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Apostila Do Prof. Orlando (erro De Proibição, Coação Moral Irresistível B2))

Erro de proibição e coação moral irresistivel - Direito Penal

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7. Erro de proibição (art. 21, CP). 7.1. Conceito: ocorre quando o sujeito supõe, por erro, que seu comportamento é lícito. O sujeito, embora agindo com vontade (dolosamente), atua por erro quando à ilicitude de seu comportamento, que afasta, assim, a reprovabilidade de sua conduta e exclui a culpabilidade. O erro, entretanto, só é justificável quando o sujeito não tem condições de conhecer a ilicitude de seu comportamento. 7.2. Natureza jurídica: o erro de proibição é causa de exclusão da culpabilidade, por impossibilidade de conhecimento da ilicitude. 7.3. Desconhecimento da lei e erro de proibição: havendo desconhecimento da lei, o agente responde pelo crime, ou seja, a simples alegação de que não sabia que fumar maconha ou furtar é proibido, não exclui a culpabilidade (art. 21, 1ª parte, CP). Contudo, a ausência de possibilidade de conhecimento da ilicitude do fato, ou seja, a impossibilidade de conhecer a regra de proibição pode desculpar (art. 21, 2ª parte, CP). 7.4. Espécies de erro de proibição: a) inevitável: o agente não tinha como conhecer a ilicitude do fato, em face das circunstâncias do caso concreto. Consequência: se não tinha como saber que o fato era ilícito, inexistia a potencial consciência da ilicitude, de forma que esse erro exclui a culpabilidade e o agente fica isento de pena; b) evitável (art. 21, parágrafo único, CP): embora o agente desconhecesse que o fato era ilícito, tinha condições de saber, dentro das circunstâncias, que contrariava o ordenamento jurídico. Consequência: se ele tinha possibilidade, isto é, potencial para conhecer a ilicitude do fato, possuía a potencial consciência da ilicitude. Logo, a culpabilidade não será excluída. O agente não ficará isento de pena, mas terá direito a uma redução de pena de 1/6 a 1/3. 7.5. Descriminantes putativas por erro de proibição: o sujeito avalia equivocadamente os limites da norma que autoriza agir acobertado por uma causa de exclusão da antijuridicidade. Por exemplo: um sujeito por ter sido agredido e esbofeteado, se supõe em legítima defesa. Ele sabe, entretanto, que a agressão já cessou, que seu agressor já está de costas, indo embora, mas supõe que, por ter sido humilhado, pode agredir por trás, lesionando o sujeito. Imagina, por erro, a existência de uma causa de exclusão de antijuridicidade, que, na verdade, não se apresenta. Neste caso, o agente responderá pelo resultado com pena reduzida, se o erro for evitável, ou ficará isento de pena, se inevitável. 7.6. Diferença do erro de proibição com o erro de tipo: neste, o agente "não sabe o que faz", enquanto no erro de proibição, o agente "sabe o que faz", mas acredita que não é contrário à ordem jurídica. O erro de tipo exclui o dolo. E exclui também o crime, salvo se o fato for punível a título de culpa. O erro de proibição não exclui o dolo nem o crime, mas pode excluir a culpabilidade, e, em conseqüência, a pena. 8. Coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte, CP). 8.1. Natureza jurídica: é causa de exclusão da culpabilidade pela inexigibilidade de conduta diversa. 8.2. Conceito de coação: é o emprego de força física ou de grave ameaça, para que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa. 8.3. Espécies de coação: a) coação física (vis absoluta): consiste no emprego de força física. b) coação moral (vis relativa): consiste no emprego de grave ameaça. 8.4. Espécies de coação moral: a) coação moral irresistível: o coato (coagido) não tem condições de resistir; b) coação moral resistível: o coato (coagido) tem condições de resistir. 8.5. Consequências da coação: a) coação física irresistível: exclui a conduta. O fato passa a ser atípico, pois não há conduta voluntária por parte do coagido. O coator é quem responde pelo crime; b) coação moral irresistível: há crime, pois mesmo sendo grave a ameaça fica um resquício da vontade, mas o agente não será culpável, por inexigibilidade de conduta diversa. O coator é quem responde pelo crime (art. 22, CP); c) coação moral resistível: há crime e o agente é culpável, uma vez que, sendo resistível a ameaça, era exigível conduta diversa. Neste caso, coator e coato respondem pelo crime. 9. Obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte, CP). 9.1. Conceito: é a obediência à ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico, que afasta a exigência de conduta diversa. 9.2. Natureza jurídica: é causa de exclusão da culpabilidade pela inexigibilidade de conduta diversa. 9.3. Requisitos: a) um superior (autoridade ou funcionário público); b) um subordinado (autoridade ou funcionário público); c) subordinação hierárquica: deve existir uma relação administrativa entre quem dá a ordem e quem a recebe; d) ordem formal: não basta uma solicitação, pedido, requerimento ou sugestão. É necessário que exista uma ordem, uma imposição, uma exigência; e) ordem não manifestamente ilegal: a ordem não pode ser flagrantemente, visivelmente ilegal; apesar de ilegal, deve aparentar legalidade; f) obediência estrita: se o agente vai além do determinado pelo superior, responderá pelo excesso. Por isso, deve obedecer exatamente àquilo que lhe foi determinado. 9.4. Conceito de ordem de superior hierárquico: é a manifestação de vontade do titular de uma função pública a um funcionário que lhe é subordinado, no sentido de que realize uma conduta. 9.5. Espécies de ordem e suas consequências: a) legal: nenhum crime comete o subordinado (nem o superior), uma vez que se encontra no estrito cumprimento de dever legal; b) manifestamente ilegal: respondem pelo crime o superior e o subordinado; c) não manifestamente ilegal: se o subordinado não tinha como se opor à ordem em decorrência das consequências que podem advir do sistema de disciplina e hierarquia a que está submetido, exclui-se a culpabilidade pela inexigibilidade de conduta diversa.