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Pré-moldados
LANA MUHL
Resumo: Elementos pré-moldados são opções para aumentar a racionalização no
processo construtivo em alvenaria estrutural. eles associam-se a
particularidades de processos com relação à rapidez de execução, rígido
controle de qualidade, coordenação molecular de alto nível organizacional
da produção. Uma estrutura feita em concreto pré-moldado é aquela em que os
elementos estruturais, como pilares, vigas, lajes e outros, são moldados e
adquirem certo grau de resistência, antes do seu posicionamento definitivo
na estrutura. Por este motivo, este conjunto de peças é também conhecido
pelo nome de estrutura pré-fabricada. Esse artigo tem por objetivo
apresentar como é realizado o processo produtivo, quais as propriedades
mecânicas e os ensaios de resistência dos pré-moldados.
Palavras-chave: Pré-moldados.
1 Introdução.
O processo construtivo em alvenaria estrutural foi introduzido no
Brasil na década de 60 e consolidou-se nos anos seguintes com a evolução
técnica e o desenvolvimento das normas brasileiras. Este processo
construtivo atendeu, e ainda atende, com sucesso, aos desafios de construir-
se no prazo, com qualidade e com baixo custo, as casas e os edifícios
habitacionais.
A necessidade de aumentar a competitividade e a produtividade das
obras vem estimulando a industrialização da construção civil. O objetivo é
transformar a obra em um local de montagem dos sistemas, evitando-se assim
o improviso e o desperdício de materiais e tempo. O uso de componentes pré-
moldados, que são produzidos em usinas e depois transportados para a obra,
é o modo mais racional de industrializar o processo construtivo.
Os pré-moldados oferecem diversas vantagens técnicas e logísticas
quando falta espaço no canteiro. Neste caso, pode-se usar elementos
protendidos de fábrica (pré-tensão e pós-tensão), que previnem deformações
e fissuração das peças de concreto. A tecnologia atende também a uma gestão
voltada ao just in time, em que os componentes não ficam no canteiro –
chegam apenas na hora da montagem. Evita-se assim estoque de peças e mão-de-
obra ociosa.
2 Objetivos.
O objetivo do presente artigo é pesquisar e estudar para formar a base
teórica sobre os conceitos do processo produtivo dos pré-moldados, suas
propriedades mecânicas e os ensaios de resistência.
3 Desenvolvimento
A Construção Civil tem sido considerada uma indústria atrasada quando
comparada a outros ramos industriais. A razão disso está no fato de ela
apresentar, de uma maneira geral, baixa produtividade, grande desperdício
de materiais, morosidade e baixo controle de qualidade. Uma das formas de
buscar a redução desse atraso é com técnicas associadas à utilização de
elementos pré-moldados de concreto.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (1985), NBR 9062, define
elementos pré moldados como aquele que é executado fora do local de
utilização definitivo na estrutura, como controle de qualidade especificado
nesta mesma norma.
A área de pré-moldados tem se tornado alvo de investimentos de
pequenas, médias e grandes indústrias devido ao nível de procura, pois ele
proporciona facilidade e rapidez à construção.
3.1 Processo produtivo.
A produção dos elementos estruturais de concreto pré-moldado envolve
desde a etapa de execução dos elementos até a sua disposição final na obra,
com suas respectivas ligações. A execução dos elementos pré-moldados pode
ser dividida em três fases: atividades preliminares, execução propriamente
dita e atividades posteriores, englobando as seguintes etapas:
Atividades preliminares:
Preparação dos materiais: nesta fase ocorre a dosagem do concreto e a
preparação das armaduras, como corte e dobramento das barras de aço;
Transporte dos materiais ao local de trabalho: ocorre o transporte do
concreto e das armaduras até as fôrmas.
