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Internacionalização Da Camargo Corrêa

Um estudo sobre o processo de internacionalização da indústria cimenteira do Brasil para a Argentina.

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Internacionalização da empresa Camargo Corrêa Cimentos na compra da empresa Loma Negra na Argentina. AUTORES FLÁVIO CORRÊA RANGEL Universidade Municipal de São Caetano do Sul - IMES [email protected] FÁBIO LOTTI OLIVA Universidade de São Paulo [email protected] CELSO CLÁUDIO DE HILDEBRAND E GRISI Universidade de São Paulo [email protected] RESUMO O objetivo deste trabalho é o de verificar como fica a aquisição de uma cimenteira da Argentina por uma empresa brasileira á luz das teorias de internacionalização. Será apresentando aspectos teóricos, conceituais e culturais da internacionalização de empresas, baseados na teoria de poder de mercado de Hymer, teoria da inovação de Schumpeter, o conceito de Volvismo de Wood e a Escola de Uppsala, assim será expalnado através de um estudo de caso o panorama da internacionalização do setor de construção civil no Brasil e no mundo. Serão investigados os fatores que motivaram esta empresa a internacionalizar-se, o modo de entrada escolhido pela empresa, a relação entre a internacionalização e a estratégia e os aspectos culturais mais significativos no processo de internacionalização. Isso induz que não apenas a existência de aquisições estratégias internacionais tem fundamental relevância nos estudos organizacionais, mas também que se trata de uma tendência neste cenário empresarial global. Diante disso, compreender os fatores que impulsionam as escolhas desta aquisição em um contexto internacional passa a ser fundamental para que a organização possa avaliar melhores suas escolhas e apontar aqueles fatores mais propensos ao sucesso numa aquisição internacional. Este estudo possibilitou entender que essas teorias ajudam a entender parte do processo de internacionalização da empresa brasileira enfocada neste artigo. Palavras-chaves: internacionalização, globalização, cimento. ABSTRACT The objective of this work is to verify as is the acquisition of cement industry from Argentina by a Brazilian company through of the theories of internationalization. It will be presenting theoretical aspects, conceptual and cultural of the internationalization of companies, based in the theory of market power of Hymer, theory of innovation of Schumpeter, the concept of Volvismo of Wood and the School of Uppsala, just explain through a case study of the picture the internationalization of the industry construction in Brazil and the world. They will be investigated the factors that led the company to internationalize it self, the input mode chosen by the company, the relationship between internationalization and strategy and cultural aspects more significant in the process of internationalization. That leads not only the existence of international procurement strategies has fundamental importance in 1 organizational studies, but this is a trend in this global business scenario. Therefore, understanding the factors that drive the choices of this acquisition in an international context will be critical to that organization can best evaluate your choices and identify those factors most likely to succeed in an international acquisition. This study enabled understand that these theories help you understand the process of internationalization of the Brazilian company focused in this article. Key words: internationalization, globalization, cement. 1. INTRODUÇÃO De acordo com o estudo realizado, podemos concluir que o desenvolvimento de mercados internacionais e o surgimento de novas empresas multinacionais não são fenômenos novos. Nas últimas décadas com a globalização e a mundialização do capital, ocorreram grandes mudanças nas empresas americanas e européias que buscavam a expansão no mercado internacional, principalmente no mercado de cimento. Por se tratar de um fenômeno das últimas décadas, a internacionalização de empresas brasileiras está a requerer estudos e pesquisas que possibilitem uma melhor compreensão dessa realidade bem como a identificação dos entraves a esse processo. Podemos considerar que é um acontecimento que começa a ser discutido nos meios acadêmicos e organizacionais, é o empenho e a participação de empresas brasileiras que, embora sejam consideradas como entrantes tardios (Fleury e Fleury, 2007), tem se destacado com suas atuações em todas as partes do mundo. Por um outro lado podemos fazer uma analogia com o conceito de internacionalização quando analisamos um trecho bíblico do livro de Isaias, escrito a mais de 2000 anos, este trecho mostra que a muitos anos o homem tende a expandir suas atividades a outras nações. “Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da tua habitação, não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem a tua estaca, porque transbordarás para a direita e para a esquerda; a tua posteridade possuirá as nações e fará que se povoem as cidades assoladas” (ISAIAS 54.2,3). Ao longo dos últimos anos a atividade de exportação passou a fazer parte do dia-dia de um número cada vez maior de empresas brasileiras de todos os portes e setores da economia, tendo em vista que exportação é o primeiro passo para uma internacionalização (Kotabe e Helsen, 2000). No governo de Fernando Henrique Cardoso, principalmente devido à estabilidade econômica conquistada, as empresas e empresários brasileiros começaram a aprender mais sobre o “mundo