO Os elementos minerais, apesar de serem aproximadamente 4% da constituição do corpo dos animais adultos, mais especificamente 3 a 4% do peso vivo das aves e 2,8 a 3,2% do peso vivo dos suínos, são nutrientes que, juntamente com a energia e a proteína, desempenham funções essenciais para o desempenho satisfatório. Quatro elementos orgânicos (carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio), respondem por 96% do peso dos animais (sem o conteúdo gastrintestinal) e cerca de 40 outros aparecem no organismo de forma mensurável em quantidades e concentrações muito variáveis. Segundo Bertechinni (2006), os primeiros estudos sobre fontes de minerais para rações datam da década de 50, onde se iniciou a suplementação mineral para resolver problemas ósseos e de desempenho das aves. Por outro lado, a importância da suplementação mineral para aves e suínos, aumentou nos últimos anos devido a uma série de fatores relacionados a produção desses animais como: melhoramento genético, resultando em animais com animais com maior velocidade de ganho de peso; leitegadas numerosas; alta precocidade; alta produção de ovos; modelo de criação em confinamento, retirando a possibilidade de contato direto com a terra, importante fonte mineral; retirada ou redução do uso de farinha de origem animal nas rações devido a problemas de doenças, sendo estas, fontes ricas de minerais; rações à base de ingredientes vegetais, pobres em minerais; uso de rações de maior densidade de nutrientes, implicando também em aumento da suplementação dos minerais e aumento da preocupação com a excreção mineral no ambiente. Assim todos estes fatores influíram de forma decisiva em aumentar os cuidados no fornecimento mineral para uma adequada nutrição das aves e dos suínos modernos. Neste trabalho serão abordados os macrominerais cálcio (Ca), fósforo (P), os quais apresentam uma estreita correlação no metabolismo orgânico principalmente no que se refere à absorção e níveis séricos, bem como na formação dos ossos. Também serão abordados o sódio (Na), potássio (K) e cloro(Cl), que juntos são responsáveis pelo balanço eletrolítico, ou seja, o equilíbrio iônico dos fluidos orgânicos que regula o balanço ácido-básico para manutenção da homeostase orgânica. CLASSIFICAÇÃO Os sete elementos minerais presentes no organismo, em proporção superior a 70 mg/kg PV, são denominados macros elementos, sendo: cálcio (Ca), fósforo (P), magnésio (Mg), sódio (Na), potássio (K), cloro (Cl) e enxofre (S). Estes elementos estão presentes no organismo em diferentes percentagens (tabela 1), entretanto o cálcio se destaca como elemento presente em maior quantidade devido sua participação na constituição dos ossos. O organismo contém outros elementos, que se encontram em proporção inferior a 70 mg/kg PV, conhecidos como micro elementos ou elementos traços. Os que apresentam funções já definidas são: ferro (Fe), cobre (Cu), cobalto (Co), manganês (Mn), zinco (Zn), Iodo (I), selênio (Se), molibdênio (Mo), cromo (Cr), flúor (F), estanho (Sn), vanádio (Va), silício (Si), níquel (Ni) e arsênico (As). Tabela 1 – Concentração de macro e microminerais no corpo animal. Elemento Concentração no Corpo Animal Porcentagem (%) Grama (g) Cálcio 1,5 1.050 Fósforo 1,0 700 Potássio 0,35 245 Enxofre 0,25 175 Sódio 0,15 105 Cloro 0,15 105 Magnésio 0,05 35 Ferro 0,004 3 Manganês 0,0003 0,2 Cobre 0,0002 0,1 Iodo 0,00004 0,03 Fonte: Adaptado de Nunes (1998). Os níveis de macro elementos no soro sanguíneo, especialmente os de cálcio, magnésio, potássio e cloro, se mantêm dentro de margens relativamente estreitas e reguladas por controle hormonal. A manutenção das concentrações dos componentes corporais do meio interno se processa devido ao fenômeno denominado homeostase. FUNÇÕES GERAIS DOS