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Influência Da Preparação De Amostras De Concreto Com Agregado Reciclado E Cinza...

Artigo publicado no III ENARC - São Leopoldo, 2013

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1 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ INFLUÊNCIA DA PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS DE CONCRETO COM AGREGADO RECICLADO E CINZA DE CASCA DE ARROZ NA PENETRAÇÃO DE ÍONS CLORETO TATIANE I. HENTGES (1); MARLOVA P. KULAKOWSKI (2); MARIANA B. FEDUMENTI (3) (1) Bolsista de Iniciação Científica – Probiti (Fapergs) – UNISINOS – [email protected]; (2) Professora PPGEC – [email protected]; (3) Mestre em Engenharia Civil – UNISINOS – [email protected] RESUMO Os agregados reciclados de concreto (ARC) podem aumentar a penetração de cloretos no concreto e diminuir sua durabilidade, e a cinza de casca de arroz (CCA) pode diminuir este aspecto negativo. Comumente emprega-se o método ASTM C1202 para avaliar a penetração de cloretos em concretos. Existem muitas críticas relativas ao mesmo, principalmente para avaliar concretos com ARC. Neste método, satura-se as amostras em água fervida. O NT Build 492, outro método empregado neste tipo de avaliação, onde a saturação é feita em água destilada com cal. O trabalho objetiva avaliar os resultados de penetração de cloretos em concretos com ARC e CCA pelo método ASTM C 1202, comparando-se a forma padrão de saturação e a saturação em água com cal. Empregou-se concretos com 0, 25 e 50% de ARC em substituição ao agregado natural; 0, 10 e 20% de CCA em substituição ao cimento. Não há diferenças significativas entre os resultados dos dois modos de preparo, com exceção dos concretos com 50% de ARC. Empregar água com cal evita a lixiviação em concretos com e sem ARC e padroniza a saturação. Palavras-chave: penetração de cloreto; preparação de amostra; ASTM C 1202; agregado reciclado de concreto. 2 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ INFLUENCE OF PREPARATION OF CONCRETE SPECIMENS WITH RECYCLED AGGREGATE ON THE PENETRATION OF CHLORITE IONS ABSTRACT The recycled concrete aggregate may increase the chlorite penetration into concrete and decrease its durability, and the rice husk ash may decrease this aspect. Commonly employ the method ASTM C 1202 to assess penetration of chlorites in concrete. There are many criticisms about this method, especially to assess concretes with recycled concrete aggregate. On this method, the specimens are saturated in boiled water. The NT Build 492, also a method employed on this kind of evaluation, where the saturation is made in distilled water with lime. This study aims evaluate the results of penetration of chlorite into concretes with 0, 25 and 50% of recycled concrete aggregate in place of natural aggregate; 0, 10 and 20% of rice husk ash to replace the cement. There are no significant differences among the results of two ways of penetrations, except for concretes with 50% of recycled concrete aggregate. Employ water with lime prevents lixiviation on concretes with and without recycled concrete aggregate and standardizes the saturation. Key-words: penetration of chloride; specimens’ preparation; ASTM C 1202; recycled concrete aggregate. 1. INTRODUÇÃO Pesquisas referentes ao efeito da inserção do agregado reciclado de concreto (ARC) no concreto vêm tomando espaço no meio científico, e tão importante quanto testar a influência nas resistências físicas, é conhecer o efeito na durabilidade desses novos concretos(1). A ASTM C 1202(2), que avalia a penetração de íons cloreto no concreto, é uma norma bastante utilizada em pesquisas para determinação da durabilidade de concretos. A Tabela 1 mostra alguns trabalhos feitos no Estado do Rio Grande do Sul ao longo de 20 anos que aplicaram este ensaio na metodologia da pesquisa. 