globalizado”, interando-se assim sobre novas tecnologias e mercados. Tal movimento deu início a uma reação que se refletiu no aumento de nossas exportações gradativamente (BRITO, OLIVA e GRISI, 2007). Algumas ações são consideradas como determinantes para o sucesso das empresas que desejam crescer no exterior, são elas: controle de mercado, ou seja, os conhecimentos das características especificas do mercado que se deseja atingir, ter a imagem consolidada e manter a qualidade percebida. Diante deste cenário de internacionalização, constata-se o processo de expansão de empresas brasileiras, mediante aquisições, parcerias, coalizões e alianças. Uma outra estratégia a ser considerada é a de criar novos espaços no mercado, por exemplo, ao raciocinar além das fronteiras convencionais da concorrência, vê-se como 2 empreender movimentos estratégicos que revolucionam as convenções e reconstroem os limites do mercado, criando, em conseqüência, os oceanos azuis. O processo de descoberta e exploração de oceanos azuis não se refere à previsão ou prevenção de tendências setoriais. Tampouco é um processo experimental de implementação das mais inovadoras e ousadas idéias de negócios que passem pela cabeça dos gerentes (KIM, 2005) De acordo com o processo de internacionalização de uma empresa ou grupo de empresas pode ser considerado como parte de decisões estratégicas da organização, após avaliar aspectos de oferta e demanda, competição, infra-estrutura local e nacional para efetivação da comercialização (Geni e Angelo, 2007). Além do plano estratégico da empresa, todas as áreas funcionais de uma organização são afetadas pela sua inserção no comércio internacional e por isso a necessidade de análise mais aprofundada do tema, embasada na bibliografia existente e em informações das iniciativas privadas e públicas envolvidas com o comércio exterior. Em decorrência deste estudo, será possível evidenciar a importância de cada um dos fatores que provocaram a busca do mercado internacional e as mudanças que podem ser reconhecidas a partir desta. O trabalho em si visa analisar os motivos que impulsionaram a internacionalização da empresa brasileira e suas conseqüências, baseando-se em aspectos econômicos, políticos e das relações internacionais, tendo em vista que desde o início da década de 1990, com a rápida abertura comercial realizada pelo governo Collor, o Brasil começou a se expor à concorrência internacional. Dessa forma, o objetivo prático buscado por este artigo é verificar se o caso brasileiro da compra da cimenteira Loma Negra da Argentina pela Camargo Corrêa Cimentos do Brasil, mostra algum tipo de proximidade com algumas das teorias de internacionalização. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Teoria do Poder de Mercado O objetivo principal da Teoria do poder de mercado criada por Stephen Hymer é explicar o nível de controle envolvido no investimento internacional. Esta teoria considera que um motivo para a ocorrência de fusões seria o interesse em aumentar a fatia de mercado de uma empresa. Ela argumenta que a existência de imperfeições nos mercados permite ás empresa que se diversifiquem internacionalmente para obter vantagens comparativas em relação ás empresas locais nos países que operam. Premida pela concorrência interna e, sobretudo, externa, a empresa de atuação local se vê diante do desafio de expandir suas fronteiras em busca de novos mercados, de novas oportunidades e de maior rentabilidade nas operações. É a opção entre competir ou marginalizar-se (GRISI e MASINI, 2003). Baseando-se no exposto anterior, em 1950 as grandes empresas norte-americanas enfrentam o problema do rápido crescimento da Europa e do Japão, a resposta dos USA foi uma política de forte penetração no exterior, principalmente na Europa e na América Latina cujos governos abriram seus mercados para os norte-americanos e posteriormente nos anos 70 e 80 chegaram as empresas japonesas e européias, proporcionando uma maior concorrência. Dando continuidade a teoria de Hymer, podemos dizer que ele acreditava que existam duas razões principais para uma firma controlar outra empresa no exterior: remoção da competição, através de fusões, e o uso de alguma vantagem única da firma, como acesso privilegiado aos 3 fatores de produção, melhor sistema de distribuição, posse de produto diferenciado, ou controle de formas de produção mais eficientes. O fato de se aumentar o tamanho de uma empresa não significa que ela se tornará mais eficiente ou que conseguirá atingir economias de escala, fazendo com que a fusão possa não ser o meio mais economicamente vantajoso de se aumentar a fatia de mercado. Além dessa consideração, o aumento de fatia de mercado via investimento direto em aquisições provoca uma concentração da indústria em uma empresa, podendo levar a um monopólio, o que faz com que este tipo de aquisição seja muito regulado pelos órgãos governamentais. BUENOS AIRES, 11/10/2005 - O Governo argentino aprovou nesta terça-feira a operação de compra da poderosa fábrica de cimentos Loma Negra pelo grupo brasileiro Camargo Corrêa Cimentos, conforme recomendado pela Comissão Nacional de Defesa da Concorrência (CNDC), informou o Ministério da Economia (UOL, site de Internet últimas notícias). BUENOS AIRES, 19/04/2005 - Un grupo brasileño compró Loma Negra - El grupo empresario brasileño Camargo Correa llegó a un acuerdo preliminar con Amalia Lacroze de Fortabat para la compra del holding que controla Loma Negra, la principal empresa cementera argentina, y demás subsidiarias, por