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PROENF PROGRAMAS DE ATUALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM SAÚDE DO ADULTO CICLO 2 MÓDULO 3 COORDENADORA GERAL: CARMEN ELIZABETH KALINOWSKI DIRETORAS ACADÊMICAS: JUSSARA GUE MARTINI VANDA ELISA ANDRES FELLI PROENF | SAÚDE DO ADULTO | Porto Alegre | Ciclo 2 | Módulo 3 | 2007 proenf-sa_0_Iniciais e sumario.pmd 3 14/11/2007, 18:09 Estimado leitor É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na web e outros), sem permissão expressa da Editora. Os inscritos aprovados na Avaliação de Ciclo do Programa de Atualização em Enfermagem (PROENF) receberão certificado de 180h/aula, outorgado pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) e pelo Sistema de Educação em Saúde Continuada a Distância (SESCAD) da Artmed/ Panamericana Editora, e créditos a serem contabilizados pela Comissão Nacional de Acreditação (CNA), para obtenção da recertificação (Certificado de Avaliação Profissional). As ciências da saúde estão em permanente atualização. À medida que as novas pesquisas e a experiência ampliam nosso conhecimento, modificações são necessárias nas modalidades terapêuticas e nos tratamentos farmacológicos. Os autores desta obra verificaram toda a informação com fontes confiáveis para assegurar-se de que esta é completa e de acordo com os padrões aceitos no momento da publicação. No entanto, em vista da possibilidade de um erro humano ou de mudanças nas ciências da saúde, nem os autores, nem a editora ou qualquer outra pessoa envolvida na preparação da publicação deste trabalho garantem que a totalidade da informação aqui contida seja exata ou completa e não se responsabilizam por erros ou omissões ou por resultados obtidos do uso da informação. Aconselha-se aos leitores confirmá-la com outras fontes. Por exemplo, e em particular, recomenda-se aos leitores revisar o prospecto de cada fármaco que lanejam administrar para certificar-se de que a informação contida neste livro seja correta e não tenha produzido mudanças nas doses sugeridas ou nas contra-indicações da sua administração. Esta recomendação tem especial importância em relação a fármacos novos ou de pouco uso. Associação Brasileira de Enfermagem ABEn Nacional SGAN, Conjunto “B”. CEP: 70830-030 - Brasília, DF Tel (61) 3226-0653 E-mail: [email protected] http://www.abennacional.org.br Artmed/Panamericana Editora Ltda. Avenida Jerônimo de Ornelas, 670. Bairro Santana 90040-340 – Porto Alegre, RS – Brasil Fone (51) 3025-2550 – Fax (51) 3025-2555 E-mail: [email protected] [email protected] http://www.sescad.com.br Os autores têm realizado todos os esforços para localizar e indicar os detentores dos direitos de autor das fontes do material utilizado. No entanto, se alguma omissão ocorreu, terão a maior satisfação de na primeira oportunidade reparar as falhas ocorridas. proenf-sa_0_Iniciais e sumario.pmd 2 14/11/2007, 18:09 ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM VITOR HUGO MARQUES ANNA MARIA CHIESA Vitor Hugo Marques – Enfermeiro. Professor. Presidente da Sociedade Brasileira de Enfermagem nos Esportes Anna Maria Chiesa – Enfermeira. Doutora em Saúde Pública. Professora Associada do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP) INTRODUÇÃO No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) configura-se como uma política pública avançada que contempla, além do direito à saúde, a participação da população na gestão dos serviços, a integralidade e a eqüidade das ações como princípios norteadores. A concretização dos princípios norteadores do SUS requer a estruturação de um novo modelo assistencial, cujo foco de atenção não seja dirigido somente ao tratamento das doenças, mas contemple, também, os determinantes das condições de saúde de uma daterminada população. Nesse sentido, formula-se a proposta da vigilância à saúde, entendida como um processo muito mais amplo e complexo para o enfrentamento dos inúmeros problemas e agravos que comprometem a qualidade de vida dos diferentes segmentos da população. A qualidade de vida é entendida como a condição de existência relativa ao modo de viver em sociedade, articulando o momento histórico e a estruturação no cotidiano, que está estreitamente relacionada ao grau de liberdade social e à capacidade de usufruto das conquistas técnico-científicas pelos indivíduos e grupos sociais. Tendo em vista o desafio de atender às demandas de reformulação do modelo assistencial no contexto dos serviços públicos do Brasil, é necessário recuperar as práticas de enfermagem em saúde coletiva e analisar como essas têm contribuído para a concretização desse desafio. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 93 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 93 ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 94 A pesquisa de Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva, realizada em âmbito nacional no final da década de 1990, evidencia algumas características que tal prática vinha assumindo. Segundo Almeida e colaboradores,1 destacam-se os seguintes aspectos: “As tecnologias de atenção à saúde são pautadas pelo saber biomédico; a doença é o eixo principal da atenção; a rede básica de saúde tem incorporado tecnologias de uso hospitalar; há diversificação dos agentes/trabalhadores produtores das ações de saúde na rede básica; o trabalho coletivo é ainda tomado por um somatório de ações particularizadas; o social é tomado como algo externo aos sujeitos-históricos; o modelo hegemônico é o modelo médico, individual, curativo; há pluralidade de ações e de inserção da Enfermagem em diversos setores, a qualificação é focalizada para o ato e desvinculada de um processo de educação continuada, há normatização das ações em função das necessidades dos setores; o quantitativo tem maior representação na produção das ações.” A citação de Almeida e colaboradores aponta um cenário desfavorável de atuação, no qual os profissionais limitam o uso de saberes e de práticas relacionadas ao conceito ampliado de saúde. Ainda com relação à pesquisa de Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva, Egry e colaboradores2 destacam a extrema diversidade de implantação do SUS, principalmente, do ponto de vista de planos de ações municipais voltados para contemplar os perfis epidemiológicos da população; a variedade de composição e de distribuição da força de trabalho em saúde e, especialmente, em enfermagem; a variedade de ações componentes da prática, albergando momentos de intervenção mais individuais, grupais, familiais e coletivas, com pequeno respaldo institucional. Diante desse cenário desfavorável de ação para os profissionais de saúde, é mister acionar os espaços de formação e educação permanentes em saúde e em enfermagem para a sua reversão. Neste capítulo, serão apresentadas algumas contribuições do campo da promoção da saúde, associado com aspectos de prática de atividade física e formação de cidadania ativa, capazes de instrumentalizar os enfermeiros que atuam na atenção básica, sobretudo em equipes do Programa Saúde da Família (PSF), para redirecionar suas ações. Consideramos que é fundamental para os enfermeiros assumirem um espaço maior na assistência que o Programa Saúde da Família possibilita, enfocando as ações para os aspectos de manutenção de potenciais de saúde da população atendida, com o embasamento científico inerente à prática profissional responsável. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 94 14/11/2007, 18:08 OBJETIVOS Após o estudo do presente capítulo, o leitor estará apto a: ■ ■ ■ ■ recuperar, historicamente, a importância da dimensão assistencial da enfermagem na Atenção Básica em saúde; resgatar as contribuições da Promoção da Saúde como campo de conceitos e práticas que subsidiam ações de clínica ampliada para a enfermagem na Atenção Básica ao adulto; apresentar as bases fisiológicas do sedentarismo na população adulta e as possibilidades de minimização dos problemas por meio da recomendação e do seguimento da atividade física; apresentar elementos para estruturação de atividades educativas na perspectiva emancipatória. ESQUEMA CONCEITUAL Promoção da saúde como campo de conhecimentos e de práticas Sedentarismo – aspectos históricos e epidemiológicos Bases fisiológicas do desenvolvimento e da degradação do organismo humano Enfrentamento do sedentarismo na atenção básica a partir das ações de enfermagem Atividade física – conceituação geral Atividade física e saúde – protocolo de consenso para prescrição multiprofissional Atividade física e prática assistencial de enfermagem Histórico de enfermagem Diagnóstico de enfermagem Plano assistencial Prescrição de enfermagem – plano de cuidados Nível de atividade física atual Caso clínico 1 Caso clínico 2 Conclusão proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 95 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 95 ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 96 PROMOÇÃO DA SAÚDE COMO CAMPO DE CONHECIMENTOS E DE PRÁTICAS A I Conferência Mundial de Promoção da Saúde ocorreu em 1986, na cidade de Ottawa, Canadá, tornando-se o principal marco de referência na constituição desse campo, tendo contribuído para ampliar as discussões sobre os determinantes da saúde e o objeto de ação de suas práticas. Desde então, o movimento da Promoção à Saúde vem concretizando esse ideário ao enfatizar o entendimento da produção social do processo saúde-doença, na medida em que enfatiza a organização social na gênese desse processo e responsabiliza a sociedade na superação dos problemas, extrapolando o setor saúde. Na ocasião da Conferência Mundial de Promoção da Saúde, a Promoção à Saúde foi conceituada como “processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle desse processo”.3 Tal conceituação põe a população em uma posição bastante distinta, de proposições simplistas, voltadas para a adoção de “estilos de vida saudáveis”, na medida em que ela deixa de ser somente o alvo dos programas e passa a assumir uma posição na definição dos problemas a serem enfrentados. Amplia-se a concepção de saúde, referindo-a aos seus determinantes, assim como a possibilidade de intervenções, que extrapolam o setor saúde. Os campos de ação, definidos na Carta de Ottawa, incluem cinco eixos de atuação: elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis; criação de ambientes favoráveis à saúde; ■ reforço para a ação comunitária; ■ desenvolvimento de habilidades pessoais; ■ reorientação dos sistemas e serviços de saúde. ■ ■ Em 1988, na ll Conferência Mundial de Promoção da Saúde, realizada em Adelaide, Austrália, as discussões centraram-se no tema das políticas públicas saudáveis, reforçando o entendimento da saúde como um direito humano fundamental e um sólido investimento social. Para o fortalecimento das políticas públicas saudáveis, foi evidenciada a necessidade de ampliar o interesse e a preocupação de diferentes setores no sentido de se criarem ambientes favoráveis para a vida. Nessas discussões, ainda, foi destacado o conceito de eqüidade, como meta para a superação das desigualdades decorrentes da inserção social desigual. Já naquele momento, foi destacada a importância do desenvolvimento de parcerias, com vistas a ações intersetoriais, capazes de causarem impacto sobre as condições geradoras de saúde. Em 1991, foi realizada a lll Conferência Internacional de Promoção à Saúde, em Sundsvall, na Suécia, que contribuiu para a melhor caracterização do campo de ação relacionado aos ambientes saudáveis. As discussões realizadas vieram a incorporar as dimensões sociais, econômicas, políticas e culturais, além dos aspectos físicos e naturais, ao conceito de ambiente. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 96 14/11/2007, 18:08 Na reunião da América Latina, foi destacada a importância dos determinantes sociais sobre a saúde dos povos, propondo-se que o conceito de Promoção à Saúde incorporasse a tarefa de “transformar as relações excludentes, conciliando interesses econômicos e propósitos sociais de bem-estar social”.3 A realização da Conferência no contexto latino-americano contribuiu para destacar o contingente de pessoas vivendo em condições de miséria, decorrentes de um modelo econômico excludente que constitui uma séria barreira aos propósitos das ações de Promoção à Saúde. Recupera-se, assim, a importância da eqüidade social e da solidariedade para o alcance do objetivo maior de atuar sobre os determinantes de saúde. Em 1997, em Jacarta, Indonésia, ocorreu a IV Conferência Internacional de Promoção à Saúde. Foi a primeira vez que um país asiático e em desenvolvimento, com problemas estruturais extremamente sérios, sediou esse tipo de evento, o que reforçou os propósitos anteriormente delineados para a Promoção à Saúde. Foi destacada a importância de serem formuladas ações concretas para alcançar os propósitos e de estabelecer uma articulação mundial para efetivá-las, dadas as condições desiguais vivenciadas pelos diferentes países. A aliança global proposta pela Declaração de Jacarta implica um compromisso de reforçar as ações necessárias, dadas as especificidades de cada país, sem que isso signifique que os países sejam os únicos responsáveis pela concretização das metas. A partir dessa breve recuperação histórica acerca das Conferências Internacionais sobre a Promoção à Saúde, é possível visualizar importantes conceitos, definidos em um curto período de 12 anos, ressaltando aspectos de políticas públicas saudáveis e ações focais favoráveis à saúde. Entretanto, os avanços conceituais não tiveram a repercussão esperada em termos de ações concretas. Apesar de serem encontrados muitos textos que propõem a capacitação da população no controle e/ou melhoria das condições de saúde, esse é um aspecto central no processo das mudanças necessárias, porém, ainda se encontra pouco consolidado em experiências concretas. Vários autores identificam o conhecimento das necessidades sentidas pela populaçãoalvo como o ponto de partida fundamental para a estruturação de programas.4-6 Dado que as necessidades da população-alvo configuram um aspecto subjetivo da realidade, são necessários métodos específicos de abordagem dessa realidade, para que os programas tenham êxito. Caso contrário, as políticas se tornarão estéreis, com soluções tecnocráticas e voltadas para problemas inexistentes ou pouco importantes para a população a quem se destinam as ações, recolocando a população em uma situação de protagonista, mais do que, simplesmente, alvo das políticas. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 97 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 97 No contexto da América Latina, foi realizada, em 1992, uma Conferência Internacional de Promoção à Saúde, em Bogotá, Colômbia, com a participação de representantes de vários países latinoamericanos, cuja discussão principal foi a adequação da incorporação dos conceitos do novo paradigma da Promoção à Saúde no contexto excludente do continente latino-americano. ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 98 Vasconcelos7 considera a medicina oficial como “deseducadora” e elenca, entre outros fatores, o modo autoritário e grosseiro como a população é tratada nos centros de saúde, levando-a a um sentimento de autodesvalorização. Além disso, nas atividades ditas educativas, como as palestras, está presente a idéia de que a doença se deve, principalmente, à falta de cuidado e ao desleixo da população com a sua saúde, deixando a “vítima” com sentimento de “culpa” pelo problema que apresenta. Cocco,8 ao analisar a prática educativa do enfermeiro em saúde coletiva, aponta que o fato da população não saber o que ocorre com o próprio corpo é uma condição de submissão estabelecida. O exercício da dominação se operacionaliza por meio da tentativa de ocultar as contradições, sendo importante superar o nível aparente, o qual visa a homogeneizar ou a naturalizar o real. A partir da década de 1970, com a adoção de um conceito de processo saúde-doença que enfatiza a inserção dos indivíduos nos meios de produção como determinantes do acesso aos bens de consumo social e da exposição a diferentes riscos de adoecer e de morrer; e de experiências com educação popular, constrói-se um novo referencial teórico para a prática educativa, dentro da perspectiva histórico-estruturalista.9 A participação voluntária da população nos programas educativos é fundamental para que não se reproduzam os modelos paternalistas, coercitivos e normatizadores de condutas, historicamente presentes na prática educativa em saúde, os quais têm sido alvo de severas críticas.8-10 Segundo Green e Kreuter,4 o escopo da Promoção à Saúde amplia o conceito de atuação na medida em que incorpora a combinação de apoios educacionais e ambientais para as ações e modificações nas condições de vida, para que se propiciem condições necessárias para a saúde da população. Às intervenções educativas, deveriam ser incorporadas ações gerenciais e econômicas, necessárias para a construção de sistemas sociais e políticas saudáveis, pois a exposição às condições de risco que geram os processos mórbidos não se dá de forma equânime entre os diferentes segmentos populacionais. É fundamental conhecer as necessidades de saúde específicas dos grupos que compõem a população, enfatizando as ações coletivas, além das intervenções individuais, e o trabalho intersetorial para atuar sobre as causas que levam aos problemas de saúde, e não somente sobre as doenças. Dentro da perspectiva de conhecer as necessidades de saúde específicas dos grupos, apresentamse os conceitos fundamentais para a atuação dos enfermeiros no enfrentamento do sedentarismo. O profissional de enfermagem vai atuar junto à população adulta, atendida nos serviços da rede básica, pautados no processo de autonomia da população nos aspectos relacionados ao seu processo de saúde e doença por meio do processo de desenvolvimento de cidadania ativa ocasionado pela prática social de atividade física. 1. Segundo o exposto no capítulo, defina qualidade de vida. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 98 14/11/2007, 18:08 2. São campos de ação definidos pela Carta de Ottawa, EXCETO: A) B) C) D) elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis. criação de ambientes favoráveis à saúde. desenvolvimento de atletas para competições esportivas. reforço para a ação comunitária. 3. Com base nas informações do texto, faça a relação das colunas. ( A ) I Conferência Internacional de Promoção à Saúde. ( B ) II Conferência Internacional de Promoção à Saúde. ( C ) III Conferência Internacional de Promoção à Saúde. ( D ) IV Conferência Internacional de Promoção à Saúde. ( ) As discussões centraram-se no tema das políticas públicas saudáveis, reforçando o entendimento da saúde como um direito humano fundamental e um sólido investimento social. ( ) Foi destacada a importância de se formularem ações concretas para alcançar os propósitos e de estabelecer uma articulação mundial para efetivá-las, dadas as condições desiguais vivenciadas pelos diferentes países. ( ) A Promoção à Saúde foi conceituada como “processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle desse processo”. ( ) As discussões realizadas vieram a incorporar as dimensões sociais, econômicas, políticas e culturais, além dos aspectos físicos e naturais ao conceito de ambiente. Respostas no final do capítulo 4. No que consiste a aliança global, proposta na IV Conferência Internacional de Promoção à Saúde? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 99 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 99 ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 100 5. Por que a participação voluntária da população nos programas educativos é fundamental para o enfrentamento do sedentarismo? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ SEDENTARISMO – ASPECTOS HISTÓRICOS E EPIDEMIOLÓGICOS Utilizando-se dos desenhos infantis das décadas de 1970 e 1980 – como os “Flintstones” e os “Jetsons” –, é possível traçar um paralelo sobre os aspectos da construção social da diminuição da utilização do maquinário musculoesquelético na evolução da vida social e profissional dos indivíduos, além dos aspectos estruturais que influenciam o sedentarismo na atualidade. Tomando como exemplo os desenhos infantis, observa-se que o homem, ao longo do processo histórico, sempre utilizou sua biomecânica para poder desempenhar ações de trabalho e de vida social. Ao longo da história da sociedade, vários aspectos da prática de atividade física sempre estiveram associados com as atividades cotidianas. Com a domesticação de animais para consumo, e a sua utilização como ferramenta para o preparo da terra para cultivo, diminuíram os aspectos de caça e da necessidade de fuga de predadores naturais. Em relação à moradia e vestuário, o homem, na maior parte do tempo, atuava de forma ativa na confecção das próprias roupas e na construção da própria morada. Durante o século XVIII, com a Primeira e a Segunda Revoluções Industriais, a utilização de máquinas passou a substituir a ação humana em muitos momentos do processo de trabalho.11 Com o desenvolvimento da sociedade industrial e do processo de produção de bens e serviços, o século XX pode ser considerado como o século do sedentarismo. Nesse período, a substituição das atividades manuais de trabalho por máquinas e a oferta acessível de equipamentos eletroeletrônicos produzidos em massa facilitaram a vida cotidiana com o conceito de que “conforto é ter tudo pronto sempre à mão”. Os avanços tecnológicos, tanto na esfera do trabalho como na área de lazer, aumentam o tempo diário com atividades, predominantemente, sedentárias. Há uma tendência a optar-se pelas ações consideradas mais fáceis e que promovem menor gasto calórico. Isso pode ser considerado um paradoxo, pois, ao mesmo tempo em que se vive a “ditadura da magreza”, também se observa uma ojeriza ao suor. Nos meios de comunicação, divulga-se a idéia de que o sucesso está associado à aparência e que atividades manuais não combinam com o sucesso. Conceitos de “pense, não faça, mande fazer”, ou “o sucesso e a felicidade ao aperto de um botão”, imperam e moldam as ações coletivas. Até o esporte é veiculado como algo apenas a ser admirado, como uma obra de arte, exibido e comercializado em programas de televisão ou em arenas desportivas. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 100 14/11/2007, 18:08 Nas grandes cidades brasileiras, inexistem ciclovias e locais de estacionamento público de bicicletas. Os prédios e edifícios comerciais ou residenciais não apresentam locais de caminhada. As escadas são consideradas apenas como rota de fuga em caso de emergências ou locais de risco para quedas com possíveis riscos de processos indenizatórios. Bairros com poucos praticantes de AF podem tornar-se ambientes opressores para a prática por meio de atitudes desencorajadoras e agressivas dos moradores, tais como desrespeito dos motoristas, apelidos pejorativos, dentre outros. Observa-se o surgimento do conceito de “cansaço psicológico”, no qual se vê a falta de interesse/motivação para a execução do ato de transporte ativo (caminhar e/ou subir escadas) sempre que estiverem disponíveis possibilidades de transporte passivo (escadas e esteiras rolantes, elevadores, etc.). Isso pode ser observado, também, quando há opção de estacionar veículos sempre nas vagas mais próximas dos acessos ou destinos, ou mesmo no pagamento da execução de tarefas manuais. O processo de informação educativa sobre os benefícios da prática de AF e, principalmente, sobre as formas de como essa pode ser executada em atividades específicas ou cotidianas, é pequeno, seja em locais públicos ou em locais privados. Mesmo nas escolas, na imprensa ou em locais de atendimento de saúde, pouco se aborda sobre o tema AF e saúde nos seus aspectos práticos e alternativos. BASES FISIOLÓGICAS DO DESENVOLVIMENTO E DA DEGRADAÇÃO DO ORGANISMO HUMANO A maioria das doenças associadas ao sedentarismo, somente se manifesta na vida adulta, mas é cada vez mais evidente que o seu desenvolvimento se inicia na infância e adolescência, principalmente, os distúrbios cardiovasculares, endócrinos e metabólicos.16 O envelhecimento é um processo contínuo, durante o qual ocorre uma diminuição do funcionamento fisiológico natural. Os dados do Centro Nacional de Estatística para a Saúde, apontados pela posição oficial das Sociedades Brasileiras de Medicina Esportiva e Geriatria sobre atividade física e saúde do idoso, demonstram que, cerca de 84% das pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, são dependentes para realizar as suas atividades cotidianas, constituindo-se em um maior risco de institucionalização. Pode-se considerar que a maioria dos efeitos do envelhecimento é ocasionada por imobilidade e má adaptação, decorrência de processo contínuo de sedentarismo, e não por doença crônica. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 101 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 101 O ambiente da sociedade moderna desempenha um papel pouco encorajador para o envolvimento com a atividade física (AF).11-15 Poucas são as atitudes que privilegiam ou estimulam a adoção de um estilo de vida ativo. Há a priorização do transporte motorizado individual em detrimento do transporte coletivo ou do transporte ativo – patins, bicicletas, skates, etc. ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 102 A massa óssea termina o seu processo de consolidação por volta dos 20 anos, em ambos os sexos, e começa um declínio gradual a partir dos 30-40 anos de idade. Esse declínio é de, aproximadamente, 0,5% ao ano, sendo que essa perda é muito mais acentuada (3%) em mulheres após a menopausa.17 À redução da massa óssea, associa-se a alteração natural da cartilagem articular, que, associadas às alterações biomecânicas, adquiridas ou não, provocam degenerações diversas ao longo da vida. Esse processo pode levar à diminuição da função locomotora e da flexibilidade, acarretando maior risco de lesões e comprometimento da autonomia. A maturação do sistema neuromuscular ocorre por volta dos 20 a 30 anos de idade. Entre a terceira e a quarta décadas de vida, ocorrem mínimas alterações na força máxima. Todavia, a partir da quinta década de vida, é observada uma redução da força máxima muscular de cerca de 10% por década.18 Além das alterações musculoesqueléticas, observam-se alterações estruturais cardíacas, associadas ao envelhecimento, tais como o aumento da massa cardíaca da ordem de 1 a 1,5 g/ ano, entre 30 e 90 anos de idade, pelo aumento da espessura da parede do ventrículo esquerdo (VE), bem como do septo interventricular. Paralelamente às alterações cardíacas, há aumento da rigidez do coração decorrente da deposição de tecido colágeno, principalmente, na parede posterior do VE. Associa-se a esse fato uma maior rigidez da aorta, além de alterações na elasticidade, na distensibilidade e na dilatação nas artérias corporais. Esse fato favorece o aumento da pressão arterial sistólica. O aumento da resistência arterial periférica determina um incremento progressivo da pressão arterial média. Somam-se a essas alterações, as neurológicas e as pulmonares, decorrentes do processo natural de degradação celular.18 É consenso na literatura que, mesmo com todas as alterações morfofuncionais que ocorrem com a idade, decorrentes do processo de envelhecimento, mantendo-se um estilo de vida saudável por meio da prática de AF regular, essas podem ser retardadas e/ou minimizadas.11,12,13,17,19-23 A implantação de estratégias de prevenção, como a prática da atividade física regular e de programas de reabilitação e fortalecimento, poderá promover a melhora funcional e minimizar ou prevenir o aparecimento dessas incapacidades. 6. Por que o ambiente da sociedade moderna desempenha um papel pouco encorajador para o envolvimento com atividade física? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 102 14/11/2007, 18:08 ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 8. Explique a relação entre efeitos do envelhecimento e sedentarismo. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 9. A massa óssea começa um declínio gradual a partir dos 30-40 anos de idade. Em indivíduos do gênero masculino, esse declínio é de aproximadamente: A) B) C) D) 0,5% ao ano. 3% ao ano. 20% ao ano. Nenhuma das alternativas anteriores. 10. Das alterações físicas associadas ao envelhecimento, pode-se afirmar corretamente que: A) a maturação do sistema neuromuscular ocorre por volta dos 40 anos de idade. B) entre a terceira e quarta décadas de vida, ocorrem as maiores alterações na força máxima. C) a partir da quinta década de vida, é observada pouca redução da força máxima muscular, de cerca de 1% por década. D) além das alterações musculoesqueléticas, observam-se alterações como o aumento da massa cardíaca da ordem de 1 a 1,5 g/ano, entre 30 e 90 anos de idade. Respostas no final do capítulo ATIVIDADE FÍSICA – CONCEITUAÇÃO GERAL A associação entre AF e saúde é relatada na cultura Chinesa e Indiana, em textos gregos e romanos, além de citações no período clássico e renascentista.11,19 A relação entre epidemiologia e atividade física, aparentemente, tem início na era epidemiológica das doenças crônico-degenerativas. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 103 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 103 7. O que se compreende por cansaço psicológico? ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 104 Estudos epidemiológicos, publicados a partir da década de 1950, apresentam o conceito de que a AF é benéfica para a saúde. O sedentarismo aparece como condição prejudicial à saúde, e a AF aparece como um dos potenciais que poderia modificar o risco dos indivíduos de adoecerem.11 Observa-se uma grande dificuldade na comparação dos dados de sedentarismo e prática de AF entre países ou cidades, em decorrência da diferença dos métodos utilizados no diagnóstico ou na classificação dos níveis de atividade física, tais como sedentário, pouco ativo, ativo, muito ativo, entre outros.19 Para o termo AF, diversas classificações são relacionadas. Dentre elas, destaca-se que a AF seria a ação humana que comporta a idéia de trabalho como conceito físico, ou seja, qualquer movimento corporal, produzido pela musculatura esquelética, que resulte em gasto energético; qualquer atividade muscular que resulte, desde os mais simples movimentos corporais até os mais complexos, coordenados e metodizados exercícios e atividades. Refere-se, também, à totalidade de movimentos executados no contexto do esporte, da aptidão física, da recreação, da brincadeira, do jogo e do exercício, tendo componentes e determinantes de ordem biopsicossocial, cultural e comportamental, podendo ser exemplificada por jogos, lutas, danças, caminhadas, passeios, atividades lúdicas, esportes, exercícios físicos, atividades laborais e deslocamentos.11,19,24,25 A AF é um comportamento complexo, pois toda e qualquer atividade musculoesquelética é englobada por ela, tanto na prática de qualquer tipo de exercício físico, atividades esportivas, treinamentos, quanto em ações cotidianas ou lúdicas, como caminhar, dançar, limpar a casa ou o carro, subir ou descer de escadas, passear com o cachorro, entre outras. Assim, pode ser considerada AF toda a forma de gasto de energia promovido pelo aparelho musculoesquelético. Para o conceito de gasto energético, pode-se considerar que o ser humano o faz por meio de três processos: ■ processo digestório – gasto energético por meio dos três processos que ocorrem com os nutrientes em todo o trato digestório: digestão – absorção – eliminação; ■ gasto energético basal – quantidade de energia mínima para a manutenção dos aspectos vitais – funcionamento dos órgãos, processos de renovação dos tecidos mucosos e de células corporais, entre outros; ■ prática de AF – quantidade de energia gasta com a prática de qualquer atividade musculoesquelética, ordenada ou não. De acordo com Andrade,12 pode-se considerar a relação entre AF e promoção da saúde em três momentos distintos, sendo identificados três vertentes de promoção, como demonstra o Quadro 1. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 104 14/11/2007, 18:08 VERTENTES DA RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE FÍSICA E PROMOÇÃO DA SAÚDE Prática esportiva Aptidão física Atividade física Durante a década de 1970, profissionais de diferentes áreas ligadas à saúde acreditavam que a prática de esportes poderia promover a saúde; porém, os macrotraumas osteomusculares decorrentes de treinamentos intensos e repetitivos evidenciaram que a prática esportiva não promovia, necessariamente, a saúde, nem prevenia o surgimento de algumas doenças. Com a disseminação da relação entre aptidão física e saúde e o aumento no número das academias durante a década de 1980, houve o aumento do anseio em adquirir um “corpo perfeito” sem considerar os aspectos de uma boa saúde. Com a prática regular de exercícios, a necessidade da atividade supervisionada e o controle rígido dos critérios de prescrição (freqüência, duração, intensidade e tipo de atividade física), observou-se o aumento dos microtraumas, isso sem considerar as alterações psicológicas e sociais dos cultuadores do físico (vigorexia, anorexia, exclusão por questões financeiras, por exemplo). Outra característica importante desse período foi a grande utilização das baterias de medidas e testes de aptidão física em escolares, atletas e população em geral, reforçando, excessivamente, a necessidade da prescrição do exercício para a manutenção e melhora da aptidão física, como o único caminho para a promoção da saúde. Mais recentemente, pesquisadores reconhecem a relação entre atividade física e promoção da saúde como uma proposta mais democrática e com grande aplicabilidade populacional, no que tange os aspectos de promoção da saúde, prevenção e tratamento de doenças. Os malefícios do sedentarismo superam, em muito, as eventuais complicações decorrentes da prática de AF, os quais, portanto, apresentam uma interessantíssima relação risco/benefício. ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE – PROTOCOLO DE CONSENSO PARA PRESCRIÇÃO MULTIPROFISSIONAL Para uma vida saudável, é necessária a associação de aspectos de atividades e atitudes saudáveis, tais como nutrição adequada e prática de AF. Esses podem ser caracterizados como um padrão de comportamento mensurável, no qual esses comportamentos identificáveis possam ser valorizados, quando benéficos e promotores de saúde, e trabalhados/modificados quando representam um fator agressor à condição saudável do indivíduo. É possível elencar, como estilos de vida saudáveis, aqueles que possam ser caracterizados como positivos, tais como prática regular de AF, padrões nutricionais adequados dentro dos critérios de distribuição de quantidade de calorias e variedade de nutrientes associados ao fracionamento das refeições e ingestão de quantidades adequadas de líquidos, dentre outros.12 O conhecimento dos profissionais de saúde sobre as recomendações da promoção da saúde pela prática de atividade física é necessário, para que a AF possa ser utilizada com esse propósito. Para isso, é importante estabelecer e clarificar os critérios na qual a atividade física pode ser utilizada para promoção da saúde. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 105 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 105 Quadro 1 ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 106 Não basta saber que a AF é benéfica e que se considera AF todo e qualquer movimento corporal; é necessário, também, que os critérios mínimos de utilização estejam claros e que esses sejam possíveis de serem aplicados em âmbito terapêutico, na forma de tratamento ou prevenção de doenças, ou na esfera da promoção da saúde. Andrade12 relata que, na década de 1990 pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CCDC-USA) e do Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM) definiram a recomendação sobre as formas de AF necessárias para a promoção da saúde, o tratamento e a prevenção de doenças. A metodologia utilizada foi pelo levantamento de evidências científicas das áreas de epidemiologia, de fisiologia e de clínicas diversas (cardiologia, geriatria, pneumologia, etc.), por meio de pesquisas básicas, de artigos de revisão da literatura e das principais conclusões dos últimos encontros científicos que enfatizaram esse tema. Por meio da pesquisa de Andrade, a posição sobre a AF e a promoção da saúde é a de que indivíduos adultos deveriam acumular, no mínimo, 30 minutos ou mais de atividade física com uma intensidade moderada, preferivelmente, todos os dias da semana, no mínimo 5 dias, de forma contínua ou acumulada.12 Pode-se destacar o fator benéfico à saúde, advindo do acúmulo da prática de AF em pequenas atividades executadas de intensidade moderada e de forma intervalada e, não necessariamente, pela obrigatoriedade da realização de atividades vigorosas e executadas de forma contínua (ininterrupta). Esse fato incentiva, facilita e fortalece os indivíduos para a adoção de um comportamento ativo, por meio do acúmulo de atividades físicas durante o dia. A prática contínua de AF pode ser feita com atividades cotidianas simples, tais como utilizar escadas, ao invés do elevador, executando caminhadas nos intervalos diários, seja pela utilização de espaços próprios para a prática de exercícios ou de atividades esportivas em curtos intervalos de tempo durante o dia. Pode-se ressaltar o fato da possibilidade de associação entre as duas formas de prática de AF ao longo do dia ou da semana. A proposta da AF contínua aproxima-se do conceito de promoção da saúde por propiciar aspectos de opção e de escolha, possibilitando ao indivíduo a autonomia para a adoção de um estilo de vida mais ativo da forma que melhor lhe convier. Todavia, essa possibilidade não exclui as formas mais tradicionais de envolvimento com a AF, de aspectos mais vigorosos, tais como exercícios supervisionados e práticas esportivas, em ambientes fechados ou não, com objetivos competitivos ou lúdicos. A AF orientada tem-se mostrado benéfica para o controle, o tratamento e a prevenção de doenças fisiológicas, cognitivas e sociais, tais como diabete, cardiopatias, hipertensão, arteriosclerose, varizes, enfermidades respiratórias, artrose e transtornos mentais ou psicológicos, artrite e dor crônica, dentre outras. A prática de exercícios físicos habituais, além da promoção à saúde, influencia na reabilitação de determinadas patologias associadas com o aumento dos índices de morbidade e de mortalidade. Dessa forma, terapeutas têm ressaltado a importância da AF para o tratamento de doenças e a melhoria da saúde.11-15,19-23 proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 106 14/11/2007, 18:08 Quadro 2 PRINCIPAIS BENEFÍCIOS À SAÚDE ADVINDOS DA PRÁTICA DE AF Aspectos Metabólicos Antropométricos e neuromusculares Psicológicos Benefícios Aumento do volume sistólico, aumento da potência aeróbica, aumento da ventilação pulmonar, melhora do perfil lipídico, diminuição da pressão arterial, melhora da sensibilidade à insulina e diminuição da freqüência cardíaca em repouso e no trabalho submáximo. Diminuição da gordura corporal, incremento da força e da massa muscular, da densidade óssea e da flexibilidade. Melhoria da auto-estima, do autoconceito, da imagem corporal, das funções cognitivas e de socialização, na diminuição do estresse e da ansiedade e na diminuição do consumo de medicamentos. Para a prática de AF fazer parte dos hábitos cotidianos, é necessário caracterizar e identificar os seus aspectos determinantes. Esses podem ser entendidos como fatores que influenciam de maneira positiva ou negativa o envolvimento, a manutenção e o abandono de um estilo de vida ativo. De acordo com Andrade,12 alguns fatores positivos e negativos podem influenciar a adesão/nãoadesão dos indivíduos à prática de AF (Quadro 3). Quadro 3 FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR A ADESÃO/NÃO-ADESÃO À PRÁTICA DE AF ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ Positivos Instrução e encorajamento (social, familiar, profissional) Rotina regular Ausência de lesões, de dor e de desconforto Prazer Diversão Variedade da AF Grupo amistoso Avaliação dos progressos Aprovação do cônjuge Baixo custo financeiro para a prática Espaços públicos desportivos conservados Facilidade de execução (proximidade da residência) Segurança proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 107 ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ Negativos Instrução inadequada Inconveniência de tempo Problemas/distúrbios musculoesqueléticos Exercício sem motivação Compromisso individual Falta de conhecimento dos progressos Desaprovação do cônjuge Falta de encorajamento Alto custo Falta de locais públicos específicos Insegurança Não-prescrição/orientação dos profissionais de saúde por meio de propaganda impressa 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 107 Matsudo e colaboradores26 relata que os principais benefícios à saúde, advindos da prática correta de AF terapêutica, referem-se aos aspectos dispostos no Quadro 2. ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 108 É importante salientar o fato de que, a exemplo de outras intervenções em saúde, a AF terapêutica regular deve obedecer a alguns fundamentos, para assegurar a melhor relação risco/benefício. As principais variáveis a serem observadas para a prescrição, de acordo com as recomendações do programa Agita São Paulo, são: ■ modalidade – caracterizada pelo tipo de AF executada, seja essa realizada com atividades cotidianas, atividades esportivas ou pela prática de exercícios físicos; ■ freqüência – caracterizada pelo número de dias por semana em que os indivíduos se envolvem com AF moderada ou intensa; ■ duração – definida pela quantidade de minutos de AF por dia, tempo de duração de cada sessão; ■ intensidade – característica do esforço desempenhado para a prática da AF. É classificada em leve ou moderada (aquelas que fazem o indivíduo suar levemente ou aumentam leve ou moderadamente sua respiração ou batimentos do coração); ou vigorosa (aquelas que fazem o indivíduo suar bastante ou aumentam muito a sua respiração ou os seus batimentos do coração); ■ modo de progressão – forma de execução da AF. É classificado em contínuo (uma única sessão por dia), acumulado (várias sessões por dia), ou indiferente (contínua ou acumulada). Para uma maior adesão dos praticantes, a escolha da modalidade de AF deve valorizar, acima de tudo, as preferências pessoais e as possibilidades do praticante, enfatizando aspectos de lazer e socialização, além dessas atividades serem, preferencialmente, executadas em grupo e de forma variada. Os profissionais de saúde devem adotar, tanto para a prescrição quanto para a definição/ caracterização de sedentarismo, a seguinte metodologia: ■ duração – pelo menos 30 minutos; ■ intensidade – moderada; ■ freqüência – no mínimo 5 dias por semana; ■ modo – de forma contínua ou acumulada em: ■ 30min seguidos; ou 3 sessões de 10min; ou 2 sessões de 15min. Seguindo a recomendação mínima de AF para o adulto, definida pelo CDC e pelo ACSM, adotada pela OMS e pelo programa Agita São Paulo, o Quadro 4 demonstra as classificações dos indivíduos relacionando-os com a prática de AF. Quadro 4 CLASSIFICAÇÕES DOS INDIVÍDUOS CONFORME A PRÁTICA DE AF Classificação Fisicamente inativo (sedentário) Insuficientemente ativo Fisicamente ativo Freqüência Não realiza Duração Não realiza Tipo Não realiza < 5 dias/sem < 30min/dia Qualquer tipo ≥ 3 dias/sem ≥ 5 dias/sem ≥ 20min/dia ≥ 30min/dia Vigorosa Moderada Total -------< 150min/sem e < 5 dias/sem ≥ 60min/sem ≥ 150min/sem Fonte: Matsudo (1998).19 proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 108 14/11/2007, 18:08 Um fato que também desperta atenção é que, apesar de a população e os profissionais de saúde, de forma geral, reconhecerem os benefícios da AF como uma forma de recuperar ou manter a saúde, apenas esse reconhecimento não é suficiente para a adoção de um estilo de vida ativo. Apesar das evidências sobre os benefícios da prática de AF, pesquisas demonstram a alta prevalência de sedentarismo tanto em adultos quanto em crianças e adolescentes, tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento. Os profissionais de saúde pouco fazem, de forma geral, para mudar esse quadro. Ortopedistas brasileiros apenas recomendam a execução de AF apenas de forma verbal sem a utilização de receituário,27 e essa recomendação difere do protocolo proposto pela OMS. A não-prescrição em receituário reduz a aceitação, a compreensão e a adesão dos pacientes acerca da execução e dos benefícios advindos da prática regular de AF. Um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Enfermagem nos Esportes, em 2006,28 em evento realizado para enfermeiros da rede básica de saúde, demonstrou que esses desconhecem o protocolo de prescrição de AF e que não a utilizam como ferramenta terapêutica por meio de programas organizados, ou por meio de prescrição em folha de receituário. Considerando a alta prevalência de obesidade aliada ao significativo risco relativo do sedentarismo referente às doenças crônico-degenerativas, o incremento da AF de uma população contribui decisivamente para a saúde pública,12-14 com forte impacto na redução dos custos com tratamentos hospitalares e medicamentosos, além de internações, consultas e pronto atendimento, dentre outros. 11. Quais são os principais benefícios à saúde, referentes aos aspectos metabólicos, advindos da prática correta de AF terapêutica? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 12. Cite três exemplos de fatores positivos e três exemplos de fatores negativos que podem influenciar na adesão/não-adesão da prática de AF. Positivos Negativos Resposta no final do capítulo proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 109 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 109 De acordo com a definição das classificações de prática de AF, é possível considerar que a inatividade física/sedentarismo é um comportamento passível de ser identificado e mensurado e, dessa forma, modificado por meio de diferentes ações, com foco individual, coletivo e social conforme os conceitos mais recentes de promoção da saúde. ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 110 13. Nos dias em que é realizada alguma atividade física, por quanto tempo essa deve ser praticada para promover benefício à saúde? A) B) C) D) Mínimo 20 minutos. Mínimo 30 minutos. Mínimo 50 minutos. Não importa o tempo mínimo. 14. No mínimo, quantos dias da semana as pessoas devem ser fisicamente ativas para promover benefício à saúde? A) B) C) D) 7 dias por semana. 5 dias por semana. 3 dias por semana. Não importa a freqüência. Respostas no final do capítulo 15. Como se caracteriza um indivíduo insuficientemente ativo? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ATIVIDADE FÍSICA E PRÁTICA ASSISTENCIAL DE ENFERMAGEM Segundo dados do Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),29 por meio do relatório de pesquisa sobre padrões de vida dos brasileiros, elaborado em 1999, 26% dos homens realizam AF semanalmente, e em relação às mulheres, os valores correspondem a 12,7%. A quantidade de pessoas que se exercita de forma vigorosa durante pelo menos 30 minutos ou mais, por pelo menos 3 dias na semana, encontra-se em 10,8% e 5,2% do total de homens e de mulheres, respectivamente. O número percentual de praticantes de AF, tanto na população masculina quanto na feminina, é extremamente baixo e com pouca significância estatística. Cerca de 3 em cada 4 homens brasileiros são sedentários ou insuficientemente ativos, e esses valores aumentam para cerca de 9 em cada 10 mulheres brasileiras nessa condição prejudicial. O sedentarismo é um problema crônico e assintomático, e isso faz com que seja minimizada a preocupação dos profissionais de saúde e da própria população em relação a esse problema. Os aspectos relacionados com os benefícios da prática regular de AF, com base nos critérios mínimos de execução, representam condições que beneficiam o processo saúde-doença, seja nas dimensões física, social e psicológica. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 110 14/11/2007, 18:08 A incorporação da AF a partir da assistência de enfermagem pode ter início com conceito o tradicional dos 5 certos, utilizados para a terapêutica medicamentosa (paciente certo – hora certa – dose certa – via certa – droga certa). Para prescrição e aplicação da AF, os conceitos associados aos 5 certos podem ser aplicados como mostra o Quadro 5. Quadro 5 CONCEITOS ASSOCIADOS AOS 5 CERTOS Praticante certo Freqüência certa Duração certa Intensidade certa Atividade certa Paciente que executará a AF. Quantidade mínima de dias da semana a ser executada a AF. Quantidade mínima de tempo destinado à prática da AF, de forma contínua ou acumulada. Forma de execução da AF, moderada, leve ou vigorosa de acordo com as características e limitações do praticante. O tipo de AF a ser executada, como caminhada, ginástica oriental, dança, etc. O que se percebe nas recomendações dos 5 certos é que os enfermeiros trabalharão com a administração de terapêutica diferencial, ou seja, ao invés de utilizar-se apenas de drogas/ medicações, o que se propõe é a administração de AF como o remédio a ser receitado e administrado. Cabe ressaltar que a aplicação de AF não substitui a terapêutica medicamentosa tradicional e que ambas devem estar associadas a outras formas terapêuticas, tais como nutricionais, psicológicas, dentre outras. Os enfermeiros podem utilizar a AF como terapêutica complementar à medicamentosa, sendo que essa deve ser preconizada de forma contínua e em doses preestabelecidas, seguindo as especificidades individuais e os protocolos de prescrição. Para que a AF possa ser prescrita de forma similar às terapêuticas clínicas tradicionais de enfermagem, deve-se avaliar os pacientes por meio dos aspectos da Sistematização de Enfermagem (SAE), seguindo as etapas do processo e utilizando-se das informações obtidas para o desenvolvimento do processo de raciocínio clínico, administrativo e epidemiológico. Horta30 define o processo de enfermagem como a dinâmica das ações sistematizadas e interrelacionadas, visando à assistência ao ser humano. Isso se caracteriza pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas 6 fases ou passos, e no centro dessas fases situa-se o indivíduo, a família e a comunidade. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 111 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 111 Os benefícios da prática de AF apresentam-se de forma gradual e podem ser detectados no aspecto de escolha da terapêutica global, na qual o paciente se torna agente ativo no seu processo de saúde-doença, atuando com possibilidades diversas para controle e reversão dos agravos adquiridos. ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 112 As fases da SAE a serem consideradas nesse processo estão no Quadro 6. Quadro 6 AS SEIS FASES DA SAE Histórico de enfermagem Diagnóstico de enfermagem Plano assistencial Plano de cuidados (prescrição de enfermagem) Evolução de enfermagem Prognóstico de enfermagem Coleta de informações clínicas, pessoais, sociais e psicológicas do paciente obtidas por meio da consulta de enfermagem. Identificação das necessidades do paciente que requerem atendimento e a determinação, pelo enfermeiro, do grau de dependência desse atendimento em natureza e extensão. Esse diagnóstico não substitui o diagnóstico médico, trata-se de um processo complementar e independente. Determinação global da assistência de enfermagem que o ser humano deve receber diante do diagnóstico estabelecido. Trata-se do desenvolvimento teórico da assistência a ser executada. Implementação prática do plano assistencial pela prescrição que coordena a ação da equipe de enfermagem e dos próprios pacientes na execução dos cuidados adequados ao atendimento de suas necessidades básicas e específicas. Relato das sucessivas mudanças que ocorrem com o paciente enquanto esse estiver sob assistência profissional. Pela evolução, é possível avaliar a resposta do paciente à assistência de enfermagem implementada. Estimativa da capacidade do ser humano em atender suas necessidades básicas alteradas após a implementação do plano assistencial e à luz dos dados fornecidos pela evolução de enfermagem. 16. Sobre as estatísticas da prática de atividades físicas no Brasil, analise as alternativas. I) O percentual de praticantes de atividade física na população masculina apresenta-se baixo e com pouca significância estatística. II) O percentual de praticantes de atividade física na população feminina apresenta-se baixo e com pouca significância estatística. III) Cerca de 3 em cada 4 homens brasileiros são sedentários ou insuficientemente ativos. IV) Cerca de 9 em cada 10 mulheres brasileiras são sedentárias ou insuficientemente ativas. Estão corretas as alternativas: A) B) C) D) I e III. I e IV. Apenas a alternativa II está correta. Todas as alternativas estão corretas. Respostas no final do capítulo proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 112 14/11/2007, 18:08 ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 18. Dentre as seis fases da SAE, explique o plano de Cuidados (prescrição de enfermagem). ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ HISTÓRICO DE ENFERMAGEM Iniciando-se no foco da assistência individual, utiliza-se a AF na abordagem do indivíduo ou em um grupo educativo de pacientes com problemas semelhantes. Para isso, é necessário realizar o histórico de enfermagem. O histórico de enfermagem é feito durante a realização de consulta de enfermagem, com ênfase na captação das seguintes informações: Aspectos clínicos Idade, gênero, condições gerais de hidratação e de nutrição; Patologia principal e outras patologias associadas (cardiovasculares, osteomusculoarticulares, neurológicas, dentre outras); ■ Tratamento medicamentoso; ■ Dados antropométricos, tais como peso, estatura, IMC, dobras cutâneas, diâmetros ósseos (cotovelo, joelho, punho), circunferências corpóreas (braço, antebraço, coxa, perna, cintura abdominal e pélvica); ■ Medidas específicas de avaliação dos aspectos de força, de flexibilidade, de equilíbrio e de agilidade. ■ ■ Indivíduos sintomáticos e/ou com importantes fatores de risco para doenças cardiovasculares, metabólicas, pulmonares e do sistema locomotor, que poderiam ser agravadas pela atividade física, exigem avaliação médica especializada, para a definição objetiva de eventuais restrições e a prescrição correta de AF. Para a avaliação de indivíduos assintomáticos, o acompanhamento clínico e a realização de eletrocardiograma de repouso associado ao inquérito de antecedentes de cardiopatia individual e familiar podem garantir segurança na execução da prática de AF de intensidade leve ou moderada. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 113 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 113 17. Quais são os 5 certos da assistência de enfermagem? ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 114 Aspectos psicológicos Motivação. Aspectos relacionados à depressão, à ansiedade, à tristeza, ao isolamento, dentre outros. Prática preferida: grupal ou individual/esporte – exercício – AF. ■ ■ ■ Aspectos sociais Tipo de moradia. Familiares. ■ Atividades de trabalho – tempo e característica. ■ Infra-estrutura social – clubes, parques, praças, etc. ■ ■ Para a aquisição das informações sobre aspectos clínicos, psicológicos e sociais do indivíduo, os enfermeiros devem buscar os dados disponíveis em sites de informação municipal ou distrital e buscar fazer as adaptações de acordo com as especificidades das características individuais e regionais dos pacientes atendidos na rede básica. DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM Com as informações coletadas na consulta de enfermagem, acrescidas do diagnóstico médico, o enfermeiro executa o diagnóstico de enfermagem nos aspectos das necessidades clínicas, epidemiológicas e psicológicas do paciente. Todavia, não se deve excluir a classificação do indivíduo em relação à prática de AF (sedentário, insuficientemente ativo, ativo). Esse dado é de suma importância para o início da prescrição da AF terapêutica. Para detecção do nível de prática de AF, o enfermeiro deve utilizar os conceitos antes expostos. A verificação desses pode ser feita pela utilização do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ).12 Esse instrumento validado tem como objetivo mensurar o nível de prática de AF do entrevistado. Por meio dessa mensuração, o enfermeiro pode detectar o risco ao qual o indivíduo está exposto mediante o seu grau de sedentarismo. PLANO ASSISTENCIAL É na etapa do plano assistencial que se iniciam as diversificações dos objetivos a serem propostos com a prática da AF. A AF não deve ser utilizada de forma simplificada, ou seja, almejando obter ganhos ou alterações apenas nos aspectos clínicos individuais ou de um grupo de pacientes. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 114 14/11/2007, 18:08 A AF terapêutica deve ser sempre analisada, por parte dos enfermeiros, com base em três critérios: ■ Individual – processo de raciocínio mediante adaptação das possibilidades de prescrição e de organização de atividades físicas individuais ou realizadas em grupo mediante as limitações fisiopatológicas individuais dos pacientes, administrativas da Unidade Básica de Saúde (UBS) e sociais da comunidade. Processo de projeção dos fortalecimentos dos aspectos de cidadania ativa e de percepção do fortalecimento das ações individuais de mudança de comportamento individual, familiar e social: processo de autocuidado, motivador e multiplicador dos conceitos benéficos do estilo de vida saudável, aspectos de comportamento social ativo e participativo pela criação e pela manutenção de grupos de prática de AF na comunidade. ■ Comunitário – organização e oferta, na própria comunidade, da integração das redes sociais já existentes, tais como igrejas, utilização da organização e dos espaços dessas; escolas, essas com os programas de Escola da Família e com a integração e utilização dos profissionais de Educação Física e das quadras; integração de outros grupos de AF organizados por outras UBS do distrito municipal para organização de eventos comuns, tais como AF em grupo, atividades esportivas lúdicas, campeonatos e competições entre bairros, etc.; possibilidade de integração com academias e clubes; e aquisição de patrocínios com empresários e comerciantes locais. ■ Social – fortalecimento desses grupos para reivindicação de ações públicas primordiais, tais como construção, manutenção e melhoria de ciclovias, espaços de caminhada e corrida, parques e locais para a prática de atividades esportivas (quadras poliesportivas, campos de futebol, etc.), pistas de patins e skate. Incentivo e facilitação, por meio de leis e de ações práticas, para o uso de meios de locomoção ativa saudável – ciclovias e estacionamento de bicicletas em escolas, zonas de embarque e terminais de transporte públicos coletivos, além de estacionamento em zonas centrais das cidades, inclusão de aspectos de educação em saúde no currículo escolar fundamental. PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM – PLANO DE CUIDADOS O primeiro ponto a ser considerado na prescrição de enfermagem da AF terapêutica é que essa, obrigatoriamente, deve ser executada em formulário próprio ou folha de prescrição. Sem isso, torna-se difícil a compreensão do paciente em relação à realização da AF e a conseqüente adesão ao programa pré-estabelecido. A prescrição adequada de AF contempla as variáveis como duração, intensidade e freqüência semanal. Para isso, o enfermeiro deve considerar todos os aspectos clínicos e sociais do paciente e prescrever as orientações de forma a contemplar todas as possibilidades da sua execução, além de oferecer, nos locais de atendimento, essas possibilidades. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 115 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 115 A AF é uma ferramenta potente que pode ser utilizada com foco no indivíduo, na comunidade e na sociedade. Trata-se da utilização da AF para o fortalecimento das redes sociais, para que haja a capacitação do indivíduo para o exercício do processo de cidadania ativa na qual essa rede passa a ser um elemento facilitador das mudanças em seu bairro e sua cidade. ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 116 A prescrição da AF individual ou em grupo deve seguir, rigorosamente, os mínimos propostos pela OMS e adotados pelo programa Agita São Paulo, que preconizam a realização da AF da seguinte forma: ■ duração – pelo menos 30 minutos; ■ intensidade – moderada; ■ freqüência – no mínimo 5 dias por semana; ■ modo – de forma contínua ou acumulada em: • 30min seguidos; ou 3 sessões de 10min; ou 2 sessões de 15min. É importante enfatizar que o planejamento da AF deve ser individualizado, levando em consideração os resultados da avaliação clínica pré-participação e o levantamento das co-morbidades presentes, além dos aspectos sociais e psicológicos relevantes. Após essas avaliações, uma ou mais modalidades podem ser contra-indicadas em decorrência de doenças, distúrbios ou impossibilidades encontradas no indivíduo ou em seu meio social. Andrade12 salienta que os riscos para a saúde, particularmente, os de natureza cardiovascular, decorrentes da AF moderada são extremamente baixos e podem tornar-se ainda mais reduzidos, por uma avaliação pré-participação criteriosa, que permita a prática orientada. A prática da AF deve ser iniciada por uma fase de aquecimento, com alongamento muscular e mobilidade articular, além da execução da atividade principal em intensidade leve. O aquecimento é uma fase importante da prática de qualquer AF, pois aumenta o fluxo sangüíneo para a musculatura esquelética, melhora a ação neural e hormonal, além das questões psicológicas, o que diminui riscos de lesões, de síncopes e de desconforto. Seguindo o mesmo raciocínio, a redução progressiva da intensidade da AF para a sua finalização é igualmente importante, por prevenir a hipotensão pós-esforço. Os efeitos da prática de AF podem ser exacerbados nos idosos, pois eles apresentam mecanismos de ajustes hemodinâmicos mais lentos e, freqüentemente, utilizam medicamentos de ação cardiovascular e hormonais. Para o idoso, o programa de AF deve estar dirigido para diminuir as alterações do envelhecimento, priorizando o aumento da força muscular e a melhora do equilíbrio em relação à potência aeróbica máxima e diminuindo os efeitos deletérios do sedentarismo. Em alguns indivíduos idosos, a baixa capacidade funcional não permite a prescrição de exercícios da forma ideal. É, portanto, necessária uma fase inicial de adaptação na qual a intensidade e a duração serão determinadas em níveis abaixo dos ideais. Para idosos com baixa capacidade funcional, deve-se maximizar o contato social, reduzindo a ansiedade, o isolamento e a depressão, comuns nessa faixa etária. A prática de AF regular, nesse grupo, é recomendada para manter e/ou melhorar a densidade mineral óssea e prevenir a perda de massa óssea, assim como minimizar o processo de diminuição da força muscular, o que diminui a incidência de quedas. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 116 14/11/2007, 18:08 Cabe ressaltar que um programa de AF composto apenas de caminhada não oferece requisitos importantes na obtenção de força e de flexibilidade. Para esses objetivos, a utilização de exercícios específicos se faz necessária. As principais recomendações para a realização de uma sessão de AF estão dispostas no Quadro 7. Quadro 7 RECOMENDAÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DE UMA SESSÃO DE AF ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ Realizar somente quando houver bem-estar físico. Usar roupas e calçados adequados. Evitar o fumo e o uso de sedativos. Não realizar em jejum. Dar preferência a carboidratos antes da sua execução. Respeitar os limites pessoais, interrompendo sempre que houver dor ou desconforto. Evitar realizar em dias de extremos de temperatura e umidade. Iniciar de forma lenta e gradativa, para permitir adaptação/aquecimento. Finalizar da mesma forma, lenta e gradativa. Realizar processo de hidratação adequada antes, durante e após a mesma. 19. Idade, gênero, condições gerais de hidratação e de nutrição são aspectos relacionados a qual abordagem utilizada pelo enfermeiro na avaliação do paciente? A) B) C) D) Histórico de enfermagem. Diagnóstico de enfermagem. Plano assistencial. Prescrição de enfermagem. 20. Em relação à prática de AF, analise a situação a seguir. I. Fisicamente inativo (sedentário). II. Insuficientemente ativo. III. Fisicamente ativo. Apresentam maior risco para a saúde as alternativas: A) B) C) D) I e II. I e III. II e III. Todas as alternativas. Respostas no final do capítulo proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 117 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 117 A associação entre o tratamento medicamentoso com a prática de AF, juntamente com a adequação nutricional é um excelente instrumento terapêutico com o objetivo de se prevenir fraturas. ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 118 21. Quais parâmetros devem ser considerados para a prescrição de atividade física para promover benefício à saúde? A) B) C) D) Modo. Intensidade. Freqüência. Todas as alternativas devem ser consideradas. 22. Nos dias em que é realizada alguma atividade física, essa deve ser feita em uma sessão ou pode ser dividida em períodos curtos? A) B) C) D) Somente uma sessão, realizada de forma contínua. Somente curtos períodos, realizada de forma acumulada. Não importa o modo, pode ser realizada de forma contínua ou acumulada. Nenhum modo de execução está correto. Respostas no final do capítulo 23. Em alguns indivíduos idosos, a baixa capacidade funcional não permite a prescrição de exercícios da forma ideal. O que deve ser feito? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 24. Cite algumas das recomendações para a realização de uma sessão de AF. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 118 14/11/2007, 18:08 NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA ATUAL É apresentado no Quadro 8 o modelo do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ). Quadro 8 QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA (IPAQ) Atividades vigorosas: são aquelas que precisam de um grande esforço físico e que fazem respirar MUITO mais forte que o normal. Atividades moderadas: são aquelas que precisam de algum esforço físico e que fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal. Para responder, pense somente nas atividades que você realiza por pelo menos 10 minutos contínuos de cada vez. 1A. Em quantos dias da última semana você CAMINHOU por PELO MENOS 10 MINUTOS CONTÍNUOS em casa ou no trabalho, como forma de se locomover de um lugar para outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício? _____dias por SEMANA ( )Nenhum 1B. Nos dias em que você caminhou por PELO MENOS 10 MINUTOS CONTÍNUOS, quanto tempo no total você gastou caminhando POR DIA? _____horas ______ minutos 2A. Em quantos dias da última semana você realizou atividades MODERADAS POR PELO MENOS 10 MINUTOS CONTÍNUOS, como, por exemplo, pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar, fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim, como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade que fez aumentar MODERADAMENTE sua respiração ou batimentos do coração (POR FAVOR, NÃO INCLUA CAMINHADA). _____dias por SEMANA ( )Nenhum 2B. Nos dias em que você fez essas atividades moderadas POR PELO MENOS 10 MINUTOS CONTÍNUOS, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades POR DIA? _____horas ______ minutos 3A. Em quantos dias da última semana você realizou atividades VIGOROSAS POR PELO MENOS 10 MINUTOS CONTÍNUOS, como, por exemplo, correr, fazer ginástica aeróbica, jogar futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou cavoucar no jardim, carregar pesos elevados ou qualquer atividade que fez aumentar MUITO sua respiração ou batimentos do coração. _____dias por SEMANA ( )Nenhum Continua ➜ proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 119 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 119 ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 120 3B. Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas POR PELO MENOS 10 MINUTOS CONTÍNUOS, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades POR DIA? _____horas ______ minutos 4. Assinale das alternativas a seguir a que melhor represente o que você faz em relação à realização de atividade física. (1) Eu não faço atividade física e não tenho intenção em começar. (2) Eu não faço atividade física, mas estou pensando em começar. (3) Eu faço atividade física algumas vezes, mas não regularmente. (4) Eu faço atividade física regularmente, mas iniciei nos últimos 6 meses. (5) Eu faço atividade física regularmente há mais de 6 meses. (6) Eu fazia atividade física até 6 meses, mas agora não. PS.: Em caso de escolha da alternativa 6, escolha também outra alternativa. CASO CLÍNICO 1 Paciente do sexo masculino, 38 anos, trabalhador da construção civil. Apresenta, aparentemente, excesso de peso devido a sua compleição física. 25. Com base no caso clúnico1, apresente quais os critérios a serem avaliados em um histórico de enfermagem, relacionando-os à terapêutica clínica tradicional e à associação com aspectos das ciências dos esportes e de saúde pública. Compare sua resposta com a proposição dos autores. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ De acordo com os princípios da SAE, devem ser elaboradas as etapas relacionadas ao histórico de enfermagem. ■ Aspectos biológicos: hipertensão arterial sistêmica; diabete melito; dados antropométricos – circunferências e diâmetros corporais, dobras cutâneas; testes de flexibilidade e de força; batimento cardíaco de repouso; dados relacionados a hábitos alimentares, características de prática de AF/sedentarismo. ■ Aspectos sociais: características de moradia e de trabalho, questões de relacionamento social e familiar, tempo disponível para lazer. ■ Aspectos gerais: abordados de forma geral em consulta de enfermagem realizada em UBS. Todos os dados anteriores devem ser relacionados com as doenças/enfermidades existentes ou de risco e quais desses apresentam como fator de risco relevante à inatividade física. Somam-se a esses os aspectos sociais que se apresentam como favoráveis ou desfavoráveis para a prática de AF. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 120 14/11/2007, 18:08 CASO CLÍNICO 2 Grupo de mulheres, com idade entre 45 e 50 anos, com desequilíbrio corporal aparente (excesso de peso) associado a sedentarismo e Hipertensão arterial sistêmica. 26. Com base no caso clínico 2, apresente quais os critérios a serem avaliados para ser executado um programa de AF com enfoque nas questões clínica, social e de cidadania. Compare sua resposta com a proposição dos autores. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ Os critérios a serem avaliados são relacionados às questões de: complicações fisiológicas existentes (doenças senis ou comportamentais – diabete melito, hipertensão arterial sistêmica, cardiopatias, distúrbios musculoesqueléticos), condições fisiológicas gerais (dobras cutâneas, circunferências e diâmetros corporais, testes de força, de flexibilidade e de agilidade, além de questões relacionadas à cognição e à memória), condições sociais (relacionamento social e familiar, questões de moradia, aspectos financeiros, aspectos sociais favoráveis ou desfavoráveis para a prática de AF). Com posse de tais dados, o programa de AF deve seguir os princípios apontados pela OMS e seguidos pelo programa Agita São Paulo, com parâmetros de modo, de intensidade, de duração e de freqüência, além dos aspectos de possibilidade de oferta desse programa pela USB, com ênfase em socialização e interação social, com fortalecimento dos critérios de organizações e redes locais. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 121 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 121 ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 122 CONCLUSÃO Os tópicos abordados neste capítulo visam a instrumentalizar a prática assistencial dos enfermeiros no cuidado à população adulta na atenção básica, buscando, sobretudo, o fortalecimento dos potenciais de saúde dos indivíduos por meio da prática adequada de atividades físicas. A atualização científica apresentada pode ser aplicada tanto nas situações de atendimento individual nas consultas de enfermagem de rotina, bem como na organização de atividades educativas em grupo, como, por exemplo, os grupos de caminhada. Cabe ao profissional sistematizar sua prática, levando em conta as necessidades e interesses da população, os modos de trabalho e vida dos diferentes segmentos etários, as contribuições de outros profissionais do serviço e a busca de articulação intersetorial para garantir a perenidade de práticas de enfrentamento do sedentarismo no seu território de atuação. RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS Atividade 2 Resposta: C Comentário: Os campos de ação definidos na Carta de Ottawa incluem cinco eixos de atuação, quais sejam: elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis; criação de ambientes favoráveis à saúde; reforço para a ação comunitária; desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação dos sistemas e serviços de saúde. Atividade 3 Resposta: B; D; A; C Atividade 9 Resposta: A Comentário: A massa óssea termina seu processo de consolidação por volta dos 20 anos em ambos os sexos e começa um declínio gradual a partir dos 30-40 anos de idade. Esse declínio é de, aproximadamente, 0,5% ao ano, sendo que essa perda é muito mais acentuada (3%) em mulheres após a menopausa. Atividade 10 Resposta: D Comentário: A maturação do sistema neuromuscular ocorre por volta dos 20 a 30 anos de idade. Entre a terceira e quarta décadas de vida, ocorrem mínimas alterações na força máxima. Todavia, a partir da quinta década de vida, é observada uma redução da força máxima muscular de cerca de 10% por década. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 122 14/11/2007, 18:08 Positivos ■ ■ ■ Avaliação dos progressos Aprovação do cônjuge Baixo custo financeiro para prática Negativos ■ ■ ■ Instrução inadequada Inconveniência de tempo Problemas/distúrbios musculoesqueléticos Atividade 13 Resposta: B Comentário: O tempo mínimo da prática de AF deve ser igual ou superior a 30 minutos/dia. Ressaltase que para essa prerrogativa pressupõe-se que seja realizada AF de forma leve ou moderada e não prática esportiva ou de exercícios. Para esses, a prescrição com objetivo de promoção da saúde segue outros parâmetros. Atividade 14 Resposta: B Comentário: O mínimo de 5 dias por semana é recomendado para uma prática de atividade física regular. Essa orientação é utilizada pelo programa Agita São Paulo e apresenta como fundamentação a orientação da OMS. Atividade 16 Resposta: D Comentário: O número percentual de praticantes de atividade física, tanto na população masculina quanto na feminina, é extremamente baixo e com pouca significância estatística. Cerca de 3 em cada 4 homens brasileiros são sedentários ou insuficientemente ativos, e esses valores aumentam para cerca de 9 em cada 10 mulheres brasileiras nessa condição prejudicial. Atividade 19 Resposta: A Comentário: Idade, gênero, condições gerais de hidratação e de nutrição são aspectos clínicos do histórico de enfermagem. Atividade 20 Resposta: A Comentário: As situações de maior risco para a saúde são I e II, essas, como situações de prática inadequada de AF ou de ausência de prática. Nessa situação, ressalta-se que os possíveis riscos advindos da prática de AF em intensidade leve e moderada são infinitamente menores do que os riscos advindos da ausência de prática ou da prática inadequada e/ou insuficiente. Atividade 21 Resposta: D Comentário: Para prescrição de qualquer tipo de AF com objetivo de promoção da saúde, todos os parâmetros apontados devem ser considerados e esses devem seguir os critérios indicados pela OMS e pelo programa Agita São Paulo. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 123 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 123 Atividade 12 Resposta: ENFRENTAMENTO DO SEDENTARISMO NA ATENÇÃO BÁSICA A PARTIR DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM 124 Atividade 22 Resposta: C Comentário: A AF pode ser feita de forma contínua ou acumulada: 30 minutos seguidos; ou 3 sessões de 10min; ou 2 sessões de 15 min. REFERÊNCIAS 1 Almeida MC, Palha PF, Domingos MM, Mishima SM, Villa TC, Oba MD. A classificação internacional da prática de enfermagem em saúde coletiva no Brasil - CIPESC/ICN/ABEn e o processo de trabalho. In: Chianca TC, Antunes MJ (org.). A classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva - CIPESC - Série Didática: enfermagem no SUS. 1 ed. Brasília, DF: Associação Brasileira de Enfermagem; 1999. p. 46-56. 2 Egry EY, Car MR, Felli VE, Caetano VC, Sugano AS. O processo de trabalho da enfermagem na rede básica do SUS. In: Garcia TR, Nóbrega ML. (org.). Sistemas de Classificação da prática de enfermagem. João Pessoa: Associação Brasileira de Enfermagem / Idéia; 2000. p. 67-74. v. 1. 3 Brasil. Ministério da Saúde. Promoção da saúde: carta de Ottawa, Declaração de Adelaide, Sundsvall e Santa Fé de Bogotá. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 1996. 4 Green LW, Kreuter MW. Health promotion planning: an educational and environmental approach. Mountain View: Mayfield Publishing Company; 1991. 5 Robertson A, Minkler M. New health promotion movement: a critical examination. Health Educ Q. 1994 Fall;21(3):295-312. 6 Mendes-Gonçalves RB. Tecnologia e organização social das práticas de saúde: características tecnológicas do processo de trabalho na rede estadual de centros de saúde de São Paulo. São Paulo: HUCITEC; 1994. 7 Vasconcelos EM. Educação popular nos serviços de saúde. São Paulo: HUCITEC; 1989. 8 Cocco MI. A ideologia da enfermeira: prática educativa em saúde [dissertação]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas; 1991. 9 Westphal MF. Participação popular e políticas municipais de saúde: Cotia e Vargem Grande Paulista [tese]. São Paulo (SP): Universidade Federal de São Paulo; 1992. 10 Oshiro JH. Educação para a saúde nas instituições de saúde [dissertação]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 1988. 11 Pitanga FJ. Epidemiologia, atividade física e saúde: artigo de revisão. Rev Bras Ciên e Mov. 2002;10(3): 49-54. 12 Andrade DR. Atividade física e promoção da saúde: conhecimento e prática dos profissionais de saúde do município de São Caetano do Sul [dissertação]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2001. 13 Palma A. Atividade física, processo saúde-doença e condições sócio-econômicas: uma revisão da literatura Rev Paul Educ Fís São Paulo. 2000; 14(1):97-106. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 124 14/11/2007, 18:08 15 American College of Sports Medicine Position Stand. The recommended quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory and muscular fitness, and flexibility in healthy adults. Med Sci Sports Exerc. 1998 Jun;30(6):975-91. 16 Parsons TJ, Power C, Logan S, Summerbell CD. Childhood predictors of adult obesity: a systematic review. Int J Obes Relat Metab Disord. 1999 Nov;23 Suppl 8:S1-107. 17 Matsudo SM, Matsudo VK. Prescrição e benefícios da atividade física na terceira idade. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 1992;8(4): 29-31. 18 Macardle WD, Katch FI, Katch VL. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1998. 19 Matsudo VK. Programa Agita São Paulo. São Paulo; 1998. 20 Gomes VB, Siqueira KS, Sichieri R. Atividade física em uma amostra probabilística da população do Município do Rio de Janeiro. Cad Saúde Pública 2001; 17(4):969-76. 21 Centers for Disease Control and Prevention. Physical activity levels among children aged 9-13 years: United States, 2002. Atlanta: Centers for Disease Control and Prevention; 2002. 22 Silva RC, Malina RM. Nível de atividade física em adolescentes do Município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Pública. 2000;16(4):1091-7. 23 Pate RR, Pratt M, Blair SN, Haskell WL, Macera CA, Bouchard C, et al. Physical activity and public health. A recommendation from the Centers for Disease Control and Prevention and the American College of Sports Medicine. JAMA. 1995 Feb 1;273(5):402-7. 24 Carvalho YM. O “mito” da atividade física e saúde. São Paulo: Hucitec; 1998. 25 Barbanti VJ. Dicionário de educação física e esporte. São Paulo: Manole; 2002. 26 Matsudo SM, Matsudo VKR, Barros Neto TL. Efeitos benéficos da atividade física na aptidão física e saúde mental durante o processo de envelhecimento. Rev Bras Atividade Física e Saúde. 2000;5:60-76. 27 Seixas AM, Matsudo SM, Matsudo VK, Aandrade EI, Braggion GF. Padrão da prescrição de atividade física realizada por médicos ortopedistas brasileiros. Rev Bras Ciên e Mov. 2003;11(2): 63-9. 28 Mano GP, Marques VH, Silva CR, Silva CR. Caracterização do conhecimento sobre atividade física dos profissionais de enfermagem. RBME. 2007;13:8. 29 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa sobre padrões de vida 1996-1997. Rio de Janeiro:IBGE; 1999. 30 Horta WA. Processo de enfermagem. São Paulo: EDUSP; 1979. proenf-sa_3_Enfrentamento do sedentarismo.pmd 125 14/11/2007, 18:08 PROENF SAÚDE DO ADULTO SESCAD 125 14 Matsudo SM, Matsudo VR, Andrade DR. Physical activity promotion: experiences and evaluation of the agita são paulo program using the ecological mobile model. J Phys Act Health. 2004, 1(2): 81-7. Reservados todos os direitos de publicação à ARTMED/PANAMERICANA EDITORA LTDA. Avenida Jerônimo de Ornelas, 670 – Bairro Santana 90040-340 – Porto Alegre, RS Fone (51) 3025-2550. Fax (51) 3025-2555 E-mail: [email protected] [email protected] http://www.sescad.com.br Capa e projeto: Paola Manica Projeto gráfico do miolo: Ethel Kawa Editoração eletrônica: João Batysta N. Almeida e Barbosa Coordenação pedagógica: Magda Collin Coordenação de programa editorial: Giselle Jacques Processamento pedagógico: Marleni Matte, Giselle Jacques Revisão do processamento pedagógico: Giselle Jacques, Magda Regina S. Chaves Revisão bibliográfica: Caroline Costa Charles Secretaria editorial: Jamile Daiana C. da Luz e Priscila Amaral Planejamento e controle da produção editorial: Bruno Bonfanti Rios Gerência da produção editorial: Lisiane Wolff Coordenação-geral: Geraldo F. Huff P964 Programa de Atualização em Enfermagem: saúde do adulto (PROENF) / [organizado pela] Associação Brasileira de Enfermagem; coordenadora-geral: Carmen Elizabeth Kalinowski; diretoras cadêmicas: Jussara Gue Martini, Vanda Elisa Andres Felli. – Porto Alegre: Artmed/Panamericana Editora, 2006 160 p. ; 25cm – (Sistema de Educação em Saúde Continuada a Distância – SESCAD). ISSN: 1809-7782 1. Enfermagem – Educação a Distância. I. Associação Brasileira de Enfermagem. II. Kalinowski, Carmen Elizabeth. III. Martini, Jussara Gue. IV. Felli, Vanda Elisa Andres. CDU 616-083(07) Catalogação na publicação: Júlia Angst Coelho – CRB 10/1712 PROENF. Saúde do adulto proenf-sa_0_Iniciais e sumario.pmd 4 14/11/2007, 18:09 Associação Brasileira de Enfermagem Diretoria Presidente Francisca Valda da Silva Vice-presidente Ivete Santos Barreto Secretária-Geral Tereza Garcia Braga Primeira Secretária Ana Lígia Cumming e Silva Primeira Tesoureira Fidélia Vasconcelos de Lima Segunda Tesoureira Jussara Gue Martini Diretor de Assuntos Profissionais Francisco Rosemiro Guimarães Ximenes Diretor de Publicações e Comunicação Social Isabel Cristina Kowal Olm Cunha Diretora Científico-Cultural Maria Emília de Oliveira Diretora de Educação Carmen Elizabeth Kalinowski Coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem (CEPEn) Josete Luzia Leite Membros do Conselho Fiscal José Rocha Marta de Fátima Lima Barbosa Nilton Vieira do Amara Coordenadora-geral do PROENF: Carmen Elizabeth Kalinowski Enfermeira. Mestrado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora na Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Diretora de Educação da ABEn. Diretoras acadêmicas do PROENF/Saúde do adulto: Jussara Gue Martini Enfermeira. Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora e pesquisadora no Departamento de Enfermagem e no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segunda tesoureira da ABEn (gestão 2004–2007). Vice-coordenadora da Educativa. Vanda Elisa Andres Felli Professora Associada do Departamento de Orientação Profissional/Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP). Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn Nacional SGAN, 603. Conjunto “B” - CEP: 70830-030 - Brasília, DF Tel (61) 3226-0653 - E-mail: [email protected] http://www.abennacional.org.br proenf-sa_0_Iniciais e sumario.pmd 5 14/11/2007, 18:09