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Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Direito
Metodologia da Pesquisa em Direito
Discente: Lisa Rocha Micheli – Matrícula: 213201040
Docente: Carlos Eduardo Soares de Freitas
Salvador, 23 de outubro de 2013
CHAUÍ, Marilena. Neoliberalismo e Universidade. In: Oliveira, Francisco; Paoli, Maria Célia. Os sentidos da democracia. p.27-51
Fichamento 1- Neoliberalismo e Universidade
Dados sobre autora:
Marilena de Souza Chauí nasceu na cidade de São Paulo, no dia 4 de setembro de 1941. Possui graduação em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1965), especialização em Licenciatura pela Universidade de São Paulo(1965), mestrado em Filosofia pela Universidade de São Paulo(1967) e doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo(1971). Atualmente é professor titular da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia. Atuando principalmente nos seguintes temas: Imanência, liberdade, Necessidade, Servidão, Beatitude e Paixão.
2- Sobre a Obra
Neoliberalismo e Universidade. In: Oliveira, Francisco; Paoli, Maria Célia. Os sentidos da democracia. p.27-51.
Conferência proferida na abertura do seminário: "A Construção Democrática em questão" no dia 22 de abril de 1997, no Anfiteatro de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, FFLCH-USP.
3 – Ideia Central do Texto:
O texto de Marilena Chauí, intitulado "Neoliberalismo e Universidade", trata do surgimento do neoliberalismo, perpassando pela ideologia e ele inerente e as consequências impressas nas sociedades por tal ideologia. A autora fala de ideologia pós-moderna e prioriza ao longo do texto, a sua influência na educação, que por sua vez, é mencionada como objeto de consumo, tendo sido mercantilizada, por objetivos de cunho puramente financeiros. O texto é construído, em suma, por colocações da autora a respeito das contribuições e consequências trazidas pelo Neoliberalismo à educação, numa tentativa de alertar aos leitores sobre os prejuízos que essa ideologia tem acarretado sobre o meio acadêmico.
4 – Transcrição da Obra
"A ideologia pós-moderna corresponde a uma forma de vida determinada pela insegurança e violência institucionalizada pelo mercado. Essa forma de vida possui quatro traços principais:
1. A insegurança, que leva a aplicar recursos no mercado de futuros e de seguros;
2. A dispersão, que leva a procurar uma autoridade política forte, com perfil despótico;
3. O medo, que leva ao reforço de antigas instituições, sobretudo a família, e ao retorno das formas místicas e autoritárias ou fundamenta- listas de religião;
4. O sentimento do efêmero e da destruição da memória objetiva dos espaços levando ao reforço de suportes subjetivos da memória (diários, biografias, fotografias, objetos)."
"(...) me parecia e me parece impossível discutir seriamente a questão da avaliação da universidade sem considerar a tragédia da educação brasileira sob os efeitos do projeto neoliberal que, no caso da universidade, implantou- se justamente através da ideia de avaliação acadêmica segundo critérios que não só perdem de vista a especificidade da universidade, mas sobretudo trabalham a partir da inserção da universidade na sociedade pelo prisma das relações
de mercado."
"Que pretendia a classe dominante ao desmontar um patrimônio público de alta qualidade? Que a escola de primeiro e segundo graus ficasse reduzida à tarefa de alfabetizar e treinar mão-de-obra barata para o mercado de trabalho."
"O neoliberalismo não é uma lei natural nem uma fatalidade cósmica nem muito menos o fim da história. Ele é a ideologia de uma forma histórica particular assumida pela acumulação do capital, portanto, algo que os homens fazem em condições determinadas, ainda que não o saibam e que podem deixar de fazer se, tomando consciência delas, decidirem organizar-se contra elas."
5 - Conclusão
A análise do texto permite concluir que, para Marilena chauí, o Neoliberalismo tem trazido mais malefícios que benefícios a sociedade e principalmente a educação. Prova palpável desta afirmação se fundamenta no aumento inquestionável das disparidades sociais, do desemprego estrutural e da terceirização, além da monopolização do conhecimento e da informação. Não obstante, a autora nos faz despertar para uma realidade que está a vista de todos, mas que por ser tão comum, passa desapercebida. É o caso da mercantilização da educação, que tem se tornado mais uma indústria financeira para um Estado que diminui a distância entre as pessoas e a universidade, mas que aumenta vertiginosamente a distância entre os alunos e o conhecimento de fato e, por conseguinte, restringe estes alunos a uma formação sem a qualidade merecida. Tem-se nesse contexto a desvalorização dos níveis fundamentais da educação pública, o que nos leva a perceber que estes alunos que vieram de escolas públicas raramente conseguirão ultrapassar os muros da universidade. Muitos irão fazer parte da mão-de-obra barata que tem seus direitos usurpados pela sociedade, ou tentarão conciliar um emprego com uma graduação em universidades particulares que oferecem uma formação de má qualidade. Em contrapartida, tem-se uma classe de alunos (em geral de classe média), que, vindos das melhores escolas particulares, conseguem, sem muita dificuldade, ocupar espaços dentro da Universidade Pública. Nota-se, finalmente, que o Neoliberalismo, através da chamada Ideologia pós-moderna estabelece que a educação de qualidade é um privilégio que em sua maioria é detido pelos mais abastados de nossa sociedade. Ao passo que cabe a cada cidadão, posicionar-se de fato sobre tais colocações, a fim de diminuir as injustiças que ainda permanecem enraizadas na educação do nosso País.