Execução propriamente dita:
Preparação da fôrma e da armadura: envolve a limpeza da fôrma e
aplicação de óleo desmoldante, colocação da armadura e aplicação de
cargas de protensão, quando for o caso de concreto protendido;
Moldagem: lançamento do concreto nas fôrmas e realização de
adensamento mecânico;
Cura do concreto: período em que o concreto permanece na fôrma para
adquirir a resistência de desfôrma;
Desmoldagem: é a etapa que envolve a retirada dos elementos de suas
fôrmas. Atividades posteriores:
Transporte interno: é o transporte do elemento do local de moldagem
até o local de armazenamento;
Acabamentos finais: envolve atividades de investigação e reparo de
alguns detalhes, como por exemplo, bolhas que ficam expostas após a
concretagem;
Armazenamento: período no qual os elementos permanecem na fábrica até
serem enviados à obra.
Figura 1 Fluxograma de Produção de Elementos em Concreto Armado.
Durante o processo de produção, a execução das peças de concreto
podem ser feitas em fôrmas estacionárias ou móveis. A execução em fôrmas
estacionárias corresponde àquela em que as atividades se desenvolvem em
torno das fôrmas, que permanecem na mesma posição desde a concretagem até a
desmoldagem.
O adensamento tem como objetivo obrigar o concreto a preencher os
vazios formados durante a operação de lançamento, eliminando as locas e
retirando o ar aprisionado. Os processos de adensamento podem ser manuais e
mecânicos. O adensamento manual é o modo mais simples e antigo e consiste
em facilitar a colocação do concreto na forma mediante golpes na massa com
uma haste (vergalhão), ou por apiloamento da superfície com soquetes. O
adensamento mecânico usualmente é feito através de vibradores de imersão e
apresenta várias vantagens sobre o adensamento manual: - aumento da
compacidade - aumento da resistência - maior homogeneidade - economia de
cimento e mão-de-obra - diminuição da retração - redução da permeabilidade
- aumento da durabilidade.
A execução em fôrmas móveis é caracterizada pela movimentação das
fôrmas, onde as diversas etapas do processo são realizadas em estações por
equipes estacionárias (produção seriada). A Figura número dois ilustra um
esquema para execução de painéis com fôrma móvel.
Figura 2 Execução De Painéis Com Fôrma Móvel.
Durante a produção, as fôrmas determinam a forma, a qualidade e a
produtividade do processo. Espera-se que as fôrmas apresentem as seguintes
qualidades: estabilidade volumétrica, com pouca variação das dimensões de
projeto; possibilidade de reutilização, reduzindo custos; fáceis de serem
manuseadas; apresentar pouca aderência com o concreto e fácil limpeza;
facilidade de desmoldagem; estanqueidade, evitando perda da nata de
cimento; versatilidade, possibilitando seu uso em várias seções
transversais. As fôrmas de concreto pré-moldado necessitam apresentar boa
versatilidade, reduzindo custos e dinamizando a produção.
As fôrmas podem ser de madeira, aço ou alumínio. podem ou nao ser
revestidas com chapas metálicas, de fibra, plástico ou outros materiais.
elas devem proporionar fácil desmoldagem sem danificar o elemnto
concretado, para isso são usados produtos anti-aderentes que deverao ser
aplicados antes da colocação da moldura. esse anti-aderentes não deverão
exercer qualquer ação quimica sobre o concreto.
O cimento mais indicado para peças pré-moldadas são CPV-ARI e o CP
I(composto), pois ambos proporcianam elevadas resistências iniciais.
Atualmente o uso dos cimentos coloridos e de cor branca está em alta,
devido ao aumento da participação de arquitetos no desenvolvimento de
sistemas pré-moldados.
Logo após a concretagem procedimentos de cura devem ser adotados com
a finalidade de evitar a evaporação prematura da água necessária à
hidratação do cimento. A este conjunto
de procedimentos dá-se o nome de "cura" do concreto. A cura além de
promover e proteger a perfeita hidratação do cimento, evita também o
aparecimento de fissuras devidas a retração.
Na obra, a cura do concreto pode ser feita pelos seguintes métodos:
Manutenção das superfícies do concreto constantemente úmidas, através de
irrigação periódica (ou até mesmo por inundação do concreto), após a pega;
recobrimento das superfícies com sacos de aniagem, areia, palha, sacos de
cimento mantidos constantemente úmidos; Aplicação de aditivos (agente de
cura).