un monto de 1.025 millones de dólares. El acuerdo fija además el marco para la negociación de un contrato final de adquisición del grupo Loma Negra, que deberá someterse a la aprobación de la Comisión Nacional de Defensa de la Competencia, y podría firmarse hacia fines de mayo (Jornal argentino El Clarín). Hymer considerou dois tipos de investimento direto. No primeiro tipo haveria utilização cuidadosa dos ativos, implicando controle para melhor determinar que reservas deveriam ser mantidas a um câmbio específico. O segundo tipo de investimento direto coincidiria com as operações internacionais, nas quais o controle da firma do exterior seria motivado pela vontade de reduzir a competição. A opção por investimento direto é uma opção de custo inicial mais elevado e conseqüentes riscos cambiais, outro custo é a obtenção de informações locais sobre as fontes de fornecimento, concorrência e fatores culturais, porém, as firmas estão preparadas para aceitar os custos e riscos associados à produção internacional devido à expectativa de aumento no poder de mercado, lucros extras e possibilidades de crescimento, ou melhor, constituem um motivo fundamental para a diversificação geográfica. Neste sentido o investimento direto internacional (IDE) satisfaz o desejo de controle do investidor por três razões básicas, segurança do investimento e bom uso dos ativos, eliminação da concorrência e apropriação do retorno do investimento ou de vantagem monopolista ou diferencial (HYMER, 1983). Entretanto, segundo Hymer, os parceiros comerciais desse país, teriam incentivos a fazer o mesmo, isto é, impor barreiras comerciais nos setores em que têm poder de mercado no mercado internacional de bens. As barreiras comerciais em outros países anulariam o ganho inicialmente obtido com a imposição de barreiras comerciais domesticamente. Quando todos os países tentam impor tarifas ótimas para explorar o seu poder de mercado, o resultado líquido é um nível de comércio menor para todos os países, sem variação nos termos de troca. Portanto, não existe ganho com a imposição da tarifa, pois os termos de troca não se alteram. Além disso, o ganho derivado da exploração das vantagens comparativas diminui devido à diminuição do comércio entre os países. 4 Por um outro lado, para aumentar o comércio entre os países é necessário ter uma produção condizente, e para isto há dois tipos de determinantes da produção internacional: as vantagens específicas da firma e a remoção de conflitos no mercado externo. As vantagens específicas da firma teriam papel importante no processo de levar a empresa para a entrada em mercados internacionais por meio de investimento direto. Contudo, estas mesmas vantagens poderiam ser criadas ou reforçadas durante a atuação no mercado internacional, por exemplo, através da criação de canais de distribuição e da diferenciação de produtos. O segundo determinante principal, seria reduzir a concorrência no mercado externo por meio de aquisição de firmas concorrentes que já estivessem atuando nos mercados. (HYMER, 1983). Quando se fala em produção internacional, não podemos desconsiderar o conceito de Volvismo que se iniciou na fábrica da Volvo na cidade de Uddevalla na Suécia, esta planta combina flexibilidade funcional na organização do trabalho com um alto grau de automação e informatização, é também um excelente exemplo do conceito de produção diversificada de qualidade. A Volvo ajustou sua estratégia a dois fatores fundamentais, a internacionalização da produção e a democracia da vida no trabalho. A organização do trabalho é baseada em grupos. Os operários foram transformados de montadores de partes em construtores de veículos. O caminho em direção à automação e ao aumento da flexibilidade ocorreu num cenário de compromisso com os conceitos de grupo autônomo de trabalho e enriquecimento das funções. (WOOD, 2004). Analisando os textos acima podemos considerar que a razão de existir de uma multinacional é manter dentro das fronteiras da firma o conhecimento desenvolvido (Dunning, 1980). Então, tendo em vista a razão acima uma empresa tem basicamente três grandes opções possíveis para se internacionalizar, sendo atuação isolada e independente, criação de subsidiárias ou aquisição no estrangeiro e colaboração com outras empresas. (MELLO BRITO, 1993). No caso de uma aquisição no estrangeiro, podemos considerar a abertura de um mercado novo, de acordo com a teoria da Inovação (Schumpeter, 1984), para esta teoria estão envolvidos cinco tipos de atividades de inovação, introdução de um produto novo ou uma mudança qualitativa em um produto existente, novo processo de inovação na indústria (que não precisa envolver um conhecimento novo), a abertura de um mercado novo, desenvolvimento de novas fontes de provisão para matérias-primas ou outras contribuições ou mudança organizacional. E, quando se fala em internacionalização, não podemos deixar de mencionar o modelo de Uppsala, que pode ser definido como um modelo em que as empresas gradualmente adotam um processo seqüencial de internacionalização movendo-se em direção a países fisicamente mais próximos a fim de evitar incertezas e minimizar riscos. Pelo fato de a capacidade de absorção de uma empresa se expandir de forma incremental, os processos de internacionalização são freqüentemente vistos como evoluindo lenta e gradualmente (Johanson; Vahlne, 1977). A escola de Uppsala surgiu em 1960 com o conceito de distância psíquica que é a soma de fatores tais como a diferença entre língua, educação, práticas legais e de negócios, cultura etc., que interferem no fluxo de informações entre mercados. A preferência das empresas é geralmente realizar negócios em mercados com menor distância psíquica, para posteriormente entrar em outros mercados. Cada novo comprometimento leva a um maior grau de aprendizagem e de habilidade para identificar novas oportunidades, fazendo com que o processo de comprometimento seja gradual e crescente (JOHANSON; VAHLNE, 2003). 