3 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ Tabela 1 - Autores que utilizaram ASTM C 1202(2). ANO AUTOR TRABALHO INSTITUIÇÃO MATERIAIS UTILIZADOS 1994 KULAKOWSKI(3) Dissertação de Mestrado UFRGS Argamassas de cimento Portland e areia com adição de microssílica para reparos de estruturas 2001 HOFFMANN(4) Dissertação de Mestrado UFRGS Concretos variando a relação água/aglomerante, teor de adição de sílica ativa, temperatura e tempo de cura 2004 MISSAU(5) Dissertação de Mestrado UFSM Concretos compostos com diferentes teores de CCA 2004 MOREIRA(6) Dissertação de Mestrado UFSM Concreto com altos teores de cinza volante 2005 SCHNEIDER(7) Dissertação de Mestrado UFSM Concretos com escoria de alto forno e ativador químico com diferentes períodos de cura 2008 SIQUEIRA (8) Dissertação de Mestrado UFSM Concretos compostos com cimento Portland branco e escória de alto forno ativados quimicamente 2010 TROIAN(1) Dissertação de Mestrado UNISINOS Concretos produzidos com diferentes teores de ARC 2010 CRAUSS(9) Dissertação de Mestrado UFSM Concretos com diferentes tipos de cimento submetidos a tratamento superficial Outra norma que simula a penetração acelerada de cloretos no concreto com auxílio de corrente elétrica, é a NT Build 492(10). As duas normas prescrevem métodos muito semelhantes de preparo das amostras, diferenciando apenas a solução onde as fatias de concreto são saturadas. Conforme a ASTM C 1202(1), a água para saturação das amostras deve ter sido fervida e estar à temperatura ambiente. Segundo a NT Build 492(10), para elaborar a solução de saturação da amostra deve-se “encher o recipiente com solução saturada de Ca(OH)2, dissolvendo sem excesso o hidróxido de cálcio em água destilada ou deionizada, de forma a submergir completamente as amostras”. A norma brasileira NBR 5738/2003(11) descreve no item 8.2.3 que, quando submersa, a cura dos corpos de prova deve ser executada em solução saturada de hidróxido de cálcio com temperatura constante de 23±2ºC. A hidratação do cimento traz, em poucas horas, como resultado da interação entre cálcio, sulfato, aluminato e íons hidroxilas, grandes cristais de hidróxido de cálcio e pequenos cristais fibrosos de silicato de cálcio hidratado. Estes ocupam o lugar que era preenchido pela água existente nos espaços vazios(12). 4 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ É provável que não existam íons de cálcio livres na água fervida utilizada no método padrão ASTM C 1202(2). Assim, quando esta entra em contato com o concreto endurecido, tende a dissolver cálcio dos produtos de hidratação, principalmente o Ca(OH)2. Devido à sua solubilidade alta em água pura, o hidróxido de cálcio é o constituinte mais sensível à eletrólise, ocorrendo a lixiviação(13). Por isso, a adição da cal é importante quando os corpos de prova de concreto são imersos na solução de saturação. Além disso, observar a forma de preparação das amostras é ainda mais relevante quando se trabalha com concretos produzidos com agregado reciclado de concreto. Parte do ARC é composto de argamassa que também possui produtos de hidratação facilmente solubilizados e lixiviados e o emprego de solução saturada de cal para preparo das amostras a serem ensaiadas evitará distorções nos resultados deste tipo de concreto. Fedumenti(14), ao trabalhar com concretos com ARC, estudou dois métodos de penetração de íons cloreto (ASTM C 1202(2) e NT Build 492(10)), preparando os corpos de prova por saturação em água com cal de forma a impedir o processo de lixiviação do concreto durante o período de saturação. O presente trabalho foi desenvolvido para validar a adaptação na forma de preparar os corpos de prova no método ASTM C 1202(2) proposta por Fedumenti(14). 2. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é analisar a influência da solução de saturação, com e sem cal, empregada na preparação de amostras de concretos com agregados reciclados de concreto e cinza de casca de arroz, nos resultados de penetração acelerada de íons cloreto, conforme método ASTM C 1202(2). 3. MATERIAIS Os materiais utilizados foram os mesmos do trabalho de Fedumenti (2013)(14). As principais características dos materiais são apresentadas na sequência. 