3.2 Propriedades mecânicas e ensaios de resistência.
A resistência é geralmente considerada a propriedade fundamental do
concreto pois ele dá, normalmente, uma indicação geral da qualidade do
mesmo. Devido a variedade de fatores que interferem na preparação,
transporte, lançamento e cura do concreto, sua resistência mecânica
apresenta grande variação.
Os ensaio mais comuns são os de compressão uniaxial e tração
indireta, como, por exemplo, o de compressão diametral, em virtude da
dificuldade de se realizar o ensaio de tração direta, pela introdução
acidental de momento gerado pela excentricidade da força aplicada. A
resistência à compressão do concreto é avaliada por meio de ensaios de
corpo-de-prova cujas moldagens, cura, preparos e ensaios são especificados
por normas.
No Brasil, a resistência do concreto à compressão é estudada por meio
de ruptura de corpos de prova cilíndricos (diâmetro de 15 cm e altura de 30
cm), em ensaios de curta duração realizados em laboratórios. Os corpos de
prova são moldados de acordo com o método MB 2 (NBR 5738) e rompidos
conforme o método MB 3 (NBR 5739).
Se foi amassado um volume de concreto e deste volume for retirada uma
amostra de "n" corpos de prova que serão rompidos, poder-se-á tabular os
resultados de resistência à compressão e poder-se-á traçar o polígono de
freqüências. À medida que aumenta a quantidade de corpos de prova o
polígono de freqüência se aproxima da curva de Gauss.
Isso significa que a resistência à compressão do concreto é uma
variável aleatória contínua que obedece à distribuição normal, e sendo
assim, teremos:
Onde:
fc28 = média aritmética das resistências dos n corpos de prova =
resistência média do concreto à compressão aos 28 dias de idade
n = número de corpos de prova ensaiados
fci = resistência à compressão de cada corpo de prova
sd = desvio padrão do lote ensaiado
fc28 = fci /
Os ensaios para determinação da resistência do concreto são feitos
com velocidade constante de aplicação de força na maquina de ensaio. Com
isso, o ensaio demora poucos minutos. O resultado tem a finalidade de,
portanto, controlar a resistência do concreto. Na estrutura real, as ações
permanentes vão atuando a medida que a obra vai sendo construída. As ações
variáveis normais atuam quando a obra estiver concluída; a estrutura,
então, entra em serviço, isto é, começa a ser usado, um exemplo é um
edifício quando começa a ser habitado.
4 Conclusão
De acordo com o que foi apresentado neste trabalho pode-se concluir
que a utilização de artefatos de concreto pré-moldado é de grande
importância para a construção civil.
Este é o ramo da construção civil que mais tem crescido, devido aos
altos investimentos advindos das indústrias, que tem aumentado
exponencialmente ao longo dos anos.
Dentre inúmeras vantagens que encontra-se no sistema podemos destacar
a rapidez, com a construção horizontal das paredes, a ausência de colunas e
fundações simplificadas. É fácil observarmos o benefício financeiro que
representa uma obra entregue em tempo muito menor. Qualidade , concreto
armado, construído em condições que permitem maior controle e
homogeneidade, acabamento e tratamentos específicos para cada indústria,
piso padrão superior, coberturas em sistemas avançados. Economia , não é
necessário o uso de calculadora para saber o significado de custo zero em
pilares e vigas laterais, além da significativa economia em fundações e
maior velocidade de construção. Segurança, as paredes são moldadas no
nível do piso, eliminando formas verticais, significando maior segurança
para a equipe de construção, e maior segurança de qualidade homogênea.
Versatilidade , na confecção de paredes, na inclusão de sistemas especiais,
na aplicação de coberturas sofisticadas. Durabilidade, muitos edifícios
construídos na década de 50, mostram poucos sinais de idade, mesmo após
meio século de vida.
Referências
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