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Astronautas poderão ser enviados a "buracos gravitacionais"
Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/09/2009
Ilustração artística, sem escala, dos caminhos entre os Pontos de Lagrange.
[Imagem: Cortesia da BBC Brasil/PA]
Marte, Lua e asteroides
As próximas etapas da exploração humana do espaço continuam como uma
incógnita. Tudo começou quando o presidente Barack Obama encomendou uma
revisão dos planos da NASA - e não se pode negar que o futuro da exploração
espacial ainda é largamente dependente do rumo que os Estados Unidos
decidam tomar, tanto isoladamente quanto em cooperação com outros países.
Até então, a volta do homem à Lua na próxima década era tida como uma
certeza. Logo depois as coisas começaram a apontar para Marte, que poderia
ser um objetivo mais promissor. Mas Marte é mais distante e os robôs têm
muito a fazer por lá ainda. Então, talvez fosse melhor pousar em um
asteroide.
Buraco gravitacional
Agora, a comissão da Casa Branca que estuda todas essas alternativas está
considerando mais uma possibilidade: Que tal mandar os astronautas para um
"buraco gravitacional," um lugar absolutamente vazio, onde não existe
nenhum corpo celeste onde se possa pousar e que fica quatro vezes mais
distante do que a Lua?
Pode parecer sem sentido à primeira vista. Mas não se atentarmos para o
fato de que esse buraco gravitacional é o chamado Ponto de Lagrange, o
ponto no espaço onde a aceleração da gravidade da Terra e do Sol são
exatamente iguais. Sem serem puxados para um lado e nem para o outro, os
objetos nesse ponto podem permanecer lá indefinidamente com um gasto quase
nulo de combustível.
Rodovia espacial
Acontece que pontos de Lagrange não são exclusividade da Terra e do Sol.
Eles existem em qualquer lugar onde a gravidade de dois corpos celestes se
anulem. Assim, existem pontos de Lagrange entre a Terra e a Lua, entre
todos os planetas e o Sol, entre os pares de planetas vizinhos, entre os
planetas e suas luas e assim por diante.
Teoricamente, uma nave poderia se movimentar pelo Sistema Solar mais
rapidamente, e com pouco consumo de combustível, se usasse as rotas entre
os diversos pontos de Lagrange, criando uma espécie de Super Rodovia
Interplanetária - veja o conceito em Super-Rodovia Interplanetária
barateará missões.
Oficina de telescópios espaciais
E isto não seria tudo quando se trata desses buracos gravitacionais.
Vejamos o caso do Ponto de Lagrange entre a Terra e o Sol conhecido como
L2. Situado a mais de um milhão de quilômetros da Terra, é para lá que
foram enviados os mais novos e poderosos telescópios já construídos pelo
homem, como o WMAP, o Herschel e o Planck.
E é justamente para lá que serão enviados todos os telescópios espaciais
que ainda estão sendo projetados.
Isto acontece porque, nesse ambiente estável, longe das perturbações
causadas pelas radiações do Sol, da Terra e da Lua, os telescópios podem
operar de forma extremamente precisa, sem estarem sujeitos a ruídos que
atrapalhem a leitura de seus instrumentos ultraprecisos.
Com tantos telescópios na região, os cientistas que assessoram a Casa
Branca acreditam que o Ponto L2 pode se transformar em uma verdadeira
oficina de telescópios espaciais, que poderiam ser consertados como o
Hubble.
Teste de tecnologias
Há justificativas também para aqueles que ainda sonham com uma viagem
tripulada a Marte. Explorar os buracos gravitacionais seria uma
oportunidade interessante para testar as tecnologias para uma viagem de
maior duração.
Uma viagem ao Ponto de Lagrange L2 levaria cerca de um mês, contra seis
meses de uma viagem a Marte. As comunicações levam apenas 4 segundos para
vir do L2 à Terra, enquanto são necessários 20 minutos para que uma
mensagem chegue de Marte.
Enquanto checam a saúde dos telescópios espaciais, os astronautas poderiam
testar sistemas de suporte de vida e de proteção contra a radiação cósmica
que serão essenciais para uma viagem a Marte.