5 Alguns pontos levantados na escola de Uppsala merecem destaque: o primeiro diz respeito às noções de evolução e aprendizagem inerentes ao processo de internacionalização gradativa, iniciada com a exportação, em que se obtêm informações sobre um novo mercado, até chegar a mercados “psicologicamente” mais distantes. O segundo se refere à importância de fatores culturais no processo de internacionalização e ao conhecimento como recurso que influencia no comprometimento da empresa com determinado mercado e influencia seu processo de tomada de decisão (Fleury e Fleury, 2007). Não obstante o modelo foi questionado nos seguintes aspectos: (a) as empresas seguem trajetórias diversas em mercados estrangeiros; (b) o modelo é ultrapassado, uma vez que foi formulado em uma época na qual o ambiente competitivo internacional era menos turbulento que hoje; e (c) o modelo é limitado ao contexto sueco e, como resultado, explica mal o processo de internacionalização de empresas de outros países, como o Brasil (REZENDE, 2004). 3. METODOLOGIA Foi realizado um estudo de caso que é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos (Yin, 2005). Iremos expor uma pesquisa do tipo exploratória através de uma revisão de literatura. Através deste texto conforme no quadro 1, foi realizado uma análise sistêmica do relacionando das frases do texto com fragmentos teóricos e a justificativa da relação da frase do texto com o fragmento teórico, utilizamos também reportagens em jornal e entrevistas com empregados envolvidos com a compra da cimenteira Loma Negra pela empresa Camargo Corrêa Cimentos do Brasil, chamada de operação Gabi pelos gestores da compradora. O objetivo deste artigo é explorar as teorias econômicas e administrativas utilizadas pela Camargo Corrêa Cimentos durante a Compra da Loma Negra. Foi utilizado como critério de julgamento de exploração como bem-sucedida á medida que a cada atividade do processo de compra da Loma Negra pela Camargo Corrêa Cimentos ocorrer uma correlação com as teorias econômicas e administrativas. O estudo de caso foi publicado na revista Análise de 2006 por Fernanda Guerra da Camargo Correa, e a entrevista via fone foi concedida por Juan Roza a Loma Negra da Argentina, ambos assessores de imprensa. O senhor Juan Roza informou que possui dados estratégicos de todo o processo decisório sobre a aquisição da Loma Negra pela Camargo Corrêa Cimentos, porém, não estavam disponíveis por serem documentos confidenciais. Assim sendo, o método de estudo consiste em realizar uma revisão teórica sobre o tema escolhido e comparar os principais conceitos encontrados com o que se verifica no caso estudado. 6 Quadro 1: Análise sistêmica do texto do anuário comércio exterior 2006. Frase do texto O Grupo Camargo Corrêa estava tão decidido a internacionalizar as operações de sua companhia cimenteira, a Camargo Corrêa Cimentos, que aceitou enfrentar o desafio de fazer dessa operação o maior investimento de seus 66 anos de história. A aquisição da companhia Argentina Loma Negra em 2005 custou ao grupo 1,025 bilhão de dólares, mas trouxe resultados no curtíssimo prazo. Com a operação, a Camargo Corrêa Cimentos dobrou sua produção anual e se posicionou estrategicamente na América Latina. A estratégia de internacionalização do grupo inclui aquisição de operações industriais e um plano para levá-lo a uma presença global já em 2012. A idéia é especialmente significativa na produção de uma commodity como o cimento, em que há pouca diferença entre os fabricantes e o que importa é a escala de produção. O racionamento de energia em 2001 e a crise cambial de 2002 reforçaram a visão de que era preciso diversificar as operações e expandir as atividades para continuar crescendo, além de diluir as indefinições da economia brasileira. A Camargo Corrêa Cimentos encontrou no país vizinho uma empresa com forte tradição, líder no mercado local, com presença internacional e imagem de confiabilidade. A companhia argentina havia aplicado recursos na expansão das atividades durante toda a década de 90. Fragmento teórico Justificativa Teoria de poder de mercado Domínio da base da pirâmide A única forma que eles tinham para crescer era indo para outro país. Conceito de Volvismo Internalizar a produção Os suecos propõem que para crescer tem que se internalizar. Teoria de poder de mercado Domínio da base da pirâmide Aumentou sua produção na América Latina. Conceito de Volvismo Internalizar a produção Disseminar o conhecimento através da internalização. Teoria de poder de mercado Domínio da base da pirâmide O objetivo é tornarse o líder na produção. A atuação na Argentina propôs a Teoria da inovação chance de Atuação em um mercado novo crescimento em um novo mercado. Para facilitar o processo, este novo Teoria da inovação mercado recebeu a Atuação em um mercado novo ajuda do nome Loma Negra. Conceito de Volvismo Ela se modernizou e expandiu suas Internalizar a produção Teoria da inovação atividades a outros países. Atuação em um mercado novo A chegada da Camargo Corrêa Em um novo Cimentos permitiu a renegociação da mercado a C.C. dívida da Loma Negra em condições Teoria da inovação pode utilizar a força favoráveis de prazos e taxas, liberando Atuação em um mercado novo de seu nome para a empresa para retomar os renegociar. investimentos. 