MINERAIS De maneira geral os minerais atuam no organismo animal desempenhando as mais variadas funções. No entanto, podem ser destacadas algumas mais relevantes como sua participação na formação do tecido conectivo, bem como a manutenção da homeostase dos fluidos orgânicos e do equilíbrio da membrana celular. Os minerais atuam ainda como catalisadores de reações bioquímicas, principalmente relacionada com os microelementos incorporados ou associados às enzimas, coenzimas ou co-fatores, metaloproteínas e hormônios, estes elementos têm papel fundamental como reguladores da velocidade (Ortolani, 2002). Os cofatores enzimáticos são enzimas que precisam de íons, chamadas metaloenzimas, e o íon pode atuar de várias formas: como centro catalítico primário, no sítio ativo da enzima; como complexo de coordenação ou grupo de união entre o substrato e a enzima; como estabilizador da conformação da enzima. Exemplos de metaloenzimas; anidrase carbônica (Zn2+), citocromo oxidase (Cu+), glutation peroxidase (Se) (MacDonald et al., 2002). Os minerais exercem ainda efeito direto ou indireto sobre as funções das glândulas endócrinas e sobre a micloflora simbiótica do trato gastrointestinal. Além disso, participam também do processo de absorção e transporte dos nutrientes no organismo. BIODISPONIBILIDADE Segundo Nunes (1998), biodisponibilidade biológica pode ser definida como a proporção de um nutriente presente no alimento que é absorvida pelo animal e utilizada nas funções biológicas. Diversos fatores interferem na absorção e utilização dos minerais, entre eles, citam-se a espécie, idade e o estádio fisiológico do animal, a forma química em que o elemento está presente no alimento ou no intestino, a presença de quelantes no alimento ou no intestino, e ainda, substâncias que interferem com a utilização como os bociogênicos. Conhecer a disponibilidade do fósforo é importante pelo menos por duas razões. Primeiro, as rações de monogástricos devem ser calculadas em fósforo disponível e, segundo, o fósforo não disponível, ingerido com os alimentos, é excretado nas fezes, tornando-se um grande poluente ambiental. Para o cálcio, não há grandes vantagens em se calcular rações em termos de cálcio disponível por que pouco se sabe sobre a disponibilidade do cálcio nos alimentos e também por que o cálcio dos suplementos é consistentemente de alta disponibilidade (Cromwell, 1992). Em geral, nos alimentos de origem vegetal, cerca de 30% do fósforo total é considerado não fítico ou disponível para aves, e de 20 a 60% para suínos, lembrando-se que quanto mais jovem, menos capaz de é o suíno ou ave em utilizar o fósforo fítico. CÁLCIO E FÓSFORO Introdução e histórico A palavra cálcio vem do latim calcium, foi isolado pela primeira vez em 1808, numa forma impura, pelo químico inglês Humphry Davy. Davy sabia que dois outros químicos, Berzelius e Pontin, haviam preparado uma amálgama de cálcio, pela eletrólise de óxido de cálcio em mercúrio, assim, posteriormente, Davy conseguiu obter o cálcio, ainda impuro, ao eletrolisar uma mistura dos óxidos de cálcio (CaO) e de mercúrio (HgO). Muitos compostos de cálcio já eram conhecidos na Antigüidade pelos indianos, egípcios, gregos e romanos. No século I, os romanos já preparavam a cal, ou calx, óxido de cálcio. Em 975 d.C., o gipso desidratado (gesso, CaSO4) já era citado na literatura, sendo utilizado para ―engessar‖ pernas e braços quebrados, tanto o gesso como o óxido de cálcio, cal virgem, já eram usados para a fabricação de argamassas para revestimento e fixação de tijolos, à semelhança do que fazemos ainda hoje. O fósforo, por sua vez, é o primeiro elemento objeto de descoberta de que há registo histórico. Em 1669, um alquimista alemão chamado Henning Brand conseguiu obter fósforo