5 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ 3.1. Cimento O cimento utilizado neste trabalho foi o CPII-F-32, por não possuir adições reativas, facilitando a compreensão dos resultados, com massa específica de 3,11 kg/dm³. 3.2. Cinza de casca de arroz A cinza de casca de arroz utilizada nos ensaios apresenta alto teor de sílica e dimensão média de partícula de 6,22 µm e massa específica de 2,12 kg/dm³. O índice de atividade pozolânica foi de aproximadamente 105% pelo método NBR 5752/2012(15), enquanto que pelo método adaptado da norma com o uso de aditivo foi de aproximadamente 132%. 3.3. Agregado miúdo natural Proveniente do Rio Jacuí, no Rio Grande do Sul, o agregado miúdo natural utilizado neste trabalho foi areia quartzosa. A caracterização foi feita no Laboratório de Materiais de Construção (LMC) da Unisinos, obtendo-se uma massa específica de 2,55 g/cm³ e massa unitária de 1,52 g/cm³. 3.4. Agregado graúdo natural O agregado graúdo natural empregado na pesquisa foi brita basáltica, proveniente do distrito da Linha São Jorge, cidade de Garibaldi, Rio Grande do Sul. Também executada no LMC da Unisinos, a caracterização apresentou massa específica de 2,67 g/cm³ e massa unitária de 1,40 g/cm³. 3.5. Agregado reciclado de concreto (ARC) Este agregado é proveniente de resíduo da produção de laje pré-fabricada tipo Rott, submetida à cura convencional, com fck 35 MPa, britada em um britador de mandíbulas com abertura de 20 mm. O agregado utilizado é passante na peneira de malha de abertura 19 mm e retido na 4,8 mm. A massa unitária do ARC é de 1,13 g/cm³ e a massa específica é de 2,21 g/cm³. 6 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ 3.6. Aditivo O aditivo utilizado foi um aditivo superplastificante de alto desempenho da marca MCPowerFlow 1180. O máximo de aditivo aplicado foi de 0,28%. 3.7. Água Para execução dos corpos de prova, foi utilizada água proveniente da rede de abastecimento local. A água utilizada para saturação das amostras no ensaio padrão ASTM C 1202 (2), foi a mesma, tendo sido fervida até o ponto de ebulição pelo menos dois dias antes de sua utilização e armazenada em recipiente fechado em sala com temperatura constante de 21±2ºC. 3.8.Água destilada com cal A água destilada é proveniente de destilador do Laboratório de Análise Ambiental da Unisinos. A esta foi adicionada cal hidratada até que a solução ficasse saturada. 3.9.Solução de Cloreto de sódio Especificada na norma ASTM C 1202(2), a solução de NaCl é de 3,0% em massa (grau de reagente) em água destilada. 3.10. Solução de Hidróxido de Sódio Solução de hidróxido de sódio (NaOH) de 0,3-N (grau de reagente) em água destilada. 4. MÉTODOS 4.1. Penetração de cloretos A norma da ASTM C 1202(2) prescreve a utilização de amostras com 102 mm x 51 mm. Assim, são moldados corpos de prova cilíndricos de 100 mm x 200 mm e cortadas três fatias perpendiculares ao eixo, excluindo-se aproximadamente 25 mm das extremidades. 7 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ Após o corte, as laterais das fatias devem ser impermeabilizadas e, a partir disso, as amostras devem ser colocadas em um dessecador para aplicação de vácuo com pressão de 50 mm Hg (6665 Pa). Passadas três horas de vácuo, coloca-se água fervida (e já esfriada à temperatura ambiente) até a completa submersão das amostras (durante este processo o vácuo continua sendo aplicado). Após a submersão, a bomba de vácuo permanece ligada por mais uma hora. A partir do momento em que é desligado o vácuo, o aparato deve permanecer sem entrada de ar por 18±2 horas. Finalizada a preparação, faz-se a montagem das amostras com as células, as telas e os aros. Neste trabalho, as fatias foram ligadas às células com selante à base de poliuretano. Assim que o selante usado na montagem estiver seco, inicia-se o ensaio. A Figura 1 ilustra o procedimento realizado nas amostras até o momento. Figura 1. Procedimento adotado no ensaio ASTM C 1202(2): (a) Corpo de prova 100mm x 200mm; (b) Corte das células; (c) Impermeabilização das faces laterais; (d) Saturação das amostras; (e) Montagem das células para o ensaio. Fonte: Schneider(7) O ensaio consiste em conectar as células em paralelo com uma fonte que deve fornecer a tensão de 60±0,1 Volts pelo período do ensaio (Figura 2). Na montagem, deve-se ter cuidado para que a face superior da fatia fique em contato com a solução de cloreto de sódio (onde será