7 A empresa manteve sua participação de mercado – 46% do mercado argentino – e a produção local cresceu 40% nos últimos dois anos, acompanhando o mercado. Além da marca Loma Negra em si, a aquisição deu à Camargo Corrêa outros ativos pertencentes à empresa argentina, com uma participação na Cimentos Del Plata, do Uruguai, o controle da empresa de gestão de resíduos Recycomb e a concessão para a ferrovia Ferrosur Roca, com mais de 3 mil quilômetros de extensão. A aquisição da estrada de ferro, aliás, já havia se mostrado uma decisão estratégica acertada, na época em que foi privatizada, em 1992. Seu traçado dá acesso a cinco fábricas e dois centros de distribuição da Loma Negra, representando notável economia de custos. Com a compra, a estrutura da área de cimentos do grupo passou a se estender, além de Brasil e Argentina, a países como Uruguai, Paraguai e Bolívia. Conta com 14 fábricas e 12 centros de produção de concreto. O faturamento anual da área de cimentos atingiu 1,15 bilhão de reais. A produção total dobrou alcançando 6 milhões de toneladas de cimento metade da capa-cidade instalada das duas companhias - e 770 mil metros cúbicos de concreto por ano. Teoria de poder de mercado Domínio da base da pirâmide Cresceu na base da pirâmide. Domínio da base da Teoria de poder de mercado pirâmide adquirindo Domínio da base da pirâmide concorrentes. Domínio da base da Teoria de poder de mercado pirâmide adquirindo Domínio da base da pirâmide concorrentes. Domínio da base da Teoria de poder de mercado pirâmide adquirindo Domínio da base da pirâmide concorrentes. Teoria de poder de mercado Domínio da base da pirâmide Conceito de Volvismo Internalizar a produção Teoria da inovação Atuação em um mercado novo Internalizou e aumentou sua produção em um mercado novo. Domínio da base da Teoria de poder de mercado pirâmide adquirindo Domínio da base da pirâmide concorrentes. Domínio da base da Teoria de poder de mercado pirâmide adquirindo Domínio da base da pirâmide concorrentes. Domínio da base da Teoria de poder de mercado pirâmide adquirindo Domínio da base da pirâmide concorrentes. A emissão de debêntures, planejada originalmente em 300 milhões de reais, teve procura surpreendente. Escola de Uppsala Constructo psíquico Cientes da solidez do grupo e, em especial, da companhia de cimentos – dona da marca Cauê desde 1997 –, os investidores demonstraram intenso apetite pelos papéis. Escola de Uppsala Constructo psíquico Eles perceberam que o nome C.C. ofereceria menos riscos aos credores da Loma Negra. Eles perceberam que o nome C.C. era forte para se tratar de investimentos, muito maior que o da Loma Negra. 8 A estruturação da operação levou oito meses e contou com a assistência das Escola de Uppsala consultorias internacionais Boston Constructo psíquico Consulting Group e Goldman Sachs, especializadas em fusões e aquisições. Concluídas as negociações, em abril de 2005, a operação foi aprovada pela Teoria de poder de mercado Comisión Nacional de Defensa de la Restrição do governo Competencia, em outubro. Nesse período, a Camargo Corrêa Cimentos trabalhou intensamente no sentido de evitar que as tensões Escola de Uppsala naturais da fusão afetassem o Constructo psíquico desempenho da empresa recémcomprada. A empresa preparou uma publicação Escola de Uppsala para tranqüilizar empregados, Constructo psíquico executivos e clientes da Loma Negra. Investiu num trabalho social, em que equipes da Camargo Corrêa foram à Escola de Uppsala Argentina estabelecer os primeiros Constructo psíquico diálogos com as comunidades em torno da cimenteira. Foi criada a Fundação Loma Negra para realizar trabalhos sociais Escola de Uppsala semelhantes – e muitas vezes Constructo psíquico integrados –, aos efetuados no Brasil pelo Instituto Camargo Corrêa. A aquisição contribuiu para que a parcela do faturamento do grupo Teoria da inovação oriunda do exterior – que era Atuação em um mercado novo insignificante em 2001 – saltasse de 13% em 2004 para 20% em 2005. A conquista: a Camargo Corrêa Cimentos dobrou de tamanho, saltando Teoria da inovação para o 4º lugar em capacidade instalada Atuação em um mercado novo na América Latina. Analisaram todos os aspectos psíquicos. Correram o risco de o governo declarar ilegal. Minimizaram as tensões culturais. Minimizaram as tensões culturais. Minimizaram as tensões culturais. Minimizaram as tensões culturais. Crescimento em um mercado novo. Crescimento em um mercado novo. Inserção internacional: produz na Argentina com a marca Loma Negra. Teoria da inovação Crescimento em um Também exporta cimento a partir do mercado novo. Atuação em um mercado novo Brasil para outros países da América Latina. O que o caso ensina: produtos com pouca diferenciação entre competidores, como o cimento, Domínio da base da Teoria de poder de mercado precisam de escala para compensar pirâmide adquirindo Domínio da base da pirâmide margens reduzidas. O crescimento no concorrentes. exterior confere o aumento de escala necessário para dar solidez ao negócio. 