elementar através da destilação da urina, tendo escrito uma carta a Leibniz a relatar a sua descoberta. É bastante provável que, já no século XII, os alquimistas árabes tenham obtido o elemento por este processo. No entanto, o respectivo crédito é dado a Brand. O nome do fósforo tem origem grega e significa "possui brilho" devido à sua propriedade de brilhar no escuro quando exposto ao ar. Considerações químicas O cálcio é um elemento químico de símbolo Ca, com número atômico 20 (20 prótons e 20 elétrons) e massa atómica 40. É um metal da família dos alcalino-terrosos, pertencente ao grupo 2 da classificação periódica dos elementos químicos. Trata-se de um metal leve, de brilho prateado, mole, maleável e dúctil que arde com chama vermelha formando óxido de cálcio e nitreto. Seu ponto de fusão é 842-848º C e o de ebulição eleva-se a 1.494º C. Embora só se encontre em combinações minerais, o cálcio ocupa lugar entre os elementos mais abundantes na crosta terrestre (com cerca de 3,64%). O mais difundido dos minerais que contêm é a calcita (variedade cristalina do carbonato de cálcio, CaCO3), que entra na decomposição do mármore, das rochas calcárias, das gredas e dolomitas, das estalactites, bem como produtos orgânicos como o coral e as pérolas. Outros minerais em que entra o cálcio são a apatita — fosfato de cálcio, Ca3(PO4)2 — e o gesso — sulfato de cálcio, CaSO4. Fósforo é um elemento químico não-metálico, de símbolo P e número atômico 15, incluído no grupo 5A do sistema periódico, que corresponde ao dos nitrogenóides, muito inflamável, luminoso na obscuridade. Se apresenta no estado sólido, com colorações em vermelho, branco e preto. O seus pontos de fusão e ebulição são, respectivamente 44,15 ºC e 44,15 ºC e sua densidade é 1823 Kg/m3. Principais Fontes Existem várias fontes de cálcio para rações de aves e suínos. Os ingredientes vegetais possuem baixos teores desse elemento. Sendo que os cereais são os que possuem as menores quantidades. As farinhas de origem animal apresentam boas porcentagens de cálcio, porém, as principais fontes são de origem inorgânica, que às vezes também são fontes de fósforo. A principal fonte de cálcio para rações de aves é o calcário calcítico. A granulometria do calcário é o principal fator que afeta a solubilidade do cálcio. À medida que se eleva a granulometria reduz-se a sua solubilidade in vitro. Apesar da granulometria influir diretamente na solubilidade do calcário, existe também a variação da dureza da fonte. Calcários mais moles apresentam solubilidades in vitro com granulometrias também maiores. Este fato implica em conhecer a identidade da fonte para poder adequar a sua granulometria e o nível de cálcio da dieta para melhor retenção de cálcio. O ideal para poedeiras é que o calcário não ultrapasse 12% de solubilidade in vitro. Para frangos de corte, o ideal é que a fonte apresente alta solubilidade in vitro (> 20%), sendo obtida com calcários finamente moídos (granulometria < 0,3 mm), enquanto que para poedeiras essa baixa solubilidade supracitada seria indicada (granulometria entre 1 e 2 mm para calcários duros e semiduros). A solubilidade in vivo dos calcários é outra medida interessante que poderá indicar a maior ou menor retenção do cálcio pelas aves. Verifica-se que ocorre aumento da solubilidade à medida que se eleva a granulometria (Rao e Roland, 1990 citados por Bertechini, 2006). Assim como o cálcio, o fósforo utilizado nas rações de aves e suínos também provém de diferentes fontes. A biodisponibilidade do fósforo varia entre as fontes. O fósforo inorgânico e o de fontes proteicas de origem animal são considerados como tendo 100% desse mineral disponível. No entanto, o fósforo de origem vegetal possui uma disponibilidade média de 1/3 do total analisado. A