conectado o polo negativo da fonte de alimentação), e a face inferior esteja em contato com a solução de hidróxido de sódio (conectada ao polo positivo). Devem ser anotadas as correntes passantes (em Coulombs) de cada amostra no momento em que inicia o ensaio e a cada 30 minutos, durante 6 horas. Ao final do ensaio são registradas 13 correntes passantes em cada amostra, sendo a última aos 360 minutos. Com essas informações, a norma permite quantificar, com 8 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ auxílio da Equação (A), a penetração de íons cloreto na amostra, resultado que é dado em coulombs. Figura 2. Esquema de ligação fonte-células-amperímetro-voltímetro (A) Onde Q = carga passante (coulombs); I0 = corrente (amperes) imediatamente após a tensão ser aplicada; e It = corrente (amperes) em t minutos após a tensão ser aplicada. Tendo calculado o valor final, a ASTM C 1202(2) classifica a resistência dos concretos quanto à penetração dos íons cloreto, conforme Tabela 2. Tabela 2 – Penetrabilidade de íons cloreto com base na carga passante Carga Passante (coulombs) Penetrabilidade de íons cloreto >4000 Alta 2000 – 4000 Moderada 1000 – 2000 Baixa 100 – 1000 Muito baixa < 100 Desprezível Fonte: ASTM C 1202 (2) 9 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ 4.2. Saturação dos corpos de prova Como já descrito, o foco deste trabalho consiste na avaliação do método de preparo das amostras para o ensaio. Foram realizadas duas formas distintas de preparo destas amostras: a primeira delas, descrita conforme o método padrão da norma e a segunda, com a submersão das amostras em água destilada com cal (Figura 3). Para ambos os métodos, foi aplicado vácuo e submergido as amostras de acordo com cada preparo. Figura 3. Saturação das amostras: (a) água fervida; (b) solução de cal em água destilada. (a) (b) 4.3. Produção dos corpos de prova Foram produzidos e ensaiados concretos elaborados com nove traços distintos, com 0, 10 e 20% de substituição do cimento por cinza de casca de arroz (CCA) e 0, 25 e 50% de substituição do agregado graúdo natural por agregado reciclado de concreto (ARC). O traço unitário em massa empregado foi 1:2,36:2,74 e a relação água/aglomerante foi 0,53. Para cada um dos métodos de saturação foram empregadas três amostras, totalizando 54 ensaios. 4.4. Tratamento e análise de dados Com os resultados obtidos do ensaio de penetração de íons cloreto, utilizou-se a Equação A e fez-se a média da penetrabilidade de cada traço. Foi empregada a análise de variância (ANOVA) como análise estatística para o tratamento dos dados, para investigar se há ou não diferença significativa entre os efeitos da variáveis envolvidas no estudo sobre a penetração de íons cloreto, bem como os efeitos devido às possíveis 10 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ interações entre essas variáveis a partir dos resultados obtidos. As análises foram feitas na versão de demonstração do software Statistica 10. As variáveis de análise foram: teor de cinza de casca de arroz, teor de agregado reciclado de concreto, e método de preparação das amostras (submergidas em água destilada com ou sem cal). 5. RESULTADOS A carga total passante nas amostras é apresentada na Figura 4, com destaque para as classificações de penetrabilidade descritas pela norma: A (alta), M (moderada), B (baixa), MB (muito baixa) e D (desprezível). Percebe-se que as únicas amostras que apresentam “alta” penetrabilidade são as que não contêm cinza de casca de arroz. A substituição do cimento por 10% de CCA muda a classificação dos concretos estudados para “moderada” e as amostras de concreto com 20% da pozolana apresentam resultados na classe de penetração de íons cloreto “muito baixa”*. *Desprezados os 4,3 coulombs ultrapassados pelo traço E com cal. Figura 4 – Gráfico da penetrabilidade de cloretos das amostras e classificação: (A) alta; (M) moderada; (B) baixa; (MB) muito baixa; e (D) desprezível A análise da influência da adição de cal no preparo das amostras por ANOVA (Tabela 3) indicou não haver diferença significativa entre os resultados de carga total passante. Com exceção de dois traços, todos