9 4. ANÁLISE DOS DADOS 4.1 Histórico do grupo Camargo Corrêa O grupo Camargo Corrêa atua em engenharia e construção, cimento, indústria de calçados esportivos e indústria têxtil, siderurgia, gestão ambiental e concessões de serviços nas áreas de energia e transporte. Cimento - Por meio da Camargo Corrêa Cimentos, o grupo produz e comercializa o cimento Cauê, uma das marcas mais fortes do Brasil, presente desde 2005 na Argentina, controlando a companhia Loma Negra, líder de mercado no país vizinho. As empresas do grupo atuam em 19 países, têm uma receita bruta anual consolidada de quase R$ 10 bilhões e empregam mais de 40 mil pessoas. 4.2 Histórico da Loma Negra A empresa Loma Negra começou suas atividades em 1926 e com o passar dos anos, a demanda de cimento foi aumentando acompanhando o crescimento do país. Durante a década de 60, a Loma Negra continuou sua expansão, somando á sua produção a primeira fábrica de cimento de San Juan e nos anos 70 a de Zapala, na província de Neuquén. Na década de 80, a Loma Negra inaugurou uma planta modelo para a Argentina e para o mundo. Trata-se da fábrica de Catamarca, localizada em El Alto na província do mesmo nome, empreendimento em que se decide incorporar a tecnologia mais avançada do mundo com um firme propósito, elaborar cimento portland com as maiores padronizações de qualidade possíveis. No começo da década de 90 quando a empresa realizava grandes transformações e concretizava ambiciosos projetos na busca de enfrentar o novo milênio, adquiriu a empresa Cimento San Martín S.A., esta aquisição permitiu á Loma Negra consolidar-se como líder absoluto tanto em venda de cimento na República Argentina como na venda de cimento para construção civil, o que fez através da fabricação e comercialização de seu produto Plasticor, líder deste último mercado. Em 1992 o grupo começou a diversificar seus negócios e realizou atividades complementares á produção de cimento. Neste sentido, liderou o consorcio para concessão por 30 anos de linha de carga da Ferrocarril Roca. Em dezembro de 1998 se assinaram em Montevidéu no Uruguai um contrato de comercialização com a principal cimenteira deste país. Em 1998 se adquiriu a Cemmex, Compañía de Servicios a Construcción, Decamix e Sermac, quatro concreteras de Buenos Aires, e que logo ocorreu a incorporação da concretera do Litoral de Rosário. Em maio de 2000, se inaugurou a LomaSer, o primeiro Supercentro Logístico do país, um empreendimento que, por suas características de infraestrutura e capacidade de serviços, marca um ponto sem precedentes na indústria cimenteira Argentina. Em julho de 2005 a Companhia passou às mãos de novos acionistas, o grupo Camargo Correa. Durante os anos de 2006 até 2007 a Loma Negra investiu em vários projetos, que permitiu ser mais eficiente e competitiva neste contexto de mercado cada vez mais exigente. 4.3 Internacionalização da Camargo Correa Cimentos – Operação Gabi Tratada com o sigilo próprio dos grandes negócios, a operação foi batizada internamente de Gabi – em homenagem à tenista Argentina Gabriela Sabatini. O objetivo principal era posicionar-se no mercado Argentino com os ativos da Loma Negra, mas o racionamento de energia em 2001 e a crise cambial de 2002 reforçaram a visão de que era preciso diversificar as operações e expandir as atividades para continuar crescendo, além de diluir as indefinições 10 da economia brasileira. A Camargo Corrêa Cimentos encontrou no país vizinho uma empresa com forte tradição, líder no mercado local, com presença internacional e imagem de confiabilidade. Aos 80 anos, a Loma Negra sofrera com a crise da Argentina, mas contava com o respeito e a admiração do consumidor. O conceito de internacionalização deve ser entendido como a prática contínua de qualquer operação internacional por uma empresa, seja pela via da exportação, seja por formas mais sofisticadas de inserção externa, como o estabelecimento de alianças estratégicas com parceiros no exterior, as várias formas de associação entre empresas, a aquisição de empresas em outros países e a instalação de subsidiárias para produção local. A companhia da Argentina havia aplicado recursos na expansão das atividades durante toda a década de 90 e com a crise cambial de 2002, após dez anos de paridade entre Peso e Dólar, o endividamento da empresa disparou junto com a cotação da moeda americana. A chegada da Camargo Corrêa Cimentos permitiu a renegociação da dívida da Loma Negra em condições favoráveis de prazos e taxas, liberando a empresa para retomar os investimentos. Além da marca Loma Negra em si, no dia 30/06/2005 a aquisição foi concretizada e forneceu à Camargo Corrêa Cimentos importantes ativos pertencentes à empresa Argentina, com uma participação na Cimentos Del Plata, do Uruguai, o controle da empresa de gestão de resíduos Recycomb e a concessão para a ferrovia Ferrosur Roca, com mais de 3 mil quilômetros de extensão, conta com 14 fábricas e 12 centros de produção de concreto. Estes foram os custos e riscos associados ao aumento no poder de mercado que resultaram em lucros extras e crescimento. A aquisição da companhia Argentina Loma Negra em 2005 custou ao grupo 1,025 bilhão de dólares, mas trouxe resultados no curtíssimo prazo. Concluídas as negociações, a operação foi aprovada pela Comissão Nacional de Defesa da Competência da Argentina (órgão governamental), em outubro. Nesse período, a Camargo Corrêa Cimentos trabalhou intensamente no sentido de evitar que as tensões naturais da fusão afetassem o desempenho da empresa recém-comprada. A empresa preparou uma publicação para tranqüilizar empregados, executivos e clientes da Loma Negra. Investiu num trabalho social, em que equipes da Camargo Corrêa Cimentos foram à Argentina estabelecer os primeiros diálogos com as comunidades em torno da cimenteira. Foi criada a Fundação Loma Negra para realizar trabalhos sociais semelhantes, e muitas vezes integrados, aos efetuados no Brasil pelo Instituto Camargo Corrêa Cimentos. A opção por investimento direto é uma opção de custo inicial mais elevado e conseqüente riscos na obtenção de informações locais sobre fatores culturais. Com estas ações a empresa manteve sua participação de mercado de 46% na Argentina e a produção local cresceu 40% nos últimos dois anos, acompanhando o mercado. 