disponibilidade do fósforo vegetal depende do teor de ácido fítico presente. O feno de alfafa não possui fósforo fítico, enquanto que o farelo de arroz apresenta a maior fração de ácido fítico (86%) em relação ao total. Os vegetais possuem certa quantidade de fitase, que também pode contribuir na solubilização de parte do fósforo quelatado no fitato, porém, esta contribuição é pequena. Apesar de se considerar todo o fósforo inorgânico como sendo biodisponível, existem diferenças entre as fontes. A tabela 2, adaptada de Rostagno et al. (2011), apresenta o conteúdo de cálcio e fósforo, bem como a digestibilidade do P de alguns alimentos comumente utilizados nas dietas de aves e suínos. Tabela 2 – Conteúdo de Cálcio e Fósforo – Total, Fítico, Disponível e Digestível Verdadeiro – dos Alimentos (na matéria natural). P Digestível Verd. (%)1 Alimento Ca PT PFit Pdisp Aves Suínos % % % % Valor Coef Valor Coef Milho Soja Farelo (48%) Soja Casca Milheto Sorgo Baixo Tanino Trigo Farelo Mandioca Int. Raspa Algodão Farelo (39%) Arroz Farelo Girassol Farelo Babaçu Farelo F.Carne Osso (60%) Citrus Polpa Peixe Farinha (61%) Penas Farinha (75%) Sangue Farinha 0,03 0,31 0,50 0,04 0,03 0,14 0,20 0,43 0,11 0,35 0,12 7,40 1,57 4,70 0,35 0,23 0,25 0,63 0,14 0,31 0,26 0,97 0,09 1,03 1,67 1,03 1,23 3,70 0,20 2,41 0,63 0,22 0,19 0,39 0,03 0,21 0,18 0,64 0,06 0,59 1,43 0,69 0,82 0,13 - 0,06 0,24 0,11 0,10 0,08 0,33 0,03 0,44 0,24 0,34 0,41 3,33 0,07 2,41 0,63 0,22 0,10 0,28 0,04 0,12 0,09 0,48 0,03 0,39 0,48 0,40 2,29 1,81 0,35 0,20 40,8 45,0 30,0 38,0 36,0 50,0 38,0 37,8 29,0 39,0 62,0 75,0 56,0 92,0 Ca= Cálcio; PT= Fósforo Total; PFit= P Fítico; Pdisp= P disponível (PT – PFit). 1 Os valores entre parênteses correspondem as dietas peletizadas. 0,11 0,29 0,04 0,12 0,09 0,50 0,03 0,37 0,47 0,26 2,37 0,07 1,94 0,35 0,20 44,0 45,7 30,0 38,0 36,0 52,0 38,0 37,8 28,0 25,0 64,0 33,0 80,7 56,0 92,0 Funções fisiológicas e metabolismo O cálcio é essencial à formação e manutenção dos ossos e dentes (9899%), contração muscular e permeabilidade de membranas celulares, coagulação do sangue, como participante ativando ou estabilizando reações enzimáticas, na secreção de hormônios, metabolismo do glicogênio e divisão celular. Além disso, é essencial para a transmissão de estímulos nervosos, secreção normal do leite e para produção e qualidade da casca dos ovos. Sendo, portanto, necessário para o eficiente desempenho dos animais. O fósforo por sua vez, além da participação no esqueleto (80% do fósforo orgânico), está envolvido na maior parte das reações metabólicas do organismo, no metabolismo de gorduras, carboidratos e proteínas, nas reações metabólicas como a formação de energia (ATP, GTP, UDPG e fosfocreatina), na transmissão genética formando os ácidos nucleicos (RNA e DNA), como tampão no sangue e fluídos corporais. O cálcio e o fósforo da dieta são absorvidos principalmente no intestino delgado superior, particularmente o duodeno, a quantidade absorvida é dependente da fonte, proporção cálcio-fósforo, pH intestinal, ingestão de lactose e níveis de cálcio, fósforo, vitamina D, ferro, alumínio, manganês e gordura da dieta. Como é o caso da maioria dos nutrientes, quanto maior é a necessidade, mais eficiente é a absorção. A absorção aumenta até certo grau, ainda que não proporcionalmente, com o aumento da ingestão. A absorção de cálcio e fósforo é facilitada por um baixo pH intestinal, que é necessário para sua solubilidade. Assim, a secreção normal de ácido clorídrico ou H + é necessária para uma absorção eficiente. O baixo pH do duodeno favorece a maior absorção naquela área. A lactose também tem sido apontada como capaz de aumentar a absorção de cálcio. A principal e, possivelmente, única função da vitamina D é seu papel na