os outros mostraram uma diminuição da carga 11 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ passante total quando a solução de preparo empregou cal. Esta diminuição, porém, não alterou a classificação dos traços quanto à penetração de íons cloreto. Tabela 3 - Análise da influência das variáveis no preparo das amostras por ANOVA Fonte SQ GDL MQ Teste F Significância - p Efeito ARC 1675288 2 837644 2.272 0,117650 NS CCA 248149956 2 124074978 336.604 0,000000 S CAL 467448 1 467448 1.268 0,267566 NS ARC*CCA 3538616 4 884654 2.400 0,067979 NS ARC*CAL 2173002 2 1086501 2.948 0,065237 NS CCA*CAL 393403 2 196701 0.534 0,591038 NS ARC*CCA*CAL 4160994 4 1040249 2.822 0,039073 S Erro 13269887 36 368608 SQ = soma dos quadrados; GDL=graus de liberdade; MQ = média quadrada; Teste F = MQG/MQR (média quadrada do grupo/média quadrada do erro); valor-p = probabilidade, distribuição t de Student; significância: S= significativo, NS = não significativo Os dois traços que apresentam maior carga passante para as amostras preparadas com cal foram os compostos com 50% de substituição de agregado graúdo natural por agregado reciclado de concreto. O efeito isolado do “teor de agregado reciclado” sobre os resultados da carga total passante no concreto é apresentado no gráfico de médias da Figura 5. Substituindo-se 25% de ARC a carga passante aumenta em cerca de 15% quando comparada com o os resultados dos concretos sem agregado reciclado. Porém, quando a substituição é maior, de 50%, o aumento da carga total cai para 11%. Deve-se lembrar que esse gráfico leva em consideração os resultados de todos os traços estudados, ou seja, a CCA pode estar interferindo no comportamento. A Figura 6 mostra as médias do efeito isolado da influência do fator “cinza de casca de arroz” sobre o total de carga passante. Este fator foi um dos que mais contribuiu para o comportamento do concreto, tendo em vista que a simples substituição de 10% de cimento por CCA diminui 62% a carga total passante em relação aos concretos sem CCA. Quando se compara a média de valores entre os concretos sem CCA e com 20% 12 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ de substituição de cimento por CCA, a diminuição da carga total passantes se eleva para 85%. Figura 5 – Efeito isolado da variável “ARC” no comportamento da carga total passante nas amostras. Figura 6 - Efeito isolado da variável “CCA” no comportamento da penetração total de cloretos. A influência da cal na carga total passante nas amostras é apresentada no gráfico da Figura 7, onde a adição desta diminui em pouco mais de 6% a penetrabilidade de cloretos. A carga total passante das amostras preparada com cal, de modo geral, não ultrapassa os limites estipulados pela ASTM C1202 para variabilidade dos resultados (12,3%) e pode evitar um processo de lixiviação. Figura 7 – Efeito isolado da variável “método de preparação” no comportamento da carga total passante. A interação de segunda ordem entre a CCA, o ARC e a CAL pode ser visualizada na Figura 8. Há, em geral, uma diminuição na carga total quando se adiciona cal na água de preparação das amostras, porém essa diferença não é significativa, pois o 13 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ percentual de diminuição é de 12,3%. A Tabela 3 mostra o efeito percentual que a adição de cal causa nos resultados do ensaio ASTM C 1202(1) para cada traço. Figura 8 - Interação da variável “CCA”, “ARC” e “A/AGL” em relação à penetração de cloretos. Tabela 3 – Influência do emprego de cal na preparação das amostras diferença entre os métodos de preparação para cada traço estudado Teor ARC(%) Teor CCA (%) Influência do emprego de cal na carga total passante Diferença (%) 0 0 Diminuição 5,00 0 10 Diminuição 7,04 0 20 Diminuição 4,52 25 0 Diminuição 25,53 25 10 Diminuição 6,33 25 20 Diminuição 3,37 50 0 Aumento 17,59 50 10 Diminuição 11,50 50 20 Aumento 17,22 Com estes dados, percebe-se que para a maioria dos resultados a variação entre os dois métodos é baixa, com algumas exceções. Estas exceções podem estar vinculadas à obtenção da fatia pois, em outro estudo(15), foi comprovado que existe diferença de carga total passante entre as fatias retiradas em diferentes alturas de um mesmo corpo de prova cilíndrico. As fatias do topo do corpo de prova apresentam maior penetração do que aquelas retiradas da base do corpo de prova. No caso deste estudo, 14 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ empregaram-se fatias retiradas de diferentes alturas dos corpos de prova, em função do programa experimental no qual estava inserido. 