4.4 Internacionalização de empresas cimenteiras no mundo Vale considerar que determinadas características da produção de cimento justificam o baixo número de competidores no setor, com exceção á China que possui várias empresas de cimento estatais, conforme o quadro 3 podemos ver quais são os maiores países produtores de cimento de 2002 á 2005, a participação em porcentagem de cada um deles, o consumo de cimento em milhões de toneladas. No quadro 2 temos uma idéia de como funciona produção mundial de cimento As principais barreiras à entrada de novos produtores no mercado de cimento, comuns a oligopólios puros, são as elevadas escalas técnicas de produção necessárias e o acesso restrito à matéria-prima. O elevado custo do frete e de armazenagem, o 11 baixo valor agregado e a perecibilidade do produto limitam barreira à entrada tanto de produtores de outras regiões quanto de importadores. Assim, é natural esperar que a indústria do cimento, em todo o mundo, apresente alto grau de concentração e seja liderada por grandes empresas sendo assim a relevância do custo do frete faz com que praticamente não haja participação do cimento no comércio internacional. Quadro 2: Produção de cimento mundial País China India USA Japão Coréia do Sul Espanha Itália Rússia Brasil Outros % 37,2 5,8 5,3 4,4 3,1 2,3 2,3 2,3 2,2 35,1 Fonte: Artigo “A Indústria de cimento: Perspectivas de retomada gradual” (CUNHA e FERNANDEZ, 2003). O comércio internacional existente, em geral, restrito a movimentos localizado próximos às fronteiras, representa o escoamento de excedentes de produção sobre o consumo interno e é freqüentemente objeto de ações de antidumping. As escalas mínimas para a produção de cimento exigem, além de mercados de certa dimensão, grande volume de investimento e longo prazo de amortização. Por essa razão, faz-se necessária a interferência externa para tentar conciliar as exigências técnicas e econômicas da concentração com as garantias aos consumidores. A proximidade do centro consumidor constitui importante fonte de poder de mercado, devido à relevância do custo de transporte no preço final do cimento. A uma distância de cerca de 300 km da fábrica, ou cerca de 500 km em áreas de menor densidade populacional, o custo de transporte representa de 10% a 20% do preço do produto. Os ganhos de escala também são muito relevantes, reduzindo custos e permitindo atingir mercados mais distantes. A propriedade de jazidas de calcário relativamente próximas a centros consumidores também é fator determinante da viabilidade econômica dos projetos e, por isso, uma das principais fontes de poder de mercado para as empresas do setor. (HAGUENAUER, GARCIA, FARINA e ALVES, 1997). Para buscar um maior nível da internacionalização das estratégias adotadas pelas empresas constituem a instalação ou compras de fabricas em diversos países, participando dos diversos mercados com produção local. 12 Quadro 3: Maiores Produtores de Cimento (em milhões de toneladas) Países 2002 2003 2004 2005 % 1º China 704,1 813,6 933,7 1.049,0 45,74% 2º Índia 110,1 124,5 136,9 146,8 6,40% 3º EUA 89,7 92,8 97,4 100,0 4,36% 4º Japão 76,4 73,8 72,4 73,5 3,20% 7º Coréia Sul 56,4 59,7 55,8 49,1 2,14% 5º Espanha 42,4 44,8 46,6 50,3 2,19% 8º Itália 41,5 43,5 46,1 46,4 2,02% 6º Rússia 40,1 42,6 45,9 49,5 2,16% 9º Turquia 37,2 38,1 41,3 45,6 1,99% 13º Indonésia 35,1 34,9 37,9 37,9 1,65% 11º Tailândia 38,8 35,6 36,7 37,9 1,65% 10º Brasil 38,0 34,0 34,4 39,2 1,71% 14º México 32,0 32,6 33,9 35,4 1,54% 12º Egito 26,2 26,3 35,5 36,5 1,59% 15º Irã 28,8 30,5 31,0 32,7 1,43% ND Outros 412,9 430,0 456,6 463,5 20,21% Total Mundial 1.815,00 1.964,40 2.139,40 2.293,30 100,00% Fonte: Sindicato Nacional da Indústria do Cimento - (out/2007) 4.5 Internacionalização de empresas cimenteiras no Brasil Do total da produção nacional, cerca de 30% são produzidos por grupos estrangeiros, com destaque para o grupo português Cimpor, o suíço Holcim e o francês Lafarge, maior produtor mundial de cimento. Uma das características mais relevantes do mercado de cimento brasileiro é a reduzida importância do comércio internacional. As exportações de cimento, por sua vez, atingiram 295 mil toneladas, representando 0,8% da produção nacional em 2002, e se destinaram principalmente ao Paraguai (34%), à Bolívia, (27%) e aos Estados Unidos (19%). Como resultado desse processo, houve a consolidação da posição do Grupo Votorantin como líder nacional, com o grupo adquirindo no período, as cimenteiras Ribeirão Grande, Rio Branco e Itambé. Houve ainda o avanço da participação de grupos estrangeiros no mercado doméstico: o Grupo Lafarge, maior produtor mundial, adquiriu o controle das empresas Cimentos Maringá Matsufur, Holcim, Cimentos Paraíso e Barroso e o grupo português Cimpor incorporou a cimenteira Serrana (Andrade, Cunha e Silva, 2002). Outra tendência observada é a recente busca pela internacionalização dos grandes grupos brasileiros. Nesse sentido, além do grupo Camargo Corrêa Cimentos, a Votorantim passou a produzir cimento em solo americano e canadense. O grupo comprou uma planta na Flórida, num investimento de cerca de US$ 100 milhões, com produção estimada de 800 mil toneladas por ano. Em 2001, o Grupo Votorantim também adquiriu uma fábrica de cimento em Ontário, no Canadá (St. Marys Cement), visando à exportação para os Estados Unidos, num primeiro momento, e o embarque para os países da costa africana (CUNHA e FERNANDEZ, 2003). 