absorção intestinal e celular de cálcio. Os sais de cálcio insolúveis, tais como o oxalato de cálcio formado a partir do ácido oxálico, passam pelo intestino sem ser absorvidos. Uma grande parte (60 a 80%) do fósforo total de grãos de cereais e sementes oleosas ocorre organicamente ligada como ácido fítico. O fósforo organicamente ligado, o fósforo em fitina, não é largamente disponível para animais monogástricos. A disponibilidade do fitato de fósforo para não-ruminantes varia com a fonte vegetal, como resultado da ocorrência natural de enzimas fitase em certas sementes (ex. trigo) mas ausentes ou em pequenas quantidades em outras (ex. semente de algodão). O excesso de gordura na dieta ou uma digestão pobre em gordura também podem reduzir a absorção de cálcio através da formação de sabões de cálcio insolúveis. Entretanto, pequenas quantidades de gordura melhoram a absorção do cálcio. Um excesso de ferro, alumínio ou magnésio interfere na absorção do fósforo através da formação de fosfatos insolúveis. O cálcio e o fósforo absorvidos no intestino pela via do sistema porta circulam através do corpo e são rapidamente retirados do sangue para uso pelos ossos e dentes durante períodos de crescimento. Alguma incorporação ao osso ocorre em todas as idades. O nível de cálcio plasmático é regulado pelo hormônio da paratireoide (PTH) e tirocalcitonina. O nível de fósforo está inversamente relacionado com o nível de cálcio no sangue. A tirocalcitonina diminui os níveis plasmáticos de cálcio e fósforo enquanto que o hormônio da paratireoide os eleva. O excesso de cálcio e fósforo é excretado pelos rins. O cálcio e o fósforo excretado nas fezes são amplamente os minerais da dieta que não são absorvidos, alguns provém dos sucos digestivos, incluindo a bile. Problemas decorrentes de deficiência e excesso A ingestão insuficiente de cálcio, fósforo ou até mesmo de vitamina D resultará em raquitismo nos animais jovens. Nos adultos, a deficiência de cálcio pode causar osteomalacia, uma desmineralização generalizada dos ossos que não deve ser confundida com a osteoporose. Segundo Bertechini et al. (2006) deficiência de cálcio e fósforo pode ainda resultar em sintomas como:  Crescimento retardado  Deformações ósseas (animais jovens)  Nascimento de leitões fracos e natimortos  Redução na produção de ovos  Produção de ovos com casca fina (altos índices de quebra) ou sem casca.  Fadiga de gaiola, provocada por osteoporose progressiva causada pela deficiência de cálcio dietético, afetando principalmente ossos longos.  Baixa fertilidade  Nódulos na junção costela-vértebra em aves, etc. Assim como a deficiência, o excesso de cálcio e fósforo dietético também podem acarretar problemas. O excesso de cálcio de alta solubilidade intestinal (granulometria fina) resulta em redução da absorção de fósforo, devido a formação de fosfatos insolúveis no intestino delgado. Por outro lado, o excesso de fósforo é mais prejudicial que o excesso de cálcio. A absorção de Ca independe do nível de P da dieta, entretanto, a absorção de do P é dependente da absorção do Ca. A utilização de calcário com alta solubilidade in vitro em níveis inadequados pode afetar a biodisponibilidade da maioria dos minerais. Trabalho realizado por Shoulten et al. (2002) evidenciou a redução da absorção de Zn e Mn quando se elevou os níveis de cálcio da dieta de frangos de corte. Exigências nutricionais e suplementação Segundo Swenson (1996), A natureza dos alimentos utilizados afeta marcadamente as necessidades tanto de fósforo como de cálcio nas dietas dos animais. De maneira geral, o crescimento, gestação e especialmente os animais em lactação requerem quantidades abundantes de cálcio e fósforo, e em algumas espécies a relação pode ser crítica. Uma relação cálcio