6.CONCLUSÃO Conforme os resultados obtidos, a modificação do método de preparo da ASTM C 1202(2) não apresentou diferenças significativas entre os resultados quando comparados ao método de preparo da NT Build 492(10), com cal. Porém, há uma alteração nos resultados com a utilização de 50% de ARC, sendo necessário um maior cuidado quando se utiliza grandes quantidades de substituição de agregado reciclado de concreto por agregado natural. De maneira geral, é aconselhável o uso de saturação das amostras em água com cal, visto que desta forma previne-se a lixiviação do hidróxido de cálcio dos concretos em estudo, evita-se a necessidade de ferver a água e os riscos agregados, assim como diminui o tempo de preparo da solução para saturar as amostras. Obtém-se ainda uma padronização da preparação de dois métodos de ensaios que buscam os mesmos resultados: avaliar a penetrabilidade de cloretos em concretos. 7. REFERÊNCIA 1.TROIAN, Aline. Avaliação da durabilidade de concretos produzidos com agregado reciclado de concreto frente à penetração de íons cloreto. 2010. 127p. Dissertaçã (Mestrado em Engenharia Civil) – Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil: Gestão de Resíduos. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. São Leopoldo, RS, 2010. 2.AMERICAN SOCIETY FOR TESTING MATERIALS. ASTM C1202-07: Standard Test Method for Electrical Indication of concrete’s Ability to Resist Chloride Ion Penetration. 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Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - 15 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, RS, 2004. 6.MOREIRA. Bianca P. Estudo da penetração de cloretos na camada de cobrimento do concreto com altos teores de cinza volante. 2004. 135f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, RS, 2004. 7.SCHNEIDER, Jonas André. Penetração de cloretos em concretos com escória de alto forno e ativador químico submetidos a diferentes períodos de cura. 2005. 154f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2005. 8.SIQUEIRA, Henrique C. Penetração de cloretos em concretos compostos com cimento Portland branco e escória de alto forno, ativados quimicamente. 2008. 141f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2008. 9.CRAUSS, Camila. Penetração de cloretos em concretos com diferentes tipos de cimento submetidos a tratamento superficial. 2010. 89f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, RS, 2010. 10.NT BUILD 492 - NORDTEST METHOD – Concrete, Mortar and Cement-Based Repair Materials: Chloride Migration Coefficient From Non-Steady-State Migration Experiments. Nordtest, Espoo, Finland, 1999. 11.ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5738: 2003. Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de Janeiro, 2003. 12.MEHTA, P.K., MONTEIRO, P.J.M. Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São Paulo: IBRACON, 2008. 573f. 13.LAPA, José Silva. Patologia, recuperação e reparo das estruturas de concreto. 2008. 56f. Monografia (Especialização em Construção Civil) – Departamento de Engenharia de Materiais e Construção. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2008. 14.FEDUMENTI, Mariana B. Avaliação da influência da cinza de casca de arroz na penetração de íons cloreto em concretos com agregado reciclado de concreto. 2013. 128f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Programa de PósGraduação em Engenharia Civil, Universidade do Vale do Rio dos Sinos. São Leopoldo, RS, 2013. 15.HENTGES, T.I. Comparação de métodos de preparo de corpos de prova para o método de penetração de cloretos ASTM C 1202. In: II CONGRESSO DE INCIAÇÃO CIENTÍFICA E PÓS-GRADUAÇÃO – CICPG 2012. Anais... São Leopoldo: Unisinos, 2012. p. 2416-2417