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TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES – I
CAPÍTULO - 1
LOCAÇÃO DA OBRA
2011.1
LOCAÇÃO OU MARCAÇÃO DA OBRA
INTRODUÇÃO
Considerando-se que o movimento de terra necessário para implantação
da edificação tenha sido realizado e que o projeto do edifício forneça
elementos suficientes, pode-se dar início à construção.
O primeiro passo é passar o projeto da edificação que "está no papel"
para o terreno. A esta atividade dá-se o nome de LOCAÇÃO DA OBRA, isto
é, transfere-se para o
terreno o que foi projetado em escala reduzida.
Existem diferentes métodos de locação, que usualmente variam em função
do tipo de construção. Fica claro que deva ser diferente locar um "shopping
center" horizontal, um edifício de múltiplos pavimentos ou uma habitação
térrea.
O INÍCIO DO PROCESSO DE LOCAÇÃO
A locação tem como parâmetro o projeto de localização ou de
implantação da edificação.
No projeto de implantação, da edificação sempre está referenciado a
partir de um ponto conhecido e previamente definido. A partir deste ponto,
passa-se a posicionar (locar) no solo a projeção da edificação desenhado no
papel.
É comum ter-se como referência os seguintes pontos:
. o alinhamento da rua;
. um poste no alinhamento do passeio;
. um ponto deixado pelo topógrafo quando da realização do controle do
movimento de terra; ou
. uma lateral do terreno.
Para ilustrar estes referenciais, suponha a necessidade de implantação
de uma casa térrea de 150m2 de área (10m x 15m), em um terreno de (20m x
40m) de área igual a 800m2. Neste caso, no projeto de implantação, deverá
existir um referencial fixo a partir do qual seja possível definir o
perímetro da edificação e os seus recuos com relação aos limites do
terreno. Este referencial poderá ser o próprio alinhamento do terreno, caso
ele esteja corretamente definido, ou mesmo o alinhamento do passeio.
POR ONDE INICIAR A LOCAÇÃO
Nos casos em que o movimento de terra tenha sido feito, deve-se
iniciar a locação pelos elementos da fundação, tais como as estacas, os
tubulões, as sapatas entre outros. Caso contrário, a locação deverá ser
iniciada pelo próprio movimento de terra.
Uma vez locadas e executadas as fundações, pode ser necessária a
locação das estruturas intermediárias, tais como blocos e baldrames.
Os elementos são comumente demarcados pelo eixo, definindo-se
posteriormente as faces, nos casos em que seja necessário, como ocorre, por
exemplo, com as sapatas, baldrames e alvenarias.
Os cuidados com a locação dos elementos de fundação de maneira precisa
e correta são fundamentais para a qualidade final da edificação, pois a
execução de todo o restante, estará dependendo deste posicionamento, já que
ele é a referência para a execução da estrutura, que passa a ser referência
para as alvenarias e estas, por sua vez, são referências para os
revestimentos. Portanto, o tempo empreendido para a correta locação dos
eixos iniciais da edificação favorece uma economia geral de tempo e custo
da obra.
A demarcação dos pontos que irão definir da edificação no terreno é
feita a partir do referencial previamente definido, considerando-se três
coordenadas, sendo duas planimétricas e uma altimétrica, as quais
possibilitam definir o centro ou eixo central do elemento que se vai
demarcar (fundação, parede, etc.).
Os referenciais planimétricos, ou seja a medição das distâncias, é
feita com uma trena, que pode ser de aço ou de plástico armada com fibra de
vidro. Existem também as trenas de pano que, no entanto, devem ser
evitadas, pois se deformam sensivelmente, causando diferenças
significativas nas medidas.
Desenho de planimetria.
Coordenadas de um lote.
A coordenada altimétrica é dada pela transferência de nível de um
ponto origem (referência) para o outro que se deseja demarcar. Esta
operação pode ser realizada com auxílio de um aparelho de nível, com um
nível de mangueira associado ao fio de prumo, régua de referência (guia de
madeira ou metálica) e trena.
Pode-se utilizar um teodolito para definir precisamente dois
alinhamentos mestres, ortogonais entre si, sendo as demais medidas feitas
com a trena.
TIPOS DE MARCAÇÃO
ESTACAS OU PIQUETES
São barras de madeira ou metal cravadas no solo para ficar pontos de
referência. Vantagem : facilidade de execução e custo baixo. Desvantagem :
podem ser movimentadas, escondidas e confundidas, provocando erros de
marcação. São mais usadas quando se executa a marcação de obras com
detalhamentos distantes uns dos outros de forma que não ocorrerão dúvidas
sobre que pontos estão sendo identificados.
CAVALETES
São duas estacas unidas por uma barra horizontal. Nesta barra são
fixados, normalmente através de pregos, os pontos de referência. Vantagem:
determina com maior clareza os alinhamentos, permite a inscrição de dados
de identificação. Desvantagem: para obras muito detalhadas pode gerar
confusões. Pode se deslocar com maior facilidade, devido a batidas de
equipamentos ou mesmo esbarrões, levando à ocorrência de erros na
demarcação.
TABEIRA, TAMBÉM CONHECIDA COMO: GABARITO, GUIA OU TÁBUA
CORRIDA, OU TAPUME.
São barras de madeira de formato regular (sarrafos) fixadas
horizontalmente em estacas de madeira cravadas no solo. Nestas guias são
fixados pontos de referência através de pregos, que servirão de suporte
para as linhas que definirão os elementos demarcados, que podem ser de
arame recozido nº18 ou fio de náilon.
A tabeira pode ser utilizada mesmo em terrenos acidentados e com
grande desnível.
As linhas das coordenadas planimétricas cruzam-se definindo o ponto da
locação, o qual é transferido para o solo com o auxílio do fio de prumo,
cravando-se um piquete neste ponto.
Esse sistema apresenta a vantagem de fixar pontos de referência
nivelados e bem visíveis, dando maior clareza na marcação.
Tem como desvantagem seu maior custo e dificuldade de execução.
ESQUADRO (alinhamentos perpendiculares)
Se executa com a função de evitar recortes em materiais retangulares
utilizados em diversas etapas da obra (cobertura - revestimentos - pisos).
Normalmente nas obras comuns, é executado utilizando o triângulo retângulo
com lados iguais ou proporcionais a três, quatro e cinco. Para verificação
do esquadro em um compartimento, se compara as dimensões das diagonais, que
precisarão ser iguais.
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BIBLIOGRAFIA:
AZEREDO, Hélio Alves de. O edifício até sua cobertura. São Paulo: Edgard
Blücher, 1998.
CARDÃO, Celso. Técnica da Construção. Belo Horizonte: Edições Engenharia e
Arquitetura,
1979, Vol. I.
BORGES, Alberto de Campos. Prática das Pequenas Construções. São Paulo:
Edgard Blücher, 1996.
BARROS, Mercia M. S. B. de, MELHADO, Sílvio B. Tecnologia da Construção
Civil. Notas de aula – Serviços Preliminares de Construção e Locação de
Obras. São Paulo, 2002.