e fósforo de 1:1 ou 2:1 é usualmente recomendada. A tabela 3 apresenta os valores encontrados por Rostagno et al. (2011) para as exigências nutricionais de cálcio e fósforo para frangos de corte. Para aves de postura, boa parte das exigências nutricionais de cálcio são direcionadas para a formação da casca do ovo. Segundo Bertechini et al. (2006), A casca do ovo é composta basicamente de carbonato de cálcio e representa 8,5 a 12% do peso do ovo. Á medida que aumenta o tamanho do ovo, cai aporcentagem da casca. Assim, ovos tipo jumbo (>66g), possuem cascas mais fina e com maiores chances de perdas por quebra. Um ovo tipo grande, de 58 gramas possui 5,6 gramas de cálcio casca (38% de cálcio) com 2,2 gramas de cálcio. Pesquisas tem revelado que a taxa de absorção de cálcio é de aproximadamente 60¨%. Logo, haveria uma necessidade dietética de 3,5 gramas de cálcio. Considerando um consumo de ração de 100 g, o nível de cálcio atenderia as exigências diárias. As poedeiras têm um período de consumo diário de aproximadamente 17 horas, o que resultaria em uma retenção de 100mg de cálcio por hora. Considerando um ovo contendo 2,2 g de cálcio e a taxa de absorção deste elemento de 100mg/hora, durante 24 horas absorveria 2,4 gramas, que atenderia as necessidades e formação da casca (BERTECHINI et al. 2006). A tabela 4 apresenta as exigências de cálcio, fósforo disponível e fósforo digestível para poedeiras leves e aves de reposição leves, bem como as de matrizes e codornas em postura, determinadas por Rostagno et al. (2011). Devem ser evitados altos níveis de cálcio e fósforo nas rações de suínos, que além de afetar o desempenho dos animais, aumentam a contaminação do meio ambiente. A relação Ca:P disponível deve ser mantida em 2,03:1 e em 2,08:1 para relação Ca:P digestível nos níveis recomendados (ROSTAGNO et al. 2011). Nas tabelas 5 e 6, são apresentadas as exigências de cálcio, fósforo disponível e fósforo digestível para suínos machos castrados e matrizes em gestação e lactação, respectivamente. Tabela 5 – Exigências Nutricionais de Suínos Machos Castrados de Alto Potencial Genético com Desempenho Médio. Fase Pré-Inicial II Inicial 9,3 a 15 15 a 30 30 a 50 50 a 70 70 a 100 100 a 120 Idade, dias 33-42 42-67 68-91 92-112 113-140 141-160 E. Metab., kca/kg 3.375 3.230 3.230 3.230 3.230 3.230 Cálcio, % Fósf. Disp., % Fósf. Digest., % 0,825 0,450 0,410 0,733 0,363 0,351 0,630 0,311 0,302 0,512 0,250 0,248 0,474 0,231 0,230 0,443 0,216 0,215 Peso vivo, kg Crescimento I, II Terminação I, II Fonte: Adaptado de Rostagno et al. (2011). Em relação à suplementação, existem atualmente vários compostos que são utilizados para balancear os níveis de cálcio e fósforo das dietas para monogástricos. Vale destacar que a porcentagem do elemento ou nutriente, bem como a disponibilidade do mesmo varia entre os compostos existentes. Esses dois fatores afetam significativamente a suplementação em si e devem ser levados em consideração no balanceamento das rações. A tabela 2 apresenta as percentagens de cálcio e fósforo presentes em alguns dos ingredientes mais utilizados na nutrição animal, bem como a disponibilidade biológica do elemento em cada composto. SÓDIO, POTÁSSIO E CLORO Principais Fontes Existem vários compostos que são utilizados para balanceamento dos níveis adequados de sódio, potássio e cloro nas dietas dos animais. A principal fonte de sódio e cloro é o sal comum (cloreto de sódio) que contém 39,7% e 59,6% de sódio e cloro, respectivamente. O sódio tem ainda outras fontes, entre elas destacam-se o bicarbonato de sódio (27% Na) e o carbonato de sódio (43% Na). Para o potássio a principal fonte é o carbonato de potássio com 42,3% de K. Tabela 2 – Conteúdo de Sódio, Potássio e Cloro de Alguns Alimentos para Aves e Suínos (na matéria natural). Alimento Potássio (%) Sódio (%) Cloro (%) 0,29 2,11 0,34 0,34 1,03 0,52 1,34 1,40 1,57 0,47 0,75 0,58 0,12 0,26 1,28 0,02 0,02 0,01 0,02 0,02 0,03 0,11 0,04 0,02 0,60 0,07 0,50 0,12 0,48 0,03 0,06 0,05 0,03 0,05 0,06 0,05 0,04 0,06 - Milho Soja Farelo (48%) Milheto Sorgo Baixo Tanino Trigo Farelo Mandioca Int. Raspa Algodão Farelo (39%) Arroz Farelo Girassol Farelo Babaçu Farelo Far.Carne Osso (63%) Citrus Polpa Peixe Farinha (61%) Penas Farinha (75%) Sangue Farinha Amendoim Farelo 0,5 0,70 0,19 0,36 0,06 Fonte: Adaptado de Rostagno et al. (2011). Funções fisiológicas e metabolismo De maneira geral, esses três ânions são responsáveis por manter a pressão osmótica e o nível celular de água. Além disso, estão envolvidos na absorção dos nutrientes e na transmissão dos impulsos nervosos. Entretanto algumas funções específicas de cada um desses elementos são destacadas por Beterchini et al. (2006):  Funções do sódio a) Regulador do volume dos fluidos do corpo, pH e as relações osmóticas do organismo. b) Participa das contrações das células musculares. c) Inibição de enzimas da mitocôndria no meio extracelular. d) Absorção e transporte dos nutrientes para as células. e) Participa da estrutura dos ossos. f) Componente de produtos.  Funções do potássio a) Regulador do volume dos fluidos intracelulares, mantendo pH e as relações osmóticas no interior das células. b) Ativador de sistemas enzimáticos, principalmente enzimas da mitocôndria . c) Exigido para atividade normal do coração, onde exerce efeitos opostos ao cálcio, reduzindo a contrabilidade do musculo do coração, favorecendo o relaxamento. d) Controla o potencial de ação da membrana da célula. e) Participa de produtos, etc.  Funções do cloro a) Contribui para a tonicidade da resistência iônica do meio extra e intracelular. b) Formação de HCl gástrico. Estes elementos estão amplamente distribuídos nos fluidos e tecidos moles do organismo, exercendo conjuntamente com os íons fosfato e bicarbonato, todo o controle homeostático orgânico, mantendo a pressão osmótica, o equilíbrio acido-base o controle da passagem dos nutrientes para as células e no metabolismo da agua. O metabolismo desses três elementos está intimamente ligado, principalmente no que diz respeito ao balanço eletrolítico. No entanto, algumas particularidades podem ser destacadas. O sódio, por exemplo, é o íon mais rapidamente absorvido, ainda na porção superior do intestino delgado e seu transporte é feito por difusão ativa por ação da ATPase Na-K na membrana plasmática basolateral. A absorção do sódio ocorre de forma muito eficiente. Cerca de 50% do sódio dietético é absorvido por difusão passiva, outros 40 a 45% são co-transportados com outros íons e substratos (ex.: glicose e aminoácidos), alguns por processo de transporte passivo e outros por transporte ativo. O cloreto dietético é absorvido pelo menos com 80% e próximo a 100% de eficiência. Os rins excretam o cloro que está além do necessário para produzir o ácido estomacal, as secreções intestinais e o suor, para manter o equilíbrio ácido-básico no animal. Quase sempre os ânions cloreto acompanham o movimento dos cátions sódio (REECE, 2006). O potássio é absorvido principalmente por difusão simples no intestino delgado superior, mas alguma absorção, também ocorre no intestino delgado inferior e intestino grosso. A digestibilidade verdadeira do K é relativamente alta (95% ou mais) para a maioria dos alimentos e nenhum problema aparente interfere na absorção de um animal normal e saudável. Diarréia e outros distúrbios do tecido do trato intestinal podem interferir na absorção normal aumentando a quantidade de K requerida. O potássio é excretado na urina por filtração e secreção Balanço Eletrolítico BERTECHINI