13 Quadro 3: Participação de mercado no Brasil até julho de 2007 ( Ton. ) 1º VOTORANTIM 10.026.185 39,24% 2º NASSAU 2.940.405 11,51% 3º CIMPOR 2.535.771 9,92% 4º HOLCIM 2.097.204 8,21% 5º CAMARGO CORREA 1.764.378 6,90% 6º LAFARGE* 1.377.096 5,39% 7º CIPLAN 765.628 3,00% 8º CCRG 478.993 1,87% 9º ITAMBÉ 505.743 1,98% 10º OUTROS* 3.061.727 11,98% TOTAL 25.553.130 100% * Dados não confirmados e/ou estimados. Fonte: Sindicato Nacional da Indústria do Cimento - (jul/2007) 5. CONCLUSÃO Pode-se concluir que a Camargo Corrêa Cimentos iniciou sua estratégia de internacionalização através da aquisição de uma concorrente na Argentina, desta forma ela precisou despender de elevadas exigências financeiras e humanas, assimilação da cultura dos argentinos e o risco de um alto volume investido. A Camargo Corrêa Cimentos estava em busca de uma vantagem específica e esta vantagem era todo o ativo pertencente a Loma Negra. A empresa optou pelo investimento direto que é uma opção de custo inicial mais elevado e conseqüentes riscos cambiais, outro custo é a obtenção de informações locais sobre as fontes de fornecimento, concorrência e fatores culturais, que no caso, foi minimizada com a participação dos empregados das duas empresas e da sociedade em ações sociais em conjunto. O caso da Camargo Correa Cimentos adquiriu além da Loma Negra, também aprendizado de como realizar a Internalização de uma empresa, os controle de custos, a coordenação das atividades, os custos de flexibilidade e reversibilidade dos investimentos anteriores da Loma Negra, e tudo isto a deixou mais experiente para outras internalizações. E quando se internaliza, geralmente está diante de um mercado novo onde aparece a teoria da inovação, como no caso da ida até a Argentina da Camargo Corrêa Cimentos, eles tinham como propósito de mudar o ambiente competitivo que as empresas estão inseridas, já no caso do Volvismo a internacionalização da produção, que é a característica das indústrias cimenteiras com suas fábricas fora de seus países de origem e a democracia da vida no trabalho, elas andam juntas com o alto grau de tecnologia de automação empregado na indústria cimenteira, assim, nos permite acreditar no aumento da flexibilidade das atividades, num cenário de compromisso com os conceitos de grupo autônomo de trabalho e enriquecimento das funções. Para optar pela Argentina ao invés de vários países, a Camargo Corrêa Cimentos utilizou-se do constructo distância psíquica da escola de Uppsala, pois os riscos de uma aquisição de uma empresa Argentina são menores em função da nossa proximidade cultural. Tendo em vista toda a análise dos fatos ocorridos durante a aquisição da Loma Negra da Argentina pela 14 Camargo Corrêa Cimentos do Brasil, podemos afirmar que foi bem-sucedido o processo de compra das empresas, pois ocorreu uma correlação do fato com as teorias econômicas e administrativas. É importante enfatizar a participação da China no mercado mundial de cimentos sendo que sua participação é muito superior a do segundo colocado, justificando um outro estudo para o tema. Evento da Loma Negra Conceito Análise A C.C. tinha como objetivo aumentar sua produção para ter mais Segundo Hymer na teoria de poder de mercado ele diz que é competitividade no Busca de uma vantagem específica no necessário dominar a base da mercado reduzindo ativo da Loma Negra. pirâmide de produção para seus custos, com o dominar o mercado. parque fabril da Loma Negra eles alcançariam este objetivo. Como a Votorantim De acordo co Thomaz Wood a já se internalizou, a Escola de Uppsala prevê que Experiência para outras internalizações C.C. necessitava antes de uma da Camargo Corrêa e a proximidade aprender esta internacionalização é cultural da Argentina atividade para se necessário uma analise dos igualar ao constructos psíquicos. concorrente. De acordo com Schumpeter a teoria da inovação consiste em introdução de um produto novo ou uma mudança Mesmo a Loma qualitativa em um produto Negra existente, novo processo de comercializando na Atuação em um mercado novo. inovação na indústria, a Argentina, este abertura de um mercado novo, mercado seria novo desenvolvimento de novas para C.C. fontes de provisão para matérias-primas ou outras contribuições ou mudança organizacional. Na Suécia é O conceito de Volvismo considerados que a segundo Wood, é caracterizado evolução da pela evolução da administração da administração de Fayol, para produção consiste Internacionalização da produção Taylor/Ford, depois para na Toyotismo e por último internacionalização Volvismo que assimila a da produção e a automação e ao aumento da democracia da vida flexibilidade no trabalho. no trabalho. 15 6. REFERENCIA ANDERSEN, O. On the internationalization process of firms: a critical analysis. Journal of International Business Studies. Washington, v. 24, n2, p. 209-231, second quarter 1993. ANDRADE, Maria Lúcia Amarante de; CUNHA, Luiz Maurício da Silva; e SILVA, Marcela do Carmo. Desenvolvimento e perspectivas da indústria de cimento. BNDES Setorial, n. 15, p. 35-62, Rio de Janeiro, BNDES, 2002. ANUARIO, análise de comércio exterior de 2006, página 35 “Por dentro da operação Gabi”. 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