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Climatologia Da Precipitação Na Bacia Hidrográfica

Dentre os elementos do clima, a precipitação é o que mais influencia na produtividade agrícola especialmente nas regiões tropicais onde o regime de chuvas é caracterizado por eventos de curta duração e alta intensidade. Este trabalho objetivou realizar uma análise climatológica da precipitação na área da Bacia Hidrográfica do Rio Uruçuí Preto, utilizando-se a série histórica de 1960 a 1990. No diagnóstico dos dados foram utilizados totais mensais e anuais, as médias mensais e anuais do período, e os valores máximos e mínimos...

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Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 CLIMATOLOGIA DA PRECIPITAÇÃO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO URUÇUÍ PRETO–PI, BRASIL RAIMUNDO MAINAR DE MEDEIROS1*; ALEXANDRA LIMA TAVARES2; MANOEL FRANCISCO GOMES FILHO3; PAULO ROBERTO MEGNA FRANCISCO4 1,2 Doutorando em Meteorologia/PPGM, UFCG, Campina Grande - PB, Fone: (83) 2101-1055, [email protected] 3 Prof. Dr. Unidade Acadêmica de Ciências Atmosférica, UFCG, Campina Grande-PB. Fone: (83) 2101-1055, [email protected] 4 Pós-doutorando em Engenharia de Água e Solo, UFPB, Areia-PB. Fone: (83) 3362-2300, [email protected] Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’2015 15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil RESUMO: Dentre os elementos do clima, a precipitação é o que mais influencia na produtividade agrícola especialmente nas regiões tropicais onde o regime de chuvas é caracterizado por eventos de curta duração e alta intensidade. Este trabalho objetivou realizar uma análise climatológica da precipitação na área da Bacia Hidrográfica do Rio Uruçuí Preto, utilizando-se a série histórica de 1960 a 1990. No diagnóstico dos dados foram utilizados totais mensais e anuais, as médias mensais e anuais do período, e os valores máximos e mínimos absolutos da série histórica. Os resultados demonstraram que os índices pluviométricos mensais são bastante variáveis na sua distribuição espacial e temporal ao longo dos anos. O quadrimestre mais chuvoso são os meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março com totais mensais médios oscilando entre 149 a 175,9mm; os meses de maio a setembro, considerados os mais secos, seus índices pluviométricos fluem entre 1,2 a 22,4mm, apresentando uma média anual de 916 mm com 31 anos de observações; durante os 31 anos estudados os totais anuais extremos de precipitação pluviométrica foram registrados nas fazendas Paus e Cachoeiras, e os mínimos foram registrados nos municípios de Corrente e Palmeira do Piauí, estes extremos dão decorrentes dos fenômenos de larga escala atuante durante o período estudado. PALAVRAS-CHAVE: Eventos extremos, variabilidade, máxima e mínima precipitação. CLIMATOLOGY OF PRECIPITATION IN RIVER BASIN URUÇUÍ PRETO-PI, BRAZIL SUMMARY: Among the elements of climate, rainfall is what most influences in agricultural productivity especially in tropical regions where the rainfall is characterized by short-term events and high intensity. This study aimed to conduct a climatological analysis of rainfall in the area of River Basin Uruçuí Preto, using the time series from 1960 to 1990. In the diagnosis of the data were used total monthly and annual, monthly and annual averages of the period, and the maximum and minimum absolute values of the time series. The results showed that the monthly rainfalls are quite variable in its spatial and temporal distribution over the years. The wettest quarter are the months of December, January, February and March with average monthly totals ranging from 149 to 175,9mm; the months of May to September, considered the driest, your rainfall flow between 1.2 to 22,4mm, with an annual average of 916mm with 31 years of observations; during the 31 years studied the extremes total annual rainfall were recorded in Sticks and Waterfalls farms, and the minimum was recorded in the municipalities of current and Palmeira of Piauí, give these extremes resulting from large-scale phenomena active during the study period. KEYWORDS: Extreme events, variability, maximum and minimum precipitation. INTRODUÇÃO A variabilidade climática de uma região exerce importante influência nas diversas atividades socioeconômicas, especialmente na produção agrícola. Sendo o clima constituído de um conjunto de elementos integrados, determinante para a vida, este adquire relevância, visto que sua configuração pode facilitar ou dificultar a fixação do homem e o desenvolvimento de suas atividades nas diversas regiões do planeta. Dentre os elementos climáticos, a precipitação tem papel preponderante no desenvolvimento das atividades humanas, produzindo resultados na economia (SLEIMAN, 2008). Dentre os elementos do clima, a precipitação é o que mais influencia na produtividade agrícola (ORTOLANI & CAMARGO, 1987), especialmente nas regiões tropicais onde o regime de chuvas é caracterizado por eventos de curta duração e alta intensidade (SANTANA et al., 2007). Por ser um elemento essencial na classificação climática de regiões tropicais, a precipitação e sua variabilidade associada a outros elementos do clima, provoca uma flutuação no comportamento geral dos climas locais. O monitoramento do regime pluviométrico da região nos últimos anos tem mostrado que a escassez de recursos hídricos acentua os problemas socioeconômicos, em particular ao final de cada ano, com os totais pluviométricos em torno ou abaixo da média da região (Marengo & Silva DIAS, 2006). A pluviometria representa o atributo fundamental na análise dos climas tropicais, refletindo a atuação das principais correntes da circulação atmosférica. Na área da bacia hidrográfica do rio Uruçuí Preto especificamente, as chuvas são fundamentais para o bom desenvolvimento do regime dos rios perenes, córregos, riachos, níveis dos lagos e lagoas, bem como para a ocupação do solo, sendo imprescindível ao planejamento de qualquer atividade o conhecimento da sua dinâmica e uma aplicabilidade deste elemento ao setor da irrigação, agropecuária e hidrológico de acordo com Medeiros (2013). Os fatores provocadores de chuva na área da Bacia Hidrográfica do Rio Uruçuí Preto são formações de linhas de instabilidade transportadas pelos Vórtices Ciclônico do Atlântico Sul, desenvolvimento de aglomerados convectivos, proveniente do calor armazenado na superfície e transferido para atmosfera, orografia, contribuições de formação de vórtices ciclônicos de altos níveis, e as penetrações das frentes frias. Além de possuir uma distribuição pluviométrica anual irregular (916 mm) e com umidade relativa média do ar anual de 65% conforme Medeiros (2013). Dessa forma, este trabalho objetiva realizar uma análise climatológica da precipitação na área da Bacia Hidrográfica do Rio Uruçuí Preto, utilizando-se a série histórica de 1960 a 1990, que possivelmente contribuirá nas decisões de setores como a economia, a agropecuária, a irrigação e a hidrologia. MATERIAIS E MÉTODOS A Bacia Hidrográfica do Rio Uruçuí Preto (BHRUP) é drenada pelo rio Uruçuí Preto e pelos afluentes Ribeirão dos Paulos, Castros, Colheres e Morro da Água, e pelos riachos Estiva e pelo Corrente, ambos perenes. A BHRUP encontra-se preponderantemente encravada na bacia sedimentar do rio Parnaíba, constituindo-se como um dos principais tributários pela margem direita. Possui uma área total de aproximadamente 15.777 km2, representando 5% do território piauiense e abrange parte da região sudoeste, projetando-se do sul para o norte em forma de lança (COMDEPI, 2002). A área total da bacia situa-se entre as coordenadas geográficas que determinam o retângulo de 07°18’16’’ a 09°33’06’’de latitude sul e 44°15’30’’ a 45°31’11’’ de longitude oeste de Greenwich. Para a análise do comportamento climático intermunicipal da BHRUP, foram utilizados dados de precipitação adquiridos através da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE, 1990) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Piauí (EMATERPI, 2013) para o período de 1960 a 1990, que compreende 49 postos pluviométricos localizados na área de estudo. A BHRUP é formada por 49 locais entre fazendas e municípios com dados pluviométricos em uma série de 30 anos (período de 1960-1990). A temperatura máxima anual é de 32,1ºC, sua mínima anual é de 20,0ºC e a temperatura média anual de 26,1ºC. Utilizou-se da Classificação climática de acordo com os sistemas de Köppen (1928), onde se distinguem dois tipos climáticos na área de estudo, o Aw, tropical quente e úmido, com chuvas no verão e seca no inverno; BSh, semiárido quente, com chuvas de verão e inverno seco (MEDEIROS, 2013). Os regimes pluviométricos municipais possuem uma distribuição irregular espacial e temporal, que é uma característica do Nordeste brasileiro, em função disto a sua sazonalidade de precipitação concentra quase todo o seu volume durante os cinco meses no período chuvoso (SILVA, 2004). Conforme EMBRAPA (1986; 2006), as três classes mais frequentes de solos identificadas na área de estudo são os Latossolos Amarelos (predominantes na bacia), os Neossolos e Neossolos Quartzarênicos e Hidromórficos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na figura 1 observa-se o comportamento da precipitação em termos de médias mensais históricas e os valores máximos e mínimos absolutos registrados na BHRUP no período 1960-1990. A média dos totais mensais de chuva variou entre 1,2mm nos meses de julho e agosto a 175,9mm no mês de janeiro. O quadrimestre mais chuvoso são os meses de dezembro (149 mm), janeiro (175,9mm), fevereiro (162,2mm) e março (158,8mm). Os valores mínimos absolutos de chuvas ocorreram nas fazendas Lagoa Grande; São Francisco; Viração e Barreiras. Os valores máximos absolutos de ocorrências de chuvas registrados na área de estudos foram no município de Corrente e nas fazendas Caxingó; Melancia; Paus e Cachoeira, demonstrando com isto a variabilidade espacial e temporal com grandes irregularidades entre anos. O período chuvoso inicia-se no mês de outubro com chuva de pré-estação e prolonga-se até o mês de abril, o que se destaca é a frequência de irregularidade nas distribuições dos índices pluviométricos entre meses e anos. Precipitação histórica; máximos e mínimos valores observados (mm) Figura 1. Precipitação pluviométrica histórica mensal e os máximos e mínimos valores ocorridos na área da BHRUP no período 1960-1990. Precipitação climatológica 500,0 Precipitação máxima Precipitação mínima 450,0 400,0 350,0 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 meses Na Figura 2, observa-se a variação dos totais anuais das chuvas históricas para o período de 1960 a 1999 para os 49 postos pluviométricos que cobre a BHRUP, onde se pode constatar que a média anual histórica é de 916 mm com 31 anos de observações. Durante o período analisado ocorreu grande variabilidade dos totais anuais de chuva podendo esta variabilidade ser observada no município de Corrente e na fazenda Cachoeira, onde apresentaram os maiores e menores índices pluviométricos. Precipitação histórica (mm) Figura 2. Precipitação pluviométrica anual na área da bacia hidrográfica do rio Uruçuí Preto - PI no período de 1960 a 1990. 2000,0 1900,0 1800,0 1700,0 1600,0 1500,0 1400,0 1300,0 1200,0 1100,0 1000,0 900,0 800,0 700,0 600,0 500,0 400,0 300,0 Precipitação histórica Média climatológica Postos pluviométricos CONCLUSÕES Na bacia hidrográfica do rio Uruçuí Preto os índices pluviométricos mensais são bastante variáveis na sua distribuição espacial e temporal ao longo dos anos. O quadrimestre mais chuvoso são os meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março com totais mensais médios oscilando entre 149 a 175,9mm; Os meses de maio a setembro, considerados os mais secos, seus índices pluviométricos fluem entre 1,2 a 22,4mm, apresentando uma média anual de 916 mm com 31 anos de observações; Durante os 31 anos estudados os totais anuais extremos de precipitação pluviométrica foram registrados nas fazendas Paus e Cachoeiras, e os mínimos foram registrados nos municípios de Corrente e Palmeira do Piauí, estes extremos dão decorrentes dos fenômenos de larga escala atuante durante o período estudado. AGRADECIMENTOS ACAPES pela concessão de bolsa de estudo de doutorado ao primeiro autor. REFERÊNCIAS COMDEPI. Companhia de desenvolvimento do Piauí. Estudo de viabilidade para aproveitamento hidro agrícola do vale do rio Uruçuí Preto. Teresina, 2002. EMATER-PI. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Piauí. EMBRAPA. Levantamento exploratório-reconhecimento de solos do Estado do Piauí. Vol. SNLCS. Rio de Janeiro, 1986. Köppen, W.; Geiger, R. Klimate der Erde. Gotha: Verlag Justus Perthes. Wall-map 150cm x 200cm. 1928. Marengo, J.; Silva Dias, P. Mudanças climáticas globais e seus impactos nos recursos hídricos. Capitulo 3 em Águas Doces do Brasil: Capital Ecológico, Uso e Conservação, 2006, p.63-109, Eds. A. Rebouças, B., Braga e J. Tundisi. Editoras Escrituras, SP. Medeiros, R. M. Estudo agrometeorológico para o estado da Paraíba. 123p. 2013. Medeiros, R. M.; Silva, V. P. R.; Gomes Filho, M. F. Análise hidroclimática da bacia hidrográfica do rio Uruçuí Preto – Piauí. Revista de Engenharia e Tecnologia. V.5, n.4, dez/2013. Ortolani, A. A.; Camargo, M. B. P. Influência dos fatores climáticos na produção. Ecofisiologia da Produção Agrícola. Piracicaba: Potafos, 249 p.1987. Santana, M. O., Sediyama, G. C., Ribeiro, A., Silva, D. D. da. Caracterização da estação chuvosa para o estado de Minas Gerais. 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