et al. (2006) p. 195-197. Problemas decorrentes de deficiência e excesso Segundo Reece (2006), a deficiência prolongada de sódio leva a um animal sem desenvolvimento, com aspecto desfigurado e crescimento e produtividade baixos. A deficiência grave leva a tremores, incoordenação, fraqueza e arritmia cardíaca. Os animais podem tolerar níveis muito elevados do sal dietético, se a água for fornecida e os rins estiverem funcionando bem. Eles simplesmente excretam o excesso pelos rins. O sal (cloreto de sódio) dietético elevado reduz o consumo alimentar dos animais. Consequentemente, ocorre uma redução no desempenho animal. A deficiência de cloreto pode resultar em alcalose metabólica e hipovolemia. Deficiência menos grave pode resultar em letargia, e mau desempenho. Raramente ocorrerá, se o sal for administrado. Caso contrario, a deficiência de sódio em geral ocorrerá antes da deficiência de cloreto. Administrando elevadas quantidades de cloreto não acompanhadas pelo sódio ou pelo potássio (p. ex., administrando cloreto de amônio ou cloreto de cálcio) induzirá a acidose metabólica, na qual pode ocorrer risco de morte. Administrado em grandes quantidades, pode ter os mesmos efeitos tóxicos que o sódio em termos de aumento da osmolaridade do sangue e do líquido cerebroespinhal. Quando o teor de potássio total estiver abaixo do normal, o animal estará sofrendo de depleção de potássio. Quando a concentração do potássio plasmático estiver abaixo do normal, o animal estará hipocalêmico. A depleção corpórea total de potássio leva a fraqueza muscular generalizada. A hipocalemia apresenta maior risco de morte. Ela altera o potencial de membrana em repouso, o qual afeta adversamente o coração. A hipocalemia também interfere na secreção de insulina, descontrolando o metabolismo dos carboidratos. A depleção do potássio diminui o fluxo sanguíneo renal e reduz a capacidade de os rins concentrarem a urina. A ingestão excessiva pode levar a hipercalemia. Esta pode induzir arritmias fatais do coração. Exigências nutricionais e suplementação O sal comum (NaCl) é a principal fonte de sódio e cloro. O potássio está disponível em uma dieta balanceada, não sendo necessário a suplementação. Existem poucas informações experimentais sobre as exigências de sódio, potássio e cloro. A maioria das recomendações visam a obtenção de um balanço eletrolítico nas rações. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nas informações reunidas, considera-se que os minerais são fundamentais na nutrição dos animais. Independentemente das exigências de cada espécie, bem como a função de determinado elemento no organismo animal, os minerais possuem função essencial no metabolismo. Devido às suas características exclusivas, que os tornam um fator muito dinâmico no contexto do metabolismo, os minerais atuam em diversos mecanismos metabólicos, sendo cofatores enzimáticos das mais diversas reações bioquímicas, interferindo no metabolismo de outros nutrientes ou ainda contribuindo para o correto funcionamento dos diversos sistemas. Devido a esta vasta participação em toda a fisiologia animal, deve-se atentar para que os animais disponham de níveis adequados de todos os minerais em suas dietas, evitando os extremos (deficiência e excesso), acarretando distúrbios metabólicos ao animal, o que consequentemente pode vir a comprometer o desempenho de produção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERTECHINI, A.G. Nutrição de monogástricos. Lavras, M.G., Editora UFLA, 2006. 301p CROMWELL, G. L. The biological availability of phosphorus in feedstuffs for pigs. Pig News Inf., v.13, n.2, p. 75N-78N, 1992. McDONALD, P.; EDWARDS R.A.; GREENHALGH, J.F.D. et al